Queda dos juros faz investidor diversificar carteira

Os cortes nas taxas de juros e o maior controle da inflação no Brasil impactam as taxas de rendimentos da renda fixa fazendo com que investidores sejam estimulados a buscarem opções mais rentáveis. Um dos principais caminhos, apesar dos riscos, são os aportes na renda variável, principalmente em ações. Apesar da tendência, devido ao cenário atual da bolsa, a migração ainda não aconteceu como esperado. Para não perder dinheiro, investidores estão diversificando a carteira, mas com cautela, e alongando os prazos dos aportes na renda fixa.
O estrategista de ações da Genial Investimentos, Filipe Villegas, explica que, na teoria, os cortes nas taxas de juros e o controle da inflação, o que reduz a atratividade da renda fixa, estimulam os investidores a buscarem mais opções de renda variável. Apesar desta ser, realmente, uma tendência, ela ainda não aconteceu.
“Quando levada em consideração que existe uma expectativa de queda dos juros, seria natural que os investidores começassem a migrar os seus investimentos, porém, isso não está acontecendo na bolsa brasileira em 2024. Isso porque ainda há um fraco desempenho da bolsa brasileira, então, não foi suficiente para chamar a atenção desse investidor de renda fixa”, explicou.
Com queda dos juros, investimentos em renda fixa a médio e longo são alternativas
Conforme Villegas, por mais que se tenha uma taxa de juros com tendência de queda, ainda é possível encontrar bons retornos e rendimentos na renda fixa quando se tem uma visão de médio a longo prazos.
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“Então, existe, hoje, o que a gente chama de prêmio de incerteza de longo prazo do Brasil. Vejo que esse cenário em que se mostrou um ano fiscal mais fraco, com maiores gastos públicos, desconfiança do mercado em relação ao governo conseguir entregar a sua meta – que seria de zero déficit neste ano – isso acabou provocando e fazendo com que esse investidor de renda fixa apenas alongasse os seus vencimentos. Ou seja, ele sai de uma renda fixa mais curta, mas se mantém nesse mesmo tipo de investimento, só que alongando os prazos de investimento para um maior retorno”, observou.
Ainda segundo Villegas, até o momento, houve uma certa migração para a renda variável, mas, menos do que o esperado. “Falta ainda um catalisador, eu acredito que se nós estivéssemos próximos das máximas históricas, o mercado mais animado com renda variável, esse movimento seria mais intenso”, explicou.
Diversificação
A economista da Valor Investimentos, Paloma Lopes, explica que no cenário de queda de juros e inflação mais sob controle acaba que, tanto no mercado secundário quanto nos lançamentos, já não se encontram muitas taxas atrativas na renda fixa, elas estão mais baixas do que as vistas em um cenário de juros maior. Assim, o investidor pode diversificar a carteira em busca de mais ganhos.
“Neste cenário, caso o investidor tenha apetite e perfil para ir para a renda variável é aconselhável, se ele nunca investiu em renda variável, apostar nos fundos imobiliários, que são uma boa alternativa por não ter tanta oscilação no valor da cota”, aconselhou.
Já para o investidor mais habituado, as opções de investir em ações pode ser interessante. “É importante lembrar de fazer a diversificação. Hoje, a gente tem ações como Vale, Itaú que são sempre mais estáveis em comparação com as demais. Mas, o ideal é fazer um mix da carteira para que ela não fique pesada em nenhuma ação”, disse.
Conforme o analista de investimentos da Academia de Alta Renda, Felipe Amorim, possíveis oportunidades de investimentos na bolsa são as ações de setores como imobiliário, financeiro, consumo discricionário e utilidades. “Estes setores podem trazer boas surpresas”, alertou.
Indo mais adiante, Amorim ressalta que para aqueles que têm um apetite maior pela especulação, uma oportunidade são as small caps (ações de empresas com menor capitalização de mercado). “Em cenário de redução de taxa de juros, as small caps podem se beneficiar por acesso mais barato a capital (e menor custo de endividamento), aumento de apetite de risco por parte dos investidores (buscando melhor prêmio de risco), crescimento acelerado e aumento de demanda e consumo”, explicou.
Momento oportuno para investir na bolsa
Conforme o CEO da iHUB Investimentos, Paulo Cunha, com o corte de juros e a bolsa brasileira ficando bastante para trás nesse primeiro trimestre, houve uma saída forte de fluxo estrangeiro e, isso, deixou a nossa bolsa ainda mais barata.
“Então, a bolsa como um todo ainda está bem descontada e é uma boa alternativa à renda variável no geral. Se a gente for falar mais de setores, as small caps parecem mais interessantes, são mais descontadas ainda. As small caps geralmente estão mais ligadas também a ciclos domésticos, então, por exemplo, varejistas, construtoras, as utilities de saneamento, energia elétrica, que são muito ligadas à economia mais local, estão em um ponto interessante de entrada, considerando o desconto histórico delas. Acho que esses seriam os setores para a gente apostar, não digo exatamente no mês, mas talvez no segundo trimestre para frente”, explicou.
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