Finanças

Poupança tem captação recorde em julho

Poupança tem captação recorde em julho
Crédito: Divulgação

Brasília – A caderneta de poupança registrou entrada líquida de R$ 27,144 bilhões em julho, recorde para o período na série do Banco Central (BC) iniciada em 1995, dando sequência a resultados mensais históricos que têm sido atingidos desde março.

Em julho, os depósitos superaram os saques em R$ 22,363 bilhões no Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), informou o BC ontem. Já na poupança rural, houve entrada de R$ 4,781 bilhões em julho.

Nos sete primeiros meses do ano, a captação líquida da poupança chegou a R$ 111,579 bilhões, recorde para o período, contra saída de R$ 16,105 bilhões no acumulado de janeiro a julho de 2019.

A forte entrada de recursos na poupança passou a ser um elemento no radar do Banco Central. No início de julho, o diretor de Política Econômica da autarquia, Fabio Kanczuk, destacou que a preocupação do BC quanto ao limite mínimo para os juros básicos estava mais ligada à indústria de fundos e realocação grande para a poupança, o que poderia gerar outras ineficiências econômicas.

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Por volta de maio, as discussões sobre um limite para os juros estavam mais associadas a uma preocupação com o que poderia acontecer com o câmbio e seus efeitos sobre a economia, disse ele.

Por sua vez, o diretor de Política Monetária do BC, Bruno Serra, reconheceu que a poupança tem atraído investimentos por sua rentabilidade em meio à queda substancial dos juros no País, ao passo que os fundos de mais baixo risco têm ficado com rentabilidade muito similar à da tradicional caderneta, o que constitui um desafio para o sistema. Serra frisou que a indústria de fundos precisará se reinventar.

Ao mesmo tempo, o diretor questionou se haverá demanda no direcionamento de poupança para todo o volume que está sendo captado. Segundo Serra, essa é outra ótica que passou a ser colocada pelo BC mais recentemente, mas que ainda não havia representado uma restrição para a decisão de política monetária.

Atualmente, os bancos têm que direcionar um percentual obrigatório de 65%, no mínimo, das captações em poupança para operações de financiamento imobiliário.

Selic – Na quarta-feira, quando cortou a Selic em 0,25 ponto a nova mínima histórica de 2%, o BC sinalizou que, devido a questões prudenciais e de estabilidade financeira, o espaço remanescente para utilização da política monetária, se houver, deve ser pequeno. O BC não detalhou, em seu comunicado, quais eram essas questões prudenciais.

A poupança tem registrado fortes captações em meio à bilionária liberação de recursos pelo governo no âmbito do auxílio emergencial. Até o momento, já foram pagos R$ 167,6 bilhões nessa frente, de um total de R$ 254,4 bilhões previstos com o auxílio durando cinco meses, conforme painel de monitoramento do Tesouro.

A nova realidade de juros básicos no País também tem feito a poupança, que é isenta de Imposto de Renda, tornar-se uma alternativa mais simples de investimento na comparação com alternativas tradicionais da renda fixa que são referenciadas na Selic, mas pagam impostos.

Isso tem ocorrido a despeito do baixo rendimento da poupança. Por lei, toda vez que a Selic for igual ou inferior a 8,5%, a remuneração da poupança passa a ser de 70% da Selic acrescida da Taxa Referencial (TR), que atualmente está zerada.

Atualmente, isso coloca a remuneração da poupança em 1,4% em 12 meses. (Reuters)

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