Taxas dos DIs fecharam em forte retração

São Paulo – As taxas dos DIs fecharam ontem em forte baixa, reagindo aos dados fracos do setor de serviços brasileiro e aos números favoráveis da inflação ao produtor nos EUA, que colocaram os rendimentos dos Treasuries em queda, em movimento intensificado à tarde pela decisão de política monetária do Federal Reserve, enquanto investidores esperavam pelo anúncio sobre a Selic no Brasil.
No início da sessão, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o setor de serviços registrou em outubro recuo de 0,6%, na comparação com o mês anterior. Economistas consultados pela Reuters esperavam por estabilidade.
O dado fraco do setor de serviços pesou sobre as taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros), em meio à percepção de que a atividade econômica sugere continuidade no processo de desinflação no Brasil.
“Os serviços caíram esta manhã, podemos até ter uma contração do PIB (Produto Interno Bruto) no quarto trimestre”, citou o economista-chefe do Banco Master, Paulo Gala, ao justificar o fechamento da curva a termo brasileira.
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O Índice de Preços ao Produtor (PPI, na sigla em inglês) dos EUA também atuou para a queda das taxas futuras. Divulgado às 10h30, o indicador ficou estável em novembro, enquanto economistas consultados pela Reuters projetavam aumento de 0,1%.
Em reação, os rendimentos dos Treasuries cediam, o que também pesava sobre os juros futuros no Brasil.
“O PPI (dos EUA) veio com índice mais fraco do que se imaginava, e a China está com deflação no PPI também, é bom lembrar. Então, o ambiente de preços de atacado no mundo está mais tranquilo, o que ajuda na visão de que o Fed pode cortar juros no ano que vem”, pontuou Gala.
Na última sexta-feira, a China informou que seu índice de preços ao produtor cedeu 3% em novembro, na comparação com o mesmo mês do ano anterior.
O chefe da mesa de operações do C6 Bank, Felipe Garcia, chamou atenção durante a tarde para a expectativa do mercado em torno das decisões de política monetária do Fed, às 16h, e do Banco Central do Brasil, às 18h30. No caso do Fed, o mercado esperava pela manutenção da taxa básica na faixa de 5,25% a 5,50% — o que se confirmou.
“Já o Copom (Comitê de Política Monetária do BC) vai reconhecer a melhora do cenário externo e a inflação vindo bem nos últimos números”, opinou Garcia. “Mas vai enfatizar a necessidade de manter a política monetária restritiva. A expectativa é de que ele mantenha a indicação de cortes de 50 pontos-base (da Selic) para as próximas reuniões ainda.”
O Fed, por sua vez, manteve a sua taxa básica sem alterações, enquanto projetou cortes de juros de 75 pontos-base em 2024 — mais do que o previsto anteriormente — e inflação na meta de 2% em 2026. A postura foi considerada mais branda — ou dovish, no jargão do mercado — que em reuniões anteriores.
No fim da tarde a taxa do DI para janeiro de 2025 estava em 10,175%, ante 10,26% do ajuste anterior, enquanto a taxa do DI para janeiro de 2026 estava em 9,73%, ante 9,898% do ajuste anterior. A taxa para janeiro de 2027 estava em 10,835%, ante 10,003%.
Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2028 estava em 10,11%, ante 10,272%. O contrato para janeiro de 2031 marcava 10,58%, ante 10,735%.
Às 16:37 (de Brasília), o rendimento do Treasury de dez anos — referência global para decisões de investimento — caía 15,40 pontos-base, a 4,0522%.
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