Preço do ouro se aproxima de US$ 3 mil por onça e deve seguir em altas recordes no ano

A cotação do ouro, um dos ativos mais seguros em tempos de incerteza, atingiu mais uma marca histórica, com o preço chegando a ultrapassar os US$ 2,9 mil por onça. Nos últimos 30 dias, a valorização foi de 6,4%. Especialistas consultados pelo Diário do Comércio preveem novos aumentos e ressaltam que as ameaças tarifárias dos Estados Unidos continuarão a gerar volatilidade no mercado cambial no curto prazo, o que deverá ser positivo para a commodity.
O economista da Ourominas, Mauriciano Cavalcante, prevê que a cotação do ouro pode atingir US$ 3 mil por onça no curto prazo, devido aos riscos geopolíticos e às incertezas comerciais, além de uma forte demanda por parte dos bancos centrais.
Segundo ele, no Brasil, o preço do ouro tem acompanhado a tendência de alta. Em fevereiro de 2025, o valor médio está em R$ 530,08 por grama, com pico de R$ 535,40. Porém, nessa segunda-feira (10) já na abertura da bolsa atingiu R$ 543 o grama.
“As flutuações no preço do ouro estão fortemente ligadas a eventos econômicos e políticos globais. Fatores como políticas comerciais agressivas, tensões geopolíticas e decisões de bancos centrais influenciam diretamente o valor do metal precioso”, avalia.
O economista da Valor Investimentos Paulo Luives explica que a taxa de juros norte-americana, que é utilizada como um balizador para a precificação de diversos ativos no mundo inteiro, é um dos motivos que têm influenciado na valorização do ouro. De acordo com ele, existe uma correlação inversa que, quando a taxa de juros dos EUA reduz, como foi observado no ano passado, o preço do ouro tende a fazer um movimento contrário.
Outro fator que ele aponta para altas constantes das cotações é o fato de, após o início da guerra entre Ucrânia e Rússia, diversos bancos centrais do mundo se movimentarem para aumentar suas reservas em ouro, inclusive o da China. “Esse aumento de demanda pelo ouro nos últimos dois anos tem contribuído para sustentar o preço elevado desse ativo por mais tempo”, explica.
Em paralelo a esses motivos, Luives ressalta que as incertezas do ambiente econômico, fomentadas pela transição de política nos Estados Unidos e das novas tarifas que o presidente Donald Trump tem prometido e já implantado, trazem uma maior pressão para a compra do ouro. “Quando os investidores têm um nível maior de incerteza, eles correm para ativos que, de fato, são reserva de valor, como é o caso do ouro. É um ativo resiliente para estes momentos”, afirma.
Para a economista Paloma Lopes, também da Valor Investimentos, é nesse momento de guerra comercial que o dólar perde a importância e as pessoas conservadoras voltam a raciocinar em cima do padrão ouro. “Elas pensam: se todas as moedas forem mal, o ouro me segura”, ressalta.
Outro ponto que na opinião da economista acaba afetando a cotação é a situação da inteligência artificial chinesa. “A gente vê o quanto o mercado americano se abala a cada momento em que a China anuncia determinadas políticas comerciais. Até políticas econômicas internas têm afetado diretamente. O DeepSeek deu uma boa sacudida no mercado de dólar e automaticamente levou os investidores para o ouro”, comenta.
Estabilidade dos preços do ouro deve ser alcançada com o tempo
Na visão dos especialistas, os altos preços ainda devem sustentar a commodity por alguns meses. Entretanto, a economista do Valor Investimentos, a cotação do ouro valorizou 30% em 2024 e deve crescer ainda mais em 2025. Paloma Lopes acredita que, a médio prazo, o cenário tende a se estabilizar.
“A partir do momento que essas oscilações loucas do presidente Trump e até das informações chinesas se estabilizarem, o mercado do ouro também tende a se estabilizar”, prevê.
O economista da Ourominas, Mauriciano Cavalcante, aconselha investidores a acompanharem as notícias internacionais e as análises de mercado para entenderem as possíveis variações na cotação do ouro.
Ouça a rádio de Minas