Finanças

PIB brasileiro deve crescer 2,3% neste ano

Ministério da Fazenda revisou para baixo as estimativas sobre o desempenho da economia em 2025
PIB brasileiro deve crescer 2,3% neste ano
Ministério da Fazenda projeta inflação de 4,8% | Foto: Adriano Machado / Reuters

Brasília – O Ministério da Fazenda revisou para baixo as projeções de crescimento do País e da inflação neste ano, em meio à política restritiva de juros do Banco Central, informou nesta quinta-feira (11) a Secretaria de Política Econômica (SPE). Para 2026, as estimativas foram mantidas.

Segundo boletim da SPE, a previsão para o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro caiu de 2,5%, em julho, para 2,3% neste ano. Para 2026, foi mantida em 2,4%.

“A revisão está relacionada ao resultado abaixo do esperado do PIB do segundo trimestre em comparação com o projetado em julho, repercutindo canais potentes de transmissão da política monetária ao crédito e à atividade”, afirmou a SPE em nota.

De acordo com a pasta, a economia tem mostrado sinais de desaceleração, com moderação no ritmo de crescimento do crédito e tendência de arrefecimento da expansão da massa salarial, apesar do nível baixo de desemprego.

Na semana passada, após a divulgação do PIB do segundo trimestre, a secretaria já havia indicado um “leve viés de baixa” na estimativa de 2,5% para 2025.

Tarifaço

A SPE projetou que a tarifa de importação de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros deve gerar um impacto de 0,2 ponto percentual no PIB do País entre agosto deste ano e dezembro de 2026.

Em nota, a pasta avaliou que o efeito sobre empregos, quando analisada a proporção de trabalhadores atingidos, deve ser mais forte nos setores de cimento e minerais não metálicos; máquinas, eletrônicos e móveis; produtos de metal; químicos e farmacêuticos; madeira e papel; metalurgia; e têxteis e vestuário.
“Embora as tarifas tenham impacto setorial relevante, afetam pouco o agregado da economia e ainda menos quando consideradas as compensações do Plano Brasil Soberano”, afirmou o órgão, em referência ao programa de apoio do governo a setores impactados.

A secretaria ponderou que as estimativas não incorporam choques de confiança, aumento da volatilidade financeira ou deterioração das condições de crédito.

“Caso esses efeitos fossem considerados, os impactos negativos sobre crescimento, investimento e inflação poderiam ser maiores”, disse.

Inflação

A Fazenda passou a projetar alta de 4,8% para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) neste ano, ante 4,9% na previsão de julho. Para 2026, a estimativa segue em 3,6%, com expectativa de convergência para o centro da meta de 3% a partir de 2027.

Segundo a SPE, a perspectiva de inflação menor reflete efeitos defasados da valorização do real, menor pressão de preços no atacado agropecuário e industrial e um “excesso de oferta de bens em escala mundial como reflexo do aumento nas tarifas comerciais”.

A taxa básica de juros foi mantida pelo Banco Central em 15% ao ano, o maior nível em duas décadas. A autoridade monetária prevê que a Selic permanecerá nesse patamar por período prolongado, como forma de levar a inflação à meta, citando a desaceleração da atividade como fator determinante. O Comitê de Política Monetária (Copom) volta a se reunir na próxima semana.

Déficit primário é estimado em R$ 69,9 bilhões

Economistas consultados pelo Ministério da Fazenda melhoraram as previsões para o resultado primário do governo em 2025, mas passaram a ver piora em 2026, embora ainda projetem cenário mais favorável para a dívida pública bruta nos dois anos, mostrou nesta quinta, o relatório Prisma Fiscal de setembro.
As expectativas apontam agora que o resultado primário em 2025 seja um saldo negativo de R$ 69,99 bilhões, contra déficit de R$ 70,877 bilhões na projeção anterior. Para 2026, a previsão passou a ser de déficit de R$ 81,826 bilhões, ante R$ 81,064 bilhões estimados em agosto.

O governo tem como meta alcançar déficit zero em 2025 e superávit de 0,25% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2026. Em ambos os casos, há uma margem de tolerância de 0,25 ponto percentual do PIB em relação ao centro da meta.

A pesquisa também mostrou que a expectativa mediana é de que a dívida bruta do governo geral chegue a 79,74% do PIB ao final de 2025, abaixo dos 79,80% previstos em agosto. Para 2026, a projeção é de 83,80% do PIB, ante 83,87% no mês anterior.

Do lado da arrecadação, a receita líquida do governo central teve expectativa mediana ampliada. Para 2025, a projeção subiu para R$ 2,325 trilhões, contra R$ 2,323 trilhões em agosto. Em 2026, o valor estimado passou a R$ 2,499 trilhões, ante R$ 2,491 trilhões no mês anterior.

Na frente das despesas, houve revisão para cima nas estimativas do governo central: R$ 2,396 trilhões em 2025, contra R$ 2,395 trilhões antes, e R$ 2,589 trilhões em 2026, frente a R$ 2,577 trilhões em agosto.
O mercado tem demonstrado preocupação com a capacidade do governo de melhorar a trajetória das contas públicas, enquanto a política de juros elevados pelo Banco Central encarece o custo da dívida.

Reportagem distribuída pela Reuters

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