Finanças

Desafios do orçamento: veja como se planejar para começar 2026 no azul

Com juros elevados e endividamento recorde, especialistas recomendam priorizar quitação de dívidas e planejamento financeiro
Desafios do orçamento: veja como se planejar para começar 2026 no azul
Crédito: Reprodução Adobe Stock

O fim de 2025 concentra uma combinação conhecida no orçamento das famílias: consumo pressionado pelas festas de fim de ano, viagens e despesas obrigatórias já no radar de janeiro. Com orçamento limitado e despesas extras, é importante que as famílias adotem estratégias de organização para que o início de 2026 não se transforme em um período de estresse financeiro, que pode se arrastar por todo o ano.

Segundo levantamento da Serasa, o Brasil vai encerrar 2025 com mais de 80 milhões de pessoas endividadas, o maior patamar da série histórica. A predominância segue nos débitos bancários, especialmente cartão de crédito, cheque especial e empréstimos pessoais, modalidades com juros mais elevados e impacto direto sobre a renda mensal.

Para a economista Cilene Cardoso, professora da Universidade São Judas, a organização das finanças em 2026 passa, necessariamente, pela definição de prioridades. Segundo ela, o primeiro passo é identificar dívidas mais onerosas e direcionar os recursos disponíveis, incluindo eventuais sobras de renda do 13° terceiro após gastos de fim de ano, como Natal, Réveillon, matrícula e material escolar, para quitá-las ou renegociá-las. “Com a taxa Selic ainda em patamar elevado, o custo dessas dívidas cresce rapidamente. Postergar pagamento significa ampliar o valor devido em pouco tempo”, afirma.

A renegociação aparece como alternativa relevante para quem não consegue quitar os débitos à vista. Mutirões promovidos por instituições financeiras e empresas de crédito oferecem redução de valores, descontos em juros e alongamento de prazos, o que ajuda a reorganizar o fluxo de caixa mensal e reduzir o risco de inadimplência ao longo do ano.

Ano novo, gastos antigos

No período de janeiro e fevereiro concentram-se despesas recorrentes que impactam diretamente o orçamento, como IPVA, IPTU, reajustes de mensalidades escolares e contratos de serviços. Para o economista e educador financeiro Leonardo Baldez Augusto, fundador do ISF Crédito Orientado, o problema não está na existência dessas obrigações, mas na ausência de planejamento prévio. “São despesas previsíveis. Quando o consumidor chega a esse período sem reserva ou com dívidas acumuladas, o impacto se transforma em estresse financeiro e inadimplência”, afirma.

Segundo Baldez, revisar contratos, cortar gastos recorrentes como assinaturas de serviços,e antecipar compras essenciais são formas de reduzir a pressão no caixa logo no início do ano. Ele também defende a criação de uma reserva emergencial, mesmo que modesta, como forma de amortecer imprevistos e evitar o uso de crédito caro.

Mudanças de hábitos de consumo são pontos-chave

Além do curto prazo, especialistas apontam a importância de estruturar o planejamento ao longo de 2026. A educadora financeira e mentora internacional Alexia Waagmeester destaca que organização financeira não se resume a pagar contas, mas envolve compreender o próprio comportamento de consumo e revisar estratégias periodicamente.

Para ela, mapear padrões financeiros, definir limites de risco e estabelecer revisões trimestrais do orçamento são medidas que aumentam a capacidade de adaptação diante de mudanças no trabalho, na renda ou nas despesas familiares.“Sem diagnóstico comportamental, qualquer estratégia vira ilusão numérica”, diz.

Outro conselho da profissional é a criação de reservas segmentadas: uma para emergências, outra para transições de vida (como reenquadramentos profissionais, mudanças familiares, estudos ou recomeços) e outra para oportunidades.

A reorganização financeira em 2026 também passa pela distinção entre poupar e investir. Especialistas reforçam que poupar garante liquidez e segurança, enquanto investir busca retorno no médio e longo prazo, de acordo com perfil e objetivos. Para quem consegue colocar as contas em dia, direcionar parte dos recursos para uma reserva ou para investimentos diversificados pode ampliar a estabilidade financeira ao longo do ano.

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