Poupança tem saque líquido recorde

Brasília – A caderneta de poupança registrou saque líquido de R$ 11,007 bilhões em outubro, valor recorde para o mês, em um cenário de juros elevados que reduz a competitividade da aplicação frente a outros investimentos, mostraram dados do Banco Central ontem.
O volume de retiradas foi maior do que o resultado negativo de R$ 7,430 bilhões no mesmo mês de 2021.
O rombo foi registrado mesmo diante dos pagamentos pelo governo federal de benefícios sociais turbinados neste ano eleitoral. Repasses como o adicional do Auxílio Brasil, o complemento do Auxílio Gás e benefícios a caminhoneiros e taxistas foram iniciados em agosto.
Do total do mês, os saques superaram os depósitos no Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) no valor de R$ 9,426 bilhões. Já na poupança rural, as saídas líquidas foram de R$ 1,580 bilhão.
O conteúdo continua após o "Você pode gostar".
Com o resultado, a caderneta de poupança acumula um saque líquido de R$ 102,077 bilhões entre janeiro e outubro deste ano, recorde da série. Em todo ao ano de 2021, o dado ficou negativo em R$ 35,497 bilhões.
Em 2020, a poupança tinha registrado captação líquida (depósitos menos saques) recorde de R$ 166,31 bilhões. Contribuíram para o resultado a instabilidade no mercado de títulos públicos no início da pandemia de Covid-19 e o pagamento do auxílio emergencial, depositado em contas poupança digitais da Caixa Econômica Federal.
No ano passado, a poupança tinha registrado retirada líquida de R$ 35,5 bilhões. A aplicação foi pressionada pelo fim do auxílio emergencial, pelos rendimentos baixos e pelo endividamento maior dos brasileiros.
Rendimento – Até recentemente, a poupança rendia 70% da Taxa Selic. Desde dezembro do ano passado, a aplicação passou a render o equivalente à taxa referencial (TR) mais 6,17% ao ano, porque a Selic voltou a ficar acima de 8,5% ao ano.
Atualmente, os juros básicos estão em 13,75% ao ano, o que fez a aplicação financeira deixar de perder para a inflação pela primeira vez em dois anos.
Nos 12 meses terminados em outubro, a aplicação rendeu 7,44%, segundo o Banco Central. No mesmo período, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor-15 (IPCA-15), que funciona como prévia da inflação oficial, atingiu 6,85%. O IPCA cheio de outubro será divulgado no próximo dia 10 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). (ABr/Reuters)
Ouça a rádio de Minas