Produção da indústria diminui e derruba PIB de Minas Gerais

Nem mesmo a continuidade do crescimento real do setor de serviços e da agropecuária foi suficiente para compensar o desempenho ruim da indústria mineira, principal responsável pela redução do Produto Interno Bruto (PIB) de Minas Gerais no terceiro trimestre de 2023. Dados da Fundação João Pinheiro (FJP) apontam que a economia do Estado, ao somar R$ 257,8 bilhões entre julho e setembro, recuou 1,4% na comparação com os três meses imediatamente anteriores.
Enquanto as atividades de serviços e agropecuária cresceram 0,6% e 0,3%, respectivamente, a indústria mineira, que representa mais de um quarto da economia estadual, registrou um decréscimo de 1,7%, impactando fortemente o PIB do Estado. O resultado negativo do setor foi devido, sobretudo, a uma queda no segmento extrativo, de 6,4%. As indústrias da construção (-1,7%), de transformação (-1,2%) e de utilidade pública (-1%) também recuaram no período.
Com um avanço significativo da agropecuária, de 22,6%, e de uma alta no setor de serviços de 1,7%, o PIB mineiro cresceu 2,6% frente ao terceiro trimestre de 2022. Mas o acréscimo poderia ser maior se a indústria não registrasse estabilidade nessa base comparativa. Neste caso, as indústrias de utilidades públicas (3,7%) e de transformação (2%) cresceram, mas a da construção (-3,4%) e, novamente, a extrativa (-1,7%) apresentaram baixas, influenciando o resultado.
Queda na indústria extrativa pode ser explicada pelo recuo produtivo das mineradoras
O pesquisador da Coordenação de Contas Regionais da FJP, Thiago Almeida, avalia os índices negativos da indústria extrativa a partir de dados divulgados pelas principais mineradoras que atuam em Minas Gerais. Ele destaca, por exemplo, que a Vale reportou, entre julho e setembro deste ano, ante o mesmo período de 2022, quedas na produção de vários complexos minerários espalhados pelo Estado, em cidades como Ouro Preto, São Gonçalo do Rio Abaixo e Nova Lima.
Almeida explica que no complexo de Minas Centrais, a companhia aferiu uma diminuição na produção de 10,2%. No de Mariana, apresentou um recuo de 4,5%. Já no complexo de Paraopeba, a redução chegou a 22,9%. Enquanto no de Vargem Grande, o decréscimo foi de 1,8%. Ele enfatiza que, ao consolidar os dados da mineradora no Estado, a queda total alcançou 5%.
“Temos também uma queda na produção da Anglo American, que atua no município de Conceição do Mato Dentro, de 7%, e também na Mineração Usiminas, que atua em Itatiaiuçu e Mateus Leme, de 4,1%. Dentro das principais empresas, a exceção foi a CSN Mineração, que atua no município de Congonhas e teve um expressivo crescimento (de 20,5%)”, ressaltou.
PIB de Minas Gerais cresceu 3,2% no acumulado e deve atingir mais de R$ 1 trilhão em 2023
No acumulado dos três primeiros trimestres de 2023, frente a igual intervalo de 2022, o PIB do Estado expandiu 3,2%. Nessa base de comparação, a agropecuária se destacou com uma alta de 11,6%, no entanto, as atividades da indústria (3,3%) e de serviços (2,1%) também cresceram.
Em valores correntes, a economia mineira somou R$ 767,6 bilhões no período e a perspectiva é que esse montante ultrapasse a casa de R$ 1 trilhão com o último trimestre. De acordo com o coordenador de Contas Regionais da FJP, Raimundo Leal, a expectativa é que a atividade econômica de Minas Gerais atinja entre R$ 240 e R$ 250 bilhões nesse intervalo de tempo.
Para a instituição, os próximos trimestres devem ser de continuidade na desaceleração do ritmo de crescimento econômico até que se complete o processo de ancoragem das expectativas inflacionárias e que as taxas de juros reais deixem de atuar num período contracionista. Eles ressaltam, no entanto, que eventuais surpresas positivas podem ocorrer a depender da demanda do setor externo por exportações de commodities agrícolas ou minerais.

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