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Renda fixa mantém atratividade com juro alto; veja opções para 2025 além do CDI

Em termos reais, considerando a inflação projetada, o ganho do CDI em 2025 será de 10,35%
Renda fixa mantém atratividade com juro alto; veja opções para 2025 além do CDI
Crédito: Freepik

Com a expectativa de uma Selic perto de 15% ao ano em 2025, a renda fixa segue a classe mais recomendada. No entanto, para otimizar o retorno é preciso diversificar, sem deixar a renda variável de lado, dizem analistas.

“Investimento não é um trade-off, ou um ou outro. O ideal é um mix com diversos produtos que atendam ao perfil de risco e aos objetivos do investidor”, afirma Guilherme Almeida, especialista em educação financeira e diretor de renda fixa na Suno Research.

De acordo com levantamento de Rafael Haddad, planejador financeiro do C6 Bank, ativos com isenção de Imposto de Renda e rentabilidade próxima de 100% do CDI serão os mais vantajosos da renda fixa.

Em termos reais, considerando a inflação projetada, o ganho do CDI em 2025 será de 10,35%.
Dessa forma, a projeção é que Letras de Crédito Imobiliário e do Agronegócio (LCIs LCAs), e debênture incentivadas a 97% CDI, por exemplo, acumulem um ganho líquido real (descontando inflação e IR) de 21,14% em dois anos. Assim, R$ 100 virariam R$ 121,14.

Rentabilidade em 6 meses

  • CDB com liquidez diária, a 102,5% do CDI – R$ 1.068,43 – 2,92% (Rentabilidade líquida real)
  • CDB/RDB/LC prefixados, a 14,20% ao ano – R$ 1.068,64 – 2,94%
  • CDB/RDB/LC, a 104% do CDI – R$ 1.069,40 – 3%
  • CDB/RDB/LC, a IPCA + 7,65% ao ano – R$ 1.063,26 – 2,52%
  • Poupança – R$ 1.034,17 – 0,92%
  • Tesouro Selic 2027, a Selic + 0,0526% – R$ 1.067,53 – 2,65%

Rentabilidade em 1 ano

  • CDB 102,5% do CDI (Liquidez Diária) – R$ 1.154,03 – 7,67% (Rentabilidade líquida real)
  • CDB/RDB/LC 106% do CDI – R$ 1.159,29 – 8,08%
  • CDB/RDB/LC IPCA + 7,65% ao ano – R$ 1.126,88 – 5,53%
  • CDB/RDB/LC prefixado 15,50% ao ano – R$ 1.155,00 – 7,75%
  • LCI/LCA/Debênture incentivada 97% CDI – R$ 1.145,77 – 9,45%
  • Poupança – R$ 1.069,50 – 2,17%
  • Tesouro Selic 2027 (Selic + 0,0526%) – R$ 1.151,80 – 7,29%

Rentabilidade em 2 anos

  • CDB com liquidez diária, a 102,5% do CDI – R$ 1.340,62 – 18,25% (Rentabilidade líquida real)
  • CDB/RDB/LC prefixados, a 16,20% ao ano – R$ 1.350,24 – 19%
  • CDB/RDB/LC, a 108% do CDI – R$ 1.360,30 – 19,78%
  • CDB/RDB/LC, a IPCA + 8,50% ao ano – R$ 1.283,81 – 13,82%
  • LCI/LCA/debênture incentivada, a 97% CDI – R$ 1.321,07 – 21,14%
  • Letra Financeira prefixada, a 16,35% ao ano – R$ 1.353,73 – 19,27%
  • Letra financeira, a 109,9% do CDI – R$ 1.367,14 – 20,31%
  • Letra financeira, a IPCA + 8,65% ao ano – R$ 1.287,36 – 14,10%
  • Poupança – R$ 1.143,83 – 4,89%
  • Tesouro Selic 2027 (Selic + 0,0526%) – R$ 1.335,24 – 17,61%

Fonte: Banco C6

“O que você vai recomendar? Bota no CDI”, diz o diretor da área de Estratégias de Investimentos do Itaú Unibanco, Nicholas McCarthy. “É a primeira vez que, no acumulado em 5 anos, o CDI ganha de todas as classes de ativos. Ou seja, da Bolsa, da renda fixa, do dólar, dos títulos indexados de inflação”, completa o gestor.

O CDI é um índice que guia grande parte da renda fixa pós-fixada e que equivale à Selic, a taxa básica de juros brasileira definida pelo Banco Central. Em 2024, o CDI teve um ganho de 10,8% e a projeção é que suba 15,03% em 2025.

Rentabilidade em 5 anos

  • CDB com liquidez diária, a 102,5% do CDI – R$ 2.029,88 – 54,81% (Rentabilidade líquida real)
  • CDB/RDB/LC IPCA + 8,25% ao ano – R$ 1.800,72 – 38,73%
  • CDB/RDB/LC prefixados, a 15,70% ao ano – R$ 2.073,32 – 57,85%
  • CDB/RDB/LC,a 108% do CDI – R$ 2.102,81 – 59,92%
  • LCI/LCA/Debênture incentivada 97% CDI – R$ 1.958,99 – 61,71%
  • Letra Financeira IPCA + 8,40% ao ano – R$ 1.813,23 – 39,6%
  • Letra Financeira prefixada, a 15,85% ao ano – R$ 2.086,80 – 58,80%
  • Letra financeira, a 109,8% do CDI – R$ 2.127,12 – 61,63%
  • Poupança – R$ 1.399,28 – 15,5%
  • Tesouro Selic 2029, a Selic + 0,1210% – R$ 2.016,70 – 53,63%

Apesar do significativo ganho projetado para a renda fixa pós-fixada, especialistas recomendam complementar a carteira com ativos atrelados ao IPCA, sem apostar todas as fichas em um único índice.

“Não sabemos quais os desdobramentos da pauta fiscal, pode ser que o juro suba menos que o esperado”, diz Almeida, da Suno.

O título IPCA+ do Tesouro Direto com vencimento em 2029 oferecia IPCA + 7,75% na última sexta (3). Ou seja, uma rentabilidade real próxima de 8% ao ano por quatro anos.

Entenda os diferentes tipos de renda fixa

Renda fixa pós-fixada

Nesta modalidade, a rentabilidade acompanha variáveis, como a taxa Selic (definida a cada 45 dias pelo Banco Central) ou o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medido a cada mês pelo IBGE.

Renda fixa prefixada

Esta é a única modalidade na qual se sabe exatamente qual será o valor resgatado no vencimento. Isso porque a rentabilidade é informada no momento de aplicação. No entanto, em caso de resgate antecipado, o investidor está sujeito à oscilação do mercado de juros futuros, podendo levar prejuízo.

Renda fixa híbrida

A híbrida combina um juro prefixado com um índice que irá variar no período investido. Os ativos mais comuns desta classe misturam a variação da inflação IPCA com uma taxa predefinida.

Para investidores com o perfil mais arriscado, Almeida também recomenda a compra, em menor proporção e com vencimentos mais curtos, de títulos prefixados, que têm a remuneração futura fixada no momento da compra.

Um título desta natureza do Tesouro Direto com vencimento em 2027, por exemplo, oferecia um retorno anual de 15,56% na última sexta. Na escolha de debêntures incentivadas, o especialista recomenda atenção à rentabilidade ofertada, que deve ser superior ao título público equivalente.

“Debêntures não são indicadas para quem é conservador por terem risco de crédito. Para os mais arrojados, a dica é olhar a nota de crédito atribuída ao papel pelas agências de classificação de risco e comprar as com nota AA para cima”, diz Almeida.

Na renda fixa também é importante estar atento ao tempo em que o dinheiro permaneceu investido, já que quanto mais rápido o resgate, maior a alíquota de IR, segundo a tabela regressiva.

Já para a renda variável, o mercado financeiro projeta uma continuação do movimento visto em 2024, de valorização de criptoativos, do ouro e das Bolsas de Valores dos Estados Unidos.

No ano passado, o bitcoin mais que dobrou de preço e foi o ativo mais rentável no período. O movimento foi puxado pela expectativa de que o presidente eleito Donald Trump favoreça o setor. Caso o Congresso, com maioria republicana, aprove as medidas em prol da moeda, analistas apontam que ela pode continuar a trajetória positiva.

Porém, por ser extremamente volátil, criptomoedas são indicadas em pequenas parcelas apenas para investidores com perfil de risco superrarrojado.

“Quando eu olho a rentabilidade do bitcoin vis-à-vis a Bolsa americana, ele tem um risco oito vezes maior. Prefiro comprar oito vezes a Bolsa americana e uma unidade de cripto. Mas há quem não tenha esse dinheiro. Então, o bitcoin é uma forma, talvez, de comprar um rendimento futuro alavancado”, afirma McCarthy.

A expectativa de analistas americanos é que o principal índice acionário dos EUA, o S&P 500 suba 15% este ano.

De acordo com Daniel Martins, presidente da GeoCapital, gestora focada em ativos no exterior, as ações mais beneficiadas devem ser as atreladas à economia americana, especialmente as do setor financeiro, para o qual Trump prometeu desregulamentação.

A maior aposta de Martins, no entanto, é a Alphabet, dona do Google, apesar de alguns analistas temerem perda de receita do serviço de pesquisa por conta dos avanços da Inteligência Artificial.

“Por enquanto, a IA está apenas melhorando os serviços do Google e a receita de Search continua bem. Isso, combinado aos julgamentos sobre monopólio, fez a ação ficar atrás das demais big techs. Mesmo que o julgamento não seja favorável à empresa, ele não a impactaria de forma muito grande”, diz Martins.

Outra recomendação do gestor é a Airbnb e a Booking, que ainda sentem os efeitos positivos do boom de viagens pós-pandemia.

Já a Bolsa brasileira deve seguir pressionada pelos juros altos e risco fiscal. Apesar de as ações estarem em preços historicamente baixos, analistas recomendam apenas empresas resilientes, como as elétricas, cujo fluxo de caixa pouco oscila e os dividendos são constantes.

“Se tivermos choque de credibilidade fiscal positivo, o Ibovespa sobe 30% em uma semana. Imagina estar zerado em Bolsa [se isso acontecer]”, diz McCarthy.

O ouro, por sua vez, segue em alta pela demanda de governos e bancos centrais de diversos países, que buscam fortalecer seus cofres após a Rússia ter suas reservas internacionais em dólar confiscadas em decorrência da Guerra da Ucrânia.

Tanto o bitcoin, como a Bolsa americana e o ouro são cotados em dólar. Dessa forma, seu valor varia também segundo a cotação da moeda norte-americana.

Atualmente, analistas esperam que o câmbio no Brasil permaneça no atual patamar de R$ 6,20.
“O dólar depende muito mais do cenário global agora e ele já valorizou em relação às outras moedas”, afirma David Beker, chefe de economia para Brasil e estratégia para América Latina do Bank of America (BofA).

Apesar do alto valor da moeda em relação ao real, especialistas recomendam a exposição ao dólar.

“Qualquer hora é hora de preservar o capital em outra moeda. A função da carteira balanceada é reduzir a dor de barriga do cliente”, afirma McCarthy .

Reportagem distribuída pela Folhapress

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