Gestão

Futuro do trabalho: cooperativas surgem como modelo conciliador entre CLT e PJ

No fórum World Coop Management 2025 especialista defende modelo híbrido que combina flexibilidade, proteção social e divisão justa dos resultados
Futuro do trabalho: cooperativas surgem como modelo conciliador entre CLT e PJ
Foto: Reprodução/Freepik

Um dos temas em discussão durante o fórum de cooperativismo World Coop Management 2025 (WCM’25) é urgente: o futuro do trabalho. É que, sobretudo nos últimos meses, jovens, muitas vezes motivados por influenciadores digitais, têm impulsionado um movimento nas redes sociais de contrariedade à “carteira assinada” em favor da chamada “pejotização”.

Nesse contexto, o presidente da Cooperativa dos Empreendedores, Ricardo Santos, que desenvolve um doutorado sobre o tema na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), defende “nem lá, nem cá”. Segundo ele, a cooperativa de trabalho pode ser um agente conciliador do desafio ora proposto.

Uma cooperativa de trabalho, conforme o Sistema OCEMG, é composta por cooperativas que se destinam a organizar, por meio da mutualidade, a prestação de serviços especializados a terceiros ou a produção em comum de bens.

“Há cooperativa de crédito, agro, saúde, e há a cooperativa de trabalho. Se entre quem é profissional de valor agregado, e também das camadas mais baixas, o desejo também não é mais só a CLT, então a gente tem que pensar em um modelo híbrido, que preveja a flexibilidade, a possibilidade de aumento de ganho, o engajamento e a responsabilidade, com uma rede de proteção social que uma cooperativa pode dar”, afirmou Santos.

Segundo ele, a cooperativa de trabalho entrega toda a parte administrativa, além de estrutura jurídica, contábil, fiscal e trabalhista para que o cooperado possa focar naquilo que ele é especialista. Santos afirmou que esse modelo de cooperativismo tem crescido no Brasil porque ele estimula que as pessoas possam cooperar ao invés de competir.

“É muito comum as pessoas entenderem que cooperativismo é uma experiência comunitária apenas. As pessoas têm dificuldade de entender que uma cooperativa é uma empresa e, como uma empresa, tem que ser competitiva, dar resultados, atender bem os clientes e ter produtos de qualidade. A diferença do cooperativismo é a forma como ele distribui a lucratividade deste trabalho. A cooperativa é extremamente adequada para o momento em que a gente está hoje, em que as pessoas estão tentando diminuir as diferenças sociais”, explicou.

Números do cooperativismo do trabalho em 2025

Brasil | Minas Gerais

  • Cooperativas: 641 | 47
  • Cooperados: 193,8 mil | 4,7 mil
  • Empregados: 13 mil | 259

Movimentação econômica do cooperativismo do trabalho em Minas

2023: 157,8 mi
2024: 164,1 mi
Alta de 4%

Fonte: Anuário de Informações Econômicas e Sociais do Cooperativismo Mineiro – 2025

CLT x PJ x MEI x Coooperativa de Trabalho

Criada em 1943, a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) é um regime de trabalho que garante uma série de direitos trabalhistas como 13º salário, férias remuneradas, FGTS, horas extras e estabilidade considerada relativa. Também pode haver benefícios como vale-refeição e plano de saúde.

De acordo com especialistas, essa modalidade assegura maior proteção previdenciária, mas oferta menos flexibilidade de carga horária e de local de trabalho. Para o trabalhador, o salário líquido costuma ser menor em razão dos descontos obrigatórios de Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e imposto de renda.

Já a contratação como Pessoa Jurídica (PJ) permite maior autonomia e flexibilidade, com horários sob negociação e possibilidade de atender mais de um cliente ao mesmo tempo. Neste regime, os rendimentos líquidos são mais altos, porém, não há direitos previstos em CLT, como férias, e o profissional pode ser desligado sem indenização.

Outro regime comum é como Microempreendedor Individual (MEI), que formaliza pequenos empreendedores. Com ele há benefícios previdenciários garantidos como aposentadoria por idade, auxílio-doença, salário-maternidade e pensão por morte. Em contrapartida, o MEI tem limitações como teto de faturamento.

Por fim, na cooperativa de trabalho, os próprios trabalhadores se unem para prestar serviços ou produzir bens de maneira coletiva. Neste formato, todos os membros são donos e trabalhadores ao mesmo tempo, participando das decisões e dividindo responsabilidades. Os ganhos não vêm de salário e sim do rateio das sobras (lucros), conforme a participação de cada cooperado.

World Coop Management 2025 (WCM’25) é realizado no Minascentro, em Belo Horizonte. | Foto: Anderson Rocha/ Diário do Comércio
World Coop Management 2025 (WCM’25) é realizado no Minascentro, em Belo Horizonte. | Foto: Anderson Rocha/ Diário do Comércio

World Coop Management 2025 (WCM’25)

Com cerca de 25,8 milhões de cooperados no Brasil, o que representa 12,14% da população brasileira, e R$ 757,9 bilhões em movimentação financeira no último ano no País, o cooperativismo consolida sua importância para a economia e para a sociedade.

Neste contexto, Belo Horizonte sedia o fórum de liderança e estratégia do cooperativismo World Coop Management 2025 (WCM’25), nos dias 22 e 23 de setembro.

No encontro, que é realizado no Minascentro (avenida Augusto de Lima, 785 – Centro), ocorrem palestras, painéis e participação de lideranças globais do setor. O objetivo é discutir inovação, estratégia e o impacto da inteligência artificial no cooperativismo.

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