País tem 9ª semana consecutiva de fluxo negativo

São Paulo – O Brasil voltou a registrar fortes saídas de recursos na semana passada, a nona consecutiva de fluxo negativo, um dos fatores a sustentar o dólar perto de máximas históricas, acima de R$ 4,16.
Entre 7 e 11 de outubro, as saídas de moeda estrangeira superaram as entradas em US$ 3,186 bilhões, depois de uma debandada de US$ 4,083 bilhões na semana anterior (de 30 de setembro a 4 de outubro), conforme dados do Banco Central divulgados ontem. No acumulado de nove semanas, o País perdeu, em termos líquidos, US$ 17,788 bilhões.
O saldo negativo da semana passada foi ditado pela conta financeira – por onde circula dinheiro para renda fixa, ações, investimento produtivo e tomada e pagamento de dívidas, por exemplo.
Essa linha ficou deficitária em US$ 3,646 bilhões. Na conta comercial (exportação menos importação), o fluxo ficou positivo em US$ 461 milhões.
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Um dos temas mais comentados no mercado para justificar as saídas de recursos é a dinâmica de pré-pagamento de dívida por empresas brasileiras a credores no exterior.
A queda da Selic a sucessivas mínimas recordes reduziu o custo de captação de recursos no mercado local. Com isso, muitas empresas com dívidas em moeda estrangeira decidiram antecipar pagamentos dessas obrigações para se financiarem em reais. Esse movimento gera fluxo cambial negativo, o que exerce pressão de alta para o dólar.
A antecipação de pagamento de dívida pelas empresas é reconhecida pelo Banco Central e, no fim de setembro, o presidente da instituição, Roberto Campos Neto, disse que grande parte do movimento de pré-pagamento de dívida corporativa já havia sido feito.
Porém, o fluxo segue negativo, e o dólar continua pressionado. As saídas de dólares do Brasil têm persistido em 2019, com déficit de US$ 19,829 bilhões no acumulado do ano. No mesmo período de 2018, o fluxo estava positivo em US$ 20,311 bilhões.
No acumulado de 12 meses, o saldo negativo alcança US$ 32,008 bilhões, o pior número desde agosto de 1999 (-40,680 bilhões de dólares). (Reuters)
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