Santander Brasil obtém lucro acima do esperado no segundo trimestre

São Paulo – O lucro líquido do Santander Brasil superou as expectativas de analistas no segundo trimestre, mas as provisões para perdas com empréstimos aumentaram acentuadamente em um cenário macroeconômico desafiador, segundo resultado divulgado ontem.
O lucro líquido foi de R$ 4,08 bilhões, acima do esperado, já que analistas consultados pela Refinitiv projetavam lucro de R$ 3,88 bilhões. O resultado representou alta de 2% frente ao trimestre imediatamente anterior.
No entanto, o Santander Brasil disse que as provisões para devedores duvidosos atingiram R$ 5,75 bilhões no trimestre, um aumento de 24,6% em relação aos três meses encerrados em março.
Terceiro maior banco privado do país, a unidade local do espanhol Santander concorre com instituições como Itaú Unibanco, Bradesco e o Banco do Brasil.
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“Os indicadores de qualidade da carteira de crédito apresentaram estabilidade no período, mesmo ainda em um cenário macroeconômico desafiador”, disse Angel Santodomingo, diretor financeiro e de relações com investidores do Santander Brasil, em relatório de resultados.
A carteira de crédito do Santander Brasil subiu 2,9% no segundo trimestre ante os três primeiros meses do ano, para R$ 468,54 bilhões. O Brasil é a maior base de clientes do banco espanhol Santander e responde por quase um terço do lucro do grupo
Críticas
O Santander Brasil entregou um mix de aumento da rentabilidade e controle da qualidade da carteira de crédito, mas o que parecia ser música para os ouvidos do mercado foi recebido com uma chuva de críticas de analistas ontem. Em relatórios, analistas pontuaram que o lucro líquido de R$ 4,08 bilhões no segundo trimestre deveu-se principalmente a uma menor alíquota de impostos e reversão de provisões legais.
Segundo eles, isso mascarou a fraqueza operacional observada em linhas como a margem líquida de juros, que caiu, refletindo em parte a queda na captação de recursos mais baratos, como poupança de clientes.
“Existem dinâmicas que evidenciam um momento de descompasso do banco, o que descalibra a percepção dos investidores quanto ao setor por meio de um lucro líquido recorrente deceptivamente saudável”, escreveu o analista da BB Investimentos, Rafael Reis, que reduziu a recomendação da ação de “compra” para “neutra”.
Em teleconferências com analistas e jornalistas, executivos do Santander Brasil enfatizaram a estabilização do índice de inadimplência acima de 90 dias em 2,9%, após três trimestres de alta na base sequencial, com o presidente-executivo, Mario Leão, sinalizando que não espera deterioração adicional do indicador.
“Mas depois de aprofundar, destacamos que os NPLs (espécie de prévia da inadimplência futura) subiram 10bps no segmento de pessoas físicas”, destacaram Eduardo Rosman, Ricardo Buchpiguel e Thiago Paura, do BTG Pactual, apontando ainda a provisão para perdas esperadas com calotes no trimestre acima do que eles previam.
Por fim, a rentabilidade sobre o patrimônio de 20,8% entregue pelo Santander Brasil para o segundo trimestre, embora saudável, não deve impressionar os investidores, afirmaram Pedro Leduc, Mateus Raffaelli e William Barranjard, do Itaú BBA. “As tendências subjacentes continuam desafiadoras e continuamos cautelosos com as ações do Santander”, escreveram.
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