Piloto do Drex testa operações com imóveis e veículos; saiba quais

Brasília – Operações com imóveis, negociações de veículos e transações com ativos do agronegócio são alguns dos 13 temas selecionados para a segunda fase de testes do piloto do Drex – o real digital em desenvolvimento pelo Banco Central (BC). Na próxima etapa, a ideia é testar a implementação de serviços financeiros, disponibilizados por meio de contratos inteligentes – criados e geridos por terceiros participantes da rede.
Segundo representantes das empresas que participam dos testes, essa nova fase tem como foco trabalhar com casos de uso que possam impactar a vida cotidiana das pessoas, enquanto a primeira etapa dava maior ênfase à tecnologia em si.
“Partimos do que podemos construir que seria aplicável no dia a dia dos nossos clientes e quais são as limitações e as oportunidades que teremos com a atual estrutura proposta”, afirma o gerente-executivo de tecnologia do Banco do Brasil, Julierme de Souza.
O BB terá participação em duas temáticas: transações com imóveis e crédito colateralizado (empréstimo com garantia) em Certificado de Depósito Bancário (CDB).
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As transações com imóveis vão desde uma simples transferência de compra e venda até operações mais complexas, como o financiamento de um imóvel que já é financiado -procedimento chamado no mercado de quitação com interveniente quitante.
Além do BB, também estão envolvidos nessa proposta a Caixa Econômica Federal (em parceria com Elo e Microsoft) e o consórcio SFCoop (Sistema Financeiro Cooperativista), que reúne cooperativas como Ailos, Cresol, Sicoob, Sicredi e Unicred.
A expectativa é que, por meio de contratos inteligentes, as etapas desse processo possam ser automatizadas. Na negociação de compra de uma casa, por exemplo, isso significa automatizar a transferência de recursos entre o comprador e o vendedor do imóvel, assim como a mudança de titularidade desse bem.
“A intenção é tornar os passos dessas jornadas mais rápidos, mais fluidos e, de certa forma, mais automatizados”, diz o executivo de TI do BB. “O grande desafio que vamos ter é que a governança da construção dos contratos vai ser descentralizada”, acrescenta.
No caso do crédito colateralizado, o plano é fazer uma operação cruzada, na qual um cliente (seja pessoa física ou jurídica) toma um empréstimo em um banco utilizando como garantia um CDB tokenizado (ou seja, digitalizado) emitido por outra instituição. Hoje, esse tipo de operação está mais centralizado dentro de uma mesma instituição.
Essa proposta envolve também o Itaú e o Bradesco (incluindo Nuclea e Setl), além do BB. “Ao experimentar esses casos de uso com o Drex, a gente vai ter também a possibilidade de avaliar quais deles poderiam se tornar negócios no médio prazo”, diz Souza. “A nossa percepção é que o Drex possa se tornar realidade em mais ou menos dois anos”, prevê.
A “criptonativa” MB (Mercado Bitcoin) vai atuar em outras quatro propostas de desenvolvimento do Drex aceitas pelo BC: crédito colateralizado em títulos públicos, piscina de liquidez para negociação de títulos públicos, operações com ativos do agronegócio e transações com ativos em redes públicas.
Tokenização
Segundo Fabrício Tota, diretor de Novos Negócios do MB, há uma demanda de mercado de tokenização do agronegócio brasileiro, e a ideia da corretora é emitir um novo ativo financeiro lastreado em ativos desse setor, como títulos de crédito com base em produção, safras, propriedades ou recebíveis.
“A ideia é entender qual é esse ativo, o que a gente precisa em relação à interlocução com a CVM (Comissão de Valores Mobiliários), o que consegue criar de estrutura para atrair mais liquidez e ter melhor formação de preços para ativos do agronegócio”, diz. “.
Reportagem distribuída pela Folhapress
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