Finanças

Prévia do PIB aponta retração de 2% em maio

Resultado é o pior em dois anos; na comparação com o mesmo mês do ano anterior, o IBC-Br teve alta de 2,15%
Prévia do PIB aponta retração de 2% em maio
Ritmo do setor industrial ainda está abaixo do ritmo apurado antes da pandemia de Covid-19 | Crédito: Miguel Ângelo

São Paulo – A atividade econômica do Brasil voltou a contrair na metade do segundo trimestre e registrou em maio, sob os efeitos da política monetária restritiva, a maior queda em pouco mais de dois anos, mostraram dados do Banco Central ontem.

O Índice de Atividade Econômica do BC (IBC-Br) recuou 2% em maio em relação ao mês anterior, mostrou dado dessazonalizado do indicador que é um sinalizador do Produto Interno Bruto (PIB).

A queda no mês foi a mais intensa desde março de 2021 (-3,5%) e também foi bem pior do que a expectativa em pesquisa da Reuters de estagnação.

O dado de abril foi revisado para mostrar crescimento de 0,8%, depois de uma expansão de 0,56% informada anteriormente. Nos cinco primeiros meses do ano, o IBC-Br registra queda em dois – março e maio.

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Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, o IBC-Br teve alta de 2,15%, enquanto no acumulado em 12 meses passou a um avanço de 3,43%, de acordo com números observados.

“Os detalhes do IBC-Br não são fornecidos pelo Banco Central, mas estimamos que parte do desempenho negativo da atividade em maio deriva do fim da contribuição da produção recorde de grãos na safra de verão de 2022-23”, avaliou o economista do Santander, Gabriel Couto, que calcula crescimento do PIB de 1,9% este ano.

Depois do impulso dado pelo setor agrícola no início do ano, a economia brasileira enfrenta uma política monetária restritiva, com a taxa básica de juros Selic em 13,75%. Mas de outro lado há uma desinflação no País, além de um mercado de trabalho resiliente, o que pode conter a desaceleração da atividade esperada por economistas.

O BC volta a se reunir no início de agosto, e já indicou que pode cortar os juros, desde que se mantenha cenário de arrefecimento da inflação.

Corte

Andres Abadia, economista-chefe de América Latina na Pantheon Macroeconomics, avaliou em nota que o desempenho da atividade no Brasil destaca a necessidade de cortes de juros.

“Vários setores econômicos estão sob pressão diante das condições financeiras mais apertadas, mas a inflação baixa, um mercado de trabalho resiliente e condições externas ainda de suporte para as exportações do Brasil sugerem que o crescimento do Brasil não ficará paralisado”, disse ele.

Em maio, o volume do setor de serviços cresceu bem mais do que o esperado, 0,9%. Já a produção industrial brasileira voltou a subir, com um crescimento de 0,3% em relação a abril, mas ainda segue abaixo do patamar pré-pandemia.

Por sua vez, as vendas no varejo brasileiro caíram inesperadamente em maio, com uma queda de 1,0% em relação ao mês anterior, sob efeito da política monetária apertada do Banco Central no crédito.

“Olhando à frente, no nosso entendimento a dinâmica do PIB de 2023 se dará em dois atos: crescendo mais 0,3% no segundo trimestre, mas perdendo o fôlego e desacelerando gradualmente no segundo semestre, fechando o ano com crescimento de 1,9%”, disse o PicPay em nota assinada pelo economista-chefe Marco Caruso e pelo economista Igor Cadilhac.

O IBC-Br é construído com base em proxies representativas dos índices de volume da produção da agropecuária, da indústria e do setor de serviços, além do índice de volume dos impostos sobre a produção.

Haddad

O IBC-Br de maio veio como esperado, disse o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, embora o dado tenha frustrado as expectativas do mercado com uma forte contração.

“É como esperado. Muito tempo com juro real muito elevado. Nós estamos preocupados, estamos recebendo muito retorno de prefeitos e governadores sobre arrecadação”, afirmou Haddad em entrevista a jornalistas no ministério.

Segundo o ministro, o atual nível da taxa de juros real em torno de 10% é motivo de cautela e seus efeitos podem intensificar uma desaceleração da economia que já é forte.

“A pretendida desaceleração da economia pelo Banco Central chegou forte e a gente precisa ter muita cautela com o que pode acontecer se as taxas forem mantidas na casa de 10% o juro real ao ano. É muito pesada para a economia”, afirmou. (Reuters)

Analistas melhoram as projeções

Brasília – O mercado financeiro está mais otimista com relação à economia brasileira. Em uma semana, a expectativa de crescimento projetada para o Produto Interno Bruto (PIB) passou de 2,19% para 2,24%, segundo o Boletim Focus divulgado ontem pelo Banco Central.

Há quatro semanas, a expectativa das instituições financeiras consultadas pelo BC para a elaboração do relatório semanal com os principais indicadores econômicos era de o ano fechar com um crescimento de 2,14% do PIB. Para 2024 e 2025, a expectativa de crescimento está em 1,3% e 1,88%, respectivamente.

Já a previsão do mercado financeiro para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA), considerado a inflação oficial do País, se manteve estável em 4,95%. Há quatro semanas, a expectativa era de que 2023 fechasse com uma inflação de 5,12%. Para 2024 e 2025, a inflação projetada pelo mercado está em 3,92% e 3,55%, respectivamente.

A projeção para a inflação de 2023 se mantém acima da meta para o ano, definida em 3,25% pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Com a margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo, a meta será considerada cumprida caso oscile entre 1,75% e 4,75%.

Para alcançar a meta de inflação, o Banco Central usa como principal instrumento a taxa básica de juros, a Selic, definida em 13,75% ao ano pelo Comitê de Política Monetária (Copom). A taxa está nesse nível desde agosto do ano passado e é a maior desde janeiro de 2017.

Selic e câmbio

Tanto taxa básica de juros como câmbio se mantiveram estáveis, segundo o boletim Focus desta semana. No caso da Selic, a expectativa é de que feche o ano com uma taxa de 12%. O mesmo percentual foi projetado há uma semana pelo mercado. Há quatro semanas, a expectativa era de que 2023 fechasse com uma Selic a 12,25%. A projeção da Selic se mantém também estável para 2024 em 9,5% e 2025, 9%.

Com relação ao câmbio, a previsão é a mesma há quatro semanas, de que o dólar feche o ano com uma cotação de R$ 5. Para 2024 e 2025, a expectativa do mercado é de que a moeda norte-americana feche o ano custando R$ 5,05 e R$ 5,15, respectivamente. (Agência Brasil)

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