Finanças

Tesouro Selic deve manter atratividade mesmo com juros menores

Tesouro Selic deve manter atratividade mesmo com juros menores
Tesouro Selic deve manter atratividade mesmo com juros menores
O Tesouro Nacinal oferece diversas opções de investimentos em títulos públicos | Foto: Marcello Casal Jr. / Agência Brasil

O cenário de economia desacelerada e a inflação um pouco mais controlada já fazem o mercado discutir o caminho inverso da Selic. Com previsões do mercado financeiro de que a taxa básica de juros começará a cair em 2026, ficando em torno de 12% ao longo do ano, especialistas na área entrevistados pelo Diário do Comércio comentam que a possível queda já impacta os investimentos, no entanto, a taxa ainda é considerada alta e atrativa.

“Com uma Selic mais baixa, o Tesouro Selic, por exemplo, renderá cada vez menos. No entanto, o Brasil está com um patamar de Selic muito alto e até esta rentabilidade não se tornar atrativa mais vai demorar muito”, opina o sócio da Valor Investimentos, Davi Lelis.

Na mesma linha de raciocínio, o economista e professor da Faculdade do Comércio (FAC), Denis Medina, acredita que mesmo neste patamar, o Tesouro Selic ainda é uma excelente rentabilidade. “Existem outras opções, mas o Tesouro Pré-Fixado 2028 já está pagando 13,22%, já tendo esta expectativa”, avalia.

Segundo Medina, mesmo a Selic caindo, o Tesouro Selic a curto prazo ainda é indicado. No entanto, o especialista sugere que antes de qualquer recomendação é preciso saber o objetivo do investidor. “Se ele está poupando para a aposentadoria, tem títulos que rendem mais, como os de 2030, 2035 ou até 2040. Mas antes de qualquer opção é preciso entender o objetivo para definir o título mais adequado”, diz.

O professor indica ainda que, nesse momento de inflação persistente, os títulos atrelados ao Índice Nacional de Preço ao Consumidor Amplo (IPCA) também são boas opções. “Mas quando observados os pré-fixados acima de 12% ou 13% ao ano, eles são uma segurança de que se a economia melhorar, você tem um título travado em uma taxa bem alta”, ressalta.

Dessa forma, ele não recomenda a saída do Tesouro Selic para quem já está nele porque a perspectiva é de Selic ainda alta. Entretanto, sugere para um novo investimento, que a pessoa tenha os objetivos definidos, prazos em mente e a ideia de quando realizará estes investimentos. “Isso é mais importante do que olhar simplesmente as taxas. Os objetivos são o que determina efetivamente o tipo de alocação que você deve escolher”, defende.

O analista de ativos da corretora de investimentos Monte Bravo, Bruno Benassi, assim como os outros, também não recomenda ao investidor a transferência de investimentos do Tesouro Selic para outros títulos. “Os níveis das taxas de juros ainda estão altos e ainda faz sentido continuar carregando este percentual na carteira de investimentos”, comenta.

Entretanto, recomenda que os investidores que possuem investimentos com prazos acima de dois anos, aumentem a exposição no Tesouro IPCA já que ele pode ter mais volatilidade do que outras classes de ativos”. Benassi reforça ainda que a diversificação é sempre interessante.

Davi Lelis, da Valor Investimentos, ressalta que, normalmente quem investe no Tesouro Selic não está buscando altas rentabilidades, mas sim segurança e boa liquidez. “Sendo assim, a rentabilidade de 12% a 14% é muito boa nesse sentido. Se você já está no tesouro Selic, mantém. A reserva de emergência deve estar na mão e não travada”, sugere.

Segundo Lelis, quedas bruscas na Selic não são esperadas. Para que a taxa de juros chegasse ao patamar de 5%, por exemplo, ele ressalta que o resto do mundo teria que estar com juros praticamente zerados. “O investidor compara as taxas. Se nos Estados Unidos eu tenho 3%, eu tenho que ter muito mais aqui no Brasil para a gente ter esse diferencial de juros e compensar esse prêmio de risco”, explica.

Já para o Tesouro IPCA, Lelis lembra que as perspectivas de inflação têm sido reduzidas, e como a expectativa de rentabilidade é a soma desse índice, mais outros, a rentabilidade do Tesouro IPCA na curva, também reduziu. Porém, ele chama atenção para o fato de que quando os juros começam a cair, quem está no Tesouro IPCA+ ou no pré-fixado, ganha um ágil, ou seja, uma valorização não esperada nesse título. O nome desse fenômeno é marcação ao mercado, que acontece quando as taxas caem e o preço unitário do papel sobe. “Esse fenômeno já está acontecendo nas aplicações mais longas, e vai começar a acontecer de uma maneira mais forte nos vértices mais curtos e médios, conforme a Selic for caindo e as expectativas de inflação continuarem bem controladas como estão agora”, destaca.

Em resumo, a expectativa definida pelo sócio da Valor Investimentos é que novos tesouros renderão menos, como o IPCA+4, IPCA+3, IPCA+2 com o tempo, mas quem já tiver investido ganhará mais essa marcação ao mercado em papéis mais antigos que já estavam em carteira.

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