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Associação sem fins lucrativos ajuda a reduzir gaps de diversidade

Associação sem fins lucrativos tem como objetivo capacitar mulheres por meio da tecnologia e da reflexão crítica do papel delas nas ciências exatas
Associação sem fins lucrativos ajuda a reduzir gaps de diversidade
Crédito: Site Freepik

Formada em jornalismo, a amazonense Carine Roos, desde muito jovem, nutria o sonho de promover uma mudança real na sociedade. Graduada também em Sociologia pela Universidade de Brasília, ela percebeu que seu propósito ultrapassaria as fronteiras convencionais.

Após enfrentar a frustração de se sentir subutilizada em estágios no setor público, nos quais não recebia reconhecimento, decidiu mudar de ambiente. Em 2011, com a determinação de seguir seus ideais, mudou-se para São Paulo (SP), onde não tinha laços familiares, em busca de oportunidades no mercado.

Na área de comunicação, ela enfrentou os desafios típicos da vida em uma metrópole, inclusive assédio moral no ambiente corporativo, experiência que foi um dos grandes impulsionadores para novos horizontes. A partir da experiência, ela foi convidada para prestar consultoria na Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, por meio da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), tanto em São Paulo (SP) quanto em Brasília, onde se dedicou à promoção dos direitos da criança e do adolescente.

Virada

“Com as experiências que obtive, sendo parte de grandes companhias e prestando consultorias, pude desenvolver um olhar crítico sobre o machismo, a misoginia e o racismo presentes nas corporações. Decidi direcionar minhas energias em mudar essa realidade. No entanto, o ponto de virada ocorreu quando passei a frequentar, com uma colega, o Garoa Hacker Clube, um espaço comunitário, aberto e colaborativo voltado para encontros, eventos e projetos em diversas áreas relacionadas à tecnologia”, conta.

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Com essa vivência, surgiu o insight: criar um lugar nesse estilo, mas direcionado ao público feminino. Foi assim que, em 2013, ela e Vanessa fundou o Marialab Hackerspace, associação sem fins lucrativos, com o objetivo de capacitar mulheres por meio da tecnologia e da reflexão crítica do papel delas nas ciências exatas.

A instituição não tinha nenhum tipo de vínculo com organizações e dependia exclusivamente de doações, o que foi realmente enriquecedor, pois, segundo Carine Roos, ela saiu da bolha do feminismo branco e conheceu mais sobre as mulheres negras, trans e não binárias.

“Isso me fez refletir criticamente sobre os meus privilégios e trouxe esse olhar crítico, aprofundado e interseccional nos projetos que passei a desenvolver nas companhias”, diz.

Em 2017, ela se tornou-se sócia da Escola de Liderança e Desenvolvimento (Elas). Pós-graduada em Gestão de Inovação Social pela Amani Institute, a empreendedora foi responsável pelo planejamento estratégico da organização, que contava com grandes clientes como a Microsoft.

À frente da Escola Elas, conduziu treinamentos exclusivos para cerca de mil mulheres com o objetivo de capacitá-las a conquistar uma posição de destaque no ambiente corporativo.

Já com experiências em consultorias e olhar empático sobre os problemas reais da sociedade, Carine Roos decidiu fundar, dessa vez sozinha, a Newa, com a missão de diminuir as lacunas de Diversidade, Equidade e Inclusão (DE&I) nas companhias brasileiras. Até hoje, a organização atua no desenvolvimento de lideranças compassivas, que trabalham na construção de ambientes mais inclusivos e psicologicamente seguros.

Com treinamentos liderados por Carine Roos, a Newa ajudou mais de 70 empresas a diminuir a lacuna de diversidade e inclusão. Entre essas organizações estão a OLX Brasil, o Itaú, a Accenture e o Banco Pan.

“Quero chegar ao cerne dessas corporações e fazer uma diferença real. Meu desejo é que olhem para a Newa e reconheçam que foram transformadas de alguma forma, não apenas em posicionamento, como também na prática sendo exemplo de transformação de empresa na sociedade. Por fim, não busco apenas dinheiro. Meu ideal é contribuir para a criação de uma sociedade justa e igualitária”, diz.

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