Finanças

Projeção de corte na Selic abrange duas reuniões

Campos Neto enfatizou que no momento em que o BC chegar ao fim do ciclo de corte de juros, a taxa básica ainda se encontrará em campo restritivo
Projeção de corte na Selic abrange duas reuniões
Crédito: Adriano Machado/Reuters

Brasília – O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que a sinalização feita pela autarquia de novos cortes de 0,50 ponto percentual na Selic nas “próximas reuniões” abrange os dois encontros do Comitê de Política Monetária (Copom) à frente, em janeiro e março.

Em coletiva de imprensa ontem, Campos Neto enfatizou que no momento em que o BC chegar ao fim do ciclo de corte de juros, a taxa básica ainda se encontrará em campo restritivo.

“A gente entende que a taxa terminal vai ser tal, a gente não sabe qual é, não indica qual é, mas vai ser tal que mantenha condições restritivas”, afirmou, antes de ser acompanhado pelo diretor de Política Monetária do BC, Diogo Guillen, para quem não há ganho em indicar a extensão do ciclo.

Na entrevista, Campos Neto foi questionado se a comunicação do BC não estaria engessada por indicar cortes de 0,50 ponto percentual da Selic sem deixar muita margem para aceleração do processo.

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“Neste momento, a gente entende que a linguagem não é amarrada, a gente entende que sinalizar que o ritmo é apropriado e usar a expressão ‘próximas reuniões’ significa próximas duas reuniões e é compatível com as incertezas”, disse.

Ao tratar da política monetária, Campos Neto pontuou que o colegiado discutiu “bastante” como os núcleos de inflação no Brasil estão melhorando no curto prazo, mas ponderou que a inflação cheia ainda está longe da meta.

Ao mencionar que houve pouca mudança nos fatores condicionantes considerados pelo BC ao definir o ritmo do ciclo monetário, Campos Neto disse que a inflação corrente tem demonstrado melhora, incluindo no setor de serviços, enquanto o hiato do produto ficou estável e as expectativas seguem desancoradas.

“Olhando o conjunto, a gente entende que o ritmo de queda (da Selic) é apropriado”, afirmou.

Juros futuros

Campos Neto também abordou na entrevista alguns dos movimentos mais recentes dos ativos no Brasil.

Segundo ele, as taxas dos contratos futuros de juros com prazos mais longos “caíram bastante”, o que é relevante para o investimento produtivo no Brasil.

Ele pontuou que as taxas curtas estão mais ligadas ao consumo, enquanto as longas estão relacionadas aos investimentos.

“Se a gente olhar os juros de (janeiro de) 2027, o fechamento de ontem (quarta-feira), foi 9,68%. Ou seja, os juros longos já caíram bastante”, afirmou Campos Neto. “A última vez que este mesmo juro estava em 9,68%, se não me engano a Selic estava entre 8,50% e 9%. Então, este juro, que é relevante para o investimento, demonstrou uma queda compatível com um tempo atrás, quando a Selic estava bem mais baixa que está hoje.”

Ao avaliar o mercado de câmbio no Brasil, ele chamou atenção para o fato de que a volatilidade tem sido baixa e disse que o real se mostra uma moeda “bastante resiliente”.

“O Brasil é sério candidato a receber fluxo de investimentos mais perene”, acrescentou, lembrando que, se isso de fato se materializar, o câmbio tende a ser beneficiado.

Campos Neto disse ainda que será apresentada uma solução para o problema dos juros elevados do cartão de crédito, após o Congresso estabelecer um prazo para regulação do tema. Segundo ele, os detalhes serão conhecidos no fim do dia desta quinta, após reunião do Conselho Monetário Nacional.

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