Finanças

Rotativo do cartão de crédito deve ser extinto, diz Campos Neto

Segundo Campos Neto, a medida ainda deve prever a criação de uma tarifa para desincentivar parcelamentos sem juros com cartão de crédito
Rotativo do cartão de crédito deve ser extinto, diz Campos Neto
Cartão de crédito rotativo tem, em junho, juros de 437,3% ao ano | Crédito: Marcelo Casal Jr/Agência Brasil

A solução para o problema dos juros elevados e da inadimplência do cartão de crédito no Brasil deve passar pela extinção do crédito rotativo, disse nesta quinta-feira o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.

Em audiência pública no Senado, Campos Neto afirmou que, com esse desenho em elaboração, as faturas não pagas iriam direto para o sistema de crédito parcelado do cartão, com uma taxa mensal de juros que ficaria próxima a 9%.

A taxa de 9% ao mês corresponde a 181% ao ano. Hoje, os juros do rotativo estão em 437% ao ano, enquanto o parcelado do cartão está em 196% ao ano.

Os bancos, incluindo Bradesco, Itaú Unibanco e Banco do Brasil, argumentam que os clientes não chegam a ficar um ano no rotativo pela própria legislação que obriga as instituições financeiras a ofertarem outras linhas de crédito para os clientes. O vice-presidente de gestão financeira do BB, Marco Geovanne da Silva, por exemplo, afirmou nesta quinta-feira que os clientes, em média, ficam 18 a 20 dias no rotativo antes de serem direcionados a outras linhas mais baratas.

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O presidente do BC ressaltou que a solução, que será apresentada em até 90 dias, está sendo construída em diálogo com o deputado Elmar Nascimento (União-BA), relator do projeto de lei do Desenrola, programa de renegociação de dívidas das famílias.

Segundo Campos Neto, a medida ainda deve prever a criação de uma tarifa para desincentivar parcelamentos sem juros com cartão de crédito.

“Não é proibir o parcelamento sem juros, é simplesmente tentar fazer com que ele fique um pouco mais disciplinado, fazer de uma forma bem faseada para não afetar o consumo”, afirmou, destacando que os cartões de crédito representam 40% do consumo no país.

Na apresentação, o presidente do BC disse que cartões de crédito são um “grande problema” no Brasil, após uma explosão nas emissões nos últimos anos.

A taxa de inadimplência no rotativo do cartão está atualmente em cerca de 49%. De acordo com Campos Neto, o patamar não tem paralelo no mundo.

Ele enfatizou que eventual alternativa de estabelecer um limite de juros para o cartão de crédito poderia ter efeito negativo e gerar uma retirada de circulação de cartões pelas instituições financeiras.

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