Finanças

Taxas de contratos futuros recuam

A taxa do DI para janeiro de 2025 estava em 10,49%, ante 10,676% do ajuste anterior
Taxas de contratos futuros recuam
Crédito: Reprodução Adobe Stock

São Paulo – A curva a termo brasileira passou por forte ajuste ontem, com as taxas dos contratos futuros de juros de curto prazo encerrando o dia com baixa firme, após o Copom contrariar boa parte do mercado e cortar a taxa Selic em 0,5 ponto percentual na véspera.

Entre os vencimentos mais longos, as taxas tiveram leves altas, em sintonia com o avanço firme dos rendimentos dos Treasuries no exterior.

Na noite de quarta-feira, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central anunciou corte de meio ponto percentual da taxa básica Selic, para 13,25% ao ano. Além disso, sinalizou a intenção de promover novos cortes de 0,50 ponto percentual em suas próximas reuniões. A decisão foi dividida, em 5 votos a 4.

O corte de meio ponto percentual contrariou boa parte do mercado, que precificava de forma majoritária corte de apenas 0,25 ponto percentual. Na noite de quarta-feira, analistas ouvidos pela Reuters já haviam afirmado que, com a decisão do Copom, a parte curta da curva a termo passaria por ajustes de baixa nesta quinta-feira.

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“Os contratos mais curtos estão reagindo à decisão, uma vez que havia uma dúvida no mercado sobre o tamanho do corte. Ontem (quarta-feira), quando olhávamos para as opções de Copom, elas estavam mostrando 60% de chances de corte de 25 pontos-base”, afirmou o economista da Guide Investimentos, Rafael Pacheco.

Os ajustes de baixa nesta quarta-feira foram vistos até o contrato para janeiro de 2026, com a curva precificando, inclusive, mais cortes de 0,50 ponto percentual, como indicado pelo Copom.
Para alguns analistas, o colegiado sinalizou mais cortes de meio ponto nos próximos encontros para coibir apostas de reduções maiores, de 0,75 ponto percentual.

“Acreditamos que os diretores que votaram por iniciar com corte de 25 pontos-base o fizeram porque queriam evitar precificações de cortes mais agressivos, na ideia de que uma decisão unânime por iniciar o ciclo com corte de 50 pontos-base levaria o mercado a apostar em cortes maiores nas próximas reuniões”, disse o economista-chefe da Azimut Brasil Wealth Management, Gino Olivares, em comentário enviado a clientes.

O fato é que, com a decisão e as sinalizações, a curva de juros precificava no fim da tarde desta quinta-feira 86% de chances de o Copom cortar a Selic em 0,50 ponto percentual em setembro, contra apenas 14% de probabilidade de baixa de 0,75 ponto percentual.

Durante a tarde, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou em entrevista à GloboNews que o corte de 0,5 ponto percentual da Selic começa a “impactar algumas coisas”, como decisões de investimento. Ao mesmo tempo, afirmou que não vê como estimular a economia pelo lado fiscal, mas sim pelo lado monetário.

No fim da tarde a taxa do DI para janeiro de 2024 estava em 12,46%, ante 12,646% do ajuste anterior, enquanto a taxa do DI para janeiro de 2025 estava em 10,49%, ante 10,676% do ajuste anterior. A taxa para janeiro de 2026 estava em 9,985%, ante 10,047% do ajuste anterior.

Entre os vencimentos mais longos, no entanto, a influência maior vinha do exterior. A alta firme dos rendimentos dos Treasuries, cujos vencimentos de 30 anos atingiram as máximas em nove meses, colocaram as taxas futuras mais longas também em alta no Brasil.

A taxa para janeiro de 2027 estava em 10,13%, ante 10,087%. Já a taxa para janeiro de 2028 estava em 10,41%, ante 10,305% do ajuste anterior, e a taxa para janeiro de 2029 estava em 10,61%, ante 10,457%.
Às 16:38 (de Brasília), o rendimento do Treasury de 30 anos subia 14,20 pontos-base, a 4,3072% (Reuters)

Brasil lidera o ranking global

O Brasil mantém a liderança no ranking mundial de juros reais, mesmo após a redução da taxa básica na reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central de quarta-feira (2).

O juro real no Brasil está em 6,68% ao ano, valor próximo ao do México (6,64%) e da Colômbia (6,15%). O quarto colocado no ranking elaborado pelo Portal MoneYou também é um país latino-americano, o Chile, com 4,6% ao ano.

Os cálculos consideram o juro real “ex-ante”. Ou seja, a diferença entre a taxa de investimento no contrato Depósito Interbancário (DI) de um ano, descontada a inflação de 4,07% projetada para os 12 meses à frente, coletada na pesquisa Focus do BC, com cerca de 100 economistas.

O Copom anunciou nesta quarta o primeiro corte de juros no governo Lula, com a redução da taxa básica (Selic) em 0,5 ponto percentual de 13,75% para 13,25% ao ano.

Em termos nominais, as maiores taxas ao ano coletadas pelo portal são as da Argentina (97%), Turquia (17,5%), Hungria (15%), Brasil e Colômbia (ambos com 13,25%), México (11,25%) e Chile (10,25%).

Entre as grandes economias, os EUA estão com juro real de 1,82% ao ano, a China com 1,67%, e o Reino Unido com 2,36%. Nos países da Zona do Euro, a taxa real está próxima de 1,5% ao ano.

Apenas cinco países do levantamento ainda possuem juro real negativo: Suécia (-0,03%), República Tcheca (-1,86%), Hungria (-1,89%), Polônia (-6,05%) e Argentina (-28,53%).

No ranking com 40 países, 40% mantiveram a taxa básica em sua última reunião de política monetária, enquanto 52,5% elevaram as taxas, e 7,5% cortaram.

“O movimento global de políticas de aperto monetário continuou a ganhar força, com o aumento expressivo no número de BCs sinalizando preocupação com a inflação, mesmo com a queda do preço de commodities”, diz o levantamento do Portal MoneYou. (Folhapress)

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