Transações correntes têm pior resultado para julho em 5 anos

Brasília – O Brasil teve déficit em transações correntes de US$ 9,035 bilhões em julho, pior dado para o mês em cinco anos, afetado pela balança comercial mais fraca e pelo aumento das remessas líquidas de lucros e dividendos para fora, divulgou o Banco Central (BC) ontem.
O dado frustrou expectativa de déficit de US$ 5,9 bilhões, conforme pesquisa Reuters com analistas. Este foi o maior rombo para julho desde 2014, quando chegou a US$ 10,317 bilhões.
Já os investimentos diretos no País somaram US$ 7,658 bilhões, acima da projeção de analistas de US$ 7 bilhões, após um resultado fraco registrado em junho, quando o ingresso foi de apenas US$ 2,190 bilhões.
Em julho, houve um salto na remessa líquida de lucros e dividendos para o exterior, a US$ 3,132 bilhões, de US$ 1,036 bilhão no mesmo mês do ano anterior. Por sua vez, a balança comercial sofreu uma queda de 54,8% na mesma base de comparação, alcançando US$ 1,602 bilhão.
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A despesa líquida com viagens internacionais ficou estável em US$ 1,3 bilhão, informou o BC.
De janeiro a julho, o déficit em transações correntes alcançou US$ 21,683 bilhões, crescimento de 76,8% sobre igual período do ano passado e já acima da expectativa que havia sido divulgada pelo BC para o ano, de um rombo de US$ 19,3 bilhões. A projeção foi feita em junho e será revisada pelo BC em setembro.
O chefe do departamento de Estatísticas do BC, Fernando Rocha, afirmou que o dado observado no acumulado do ano foi influenciado pela redução de US$ 6,8 bilhões no superávit da balança comercial, principalmente pelo comportamento das exportações, que caíram 4,7% sobre igual período do ano passado, enquanto as importações subiram 0,4%.
Questionado se o cenário poderia estar sendo impactado pela guerra comercial entre Estados Unidos e China, Rocha respondeu que não tinha informações suficientes para essa avaliação.
Também contribuindo para a piora das transações correntes no ano, as despesas líquidas com lucros e dividendos aumentaram US$ 3,6 bilhões sobre o acumulado de 2018, afetadas fundamentalmente pela diminuição de receitas, já que as despesas, que respondem pelo envio propriamente dito de recursos, ficaram relativamente estáveis.
Em 12 meses, o déficit em transações correntes chegou a US$ 24,392 bilhões, equivalente a 1,31% do Produto Interno Bruto (PIB), em um salto em relação ao mês anterior, quando o patamar era de 1,06% do PIB, e no pior patamar desde janeiro de 2017 (1,32%).
Compra por estrangeiros – Em julho, o investimento de estrangeiros em ações e fundos de investimento no País chegou a US$ 4,880 bilhões, mais que o dobro do registrado um ano antes, levando o resultado do acumulado do ano ao campo positivo, com ingresso de US$ 2,871 bilhões.
Rocha destacou que a linha foi sensibilizada em cerca de US$ 2,5 bilhões por duas operações: venda no mês da fatia da Petrobras na empresa de combustíveis BR Distribuidora e oferta secundária de ações da resseguradora IRB.
Em agosto, a parcial até o dia 22 já aponta saída líquida do Brasil de US$ 2,4 bilhões em ações e fundos de investimento.
Os números, segundo Rocha, denotam “a volatilidade nesses instrumentos de portfólio”, com entradas e saídas sendo alternadas mês a mês. (Reuters)
Gastos no exterior avançam 9,64%
Brasília – As despesas de brasileiros em viagens ao exterior aumentaram em julho. No mês passado, os gastos totalizaram US$ 1,898 bilhão, com crescimento de 9,64% em relação ao mesmo mês de 2018 (US$ 1,731 bilhão). É o maior resultado para o mês desde julho de 2014 (US$ 2,408 bilhões). Os dados foram divulgados ontem pelo Banco Central (BC).
Segundo o chefe do Departamento de Estatísticas do BC, Fernando Rocha, o dólar mais barato estimulou as viagens internacionais nos últimos meses. Ele lembrou que a taxa de câmbio média estava em R$ 4, em maio, caiu para R$ 3,86 em junho e para R$ 3,75 em julho. Para agosto, a expectativa é que o aumento de gastos “pode se reverter”.
“Aparentemente o aumento do câmbio em agosto vai reduzir as despesas com viagens”, destacou.
Dados preliminares deste mês, até o dia 22, mostram que as despesas chegaram a US$ 992 milhões, enquanto que as receitas de estrangeiros no Brasil ficaram em US$ 314 milhões.
Nos sete meses do ano, esses gastos com viagens ao exterior estão menores. Nesse período, as despesas chegaram a US$ 10,705 bilhões, queda de 5,3% na comparação com o mesmo período do ano passado.
As receitas de estrangeiros em viagem ao Brasil chegaram a US$ 598 milhões no mês passado e a US$ 3,674 bilhões em sete meses, com crescimento de 43,41% e de 0,46%, respectivamente, na comparação com os mesmos períodos de 2018. Com isso, a conta de viagens, formadas pelas despesas e as receitas, fechou julho negativa em US$ 1,3 bilhão e nos sete meses do ano com déficit de US$ 7,030 bilhões. (ABr)
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