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Cresce a presença de mulheres no mercado de engenharia; conheça três mineiras da área

Ainda assim, número de engenheiras é bem menor do que o de homens na área; veja como três engenheiras de Minas Gerais se posicionam neste mercado
Cresce a presença de mulheres no mercado de engenharia; conheça três mineiras da área
Margareth Martins se formou no curso de engenharia mecânica pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e celebra a sua inserção no mercado de trabalho | Foto: Arquivo Pessoal

As mulheres já conquistaram muitos setores que, antes, eram dominados exclusivamente pelos homens – e ainda existem profissões em que a presença feminina, apesar de ser reduzida, segue tendo avanços importantes. É o que ocorre na área da engenharia, que registrou aumento no número de profissionais mulheres que entraram para o mercado de trabalho no último ano.

Segundo os dados apurados pelo Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea), em 2023, o percentual de mulheres registradas como engenheiras no Brasil foi de 20%, enquanto em 2022 era de 19%. Isso significa que, de um total de 1,1 milhão profissionais da área, 200 mil são do sexo feminino, o que inclui profissionais de vários segmentos, dentre eles:

  • engenharia civil;
  • engenharia mecânica;
  • engenharia elétrica;
  • engenharia química;
  • engenharia de computação;
  • engenharia de produção;
  • engenharia ambiental;
  • engenharia biomédica;
  • engenharia de alimentos;
  • e engenharia aeroespacial.

É o caso de Margareth Martins, que se formou no curso de engenharia mecânica pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e trabalha, atualmente, como prestadora de serviço parceira de uma empresa de geotecnologia em Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). Ela é uma das 31 mulheres que se formaram no curso que já existe há 62 anos na instituição de ensino.

“Na época, não conhecia a área de engenharia mecânica. Quem é de fora pensa que mexemos em carro, mas é uma área que é um mundo totalmente diferente do que imaginam. Comecei a pesquisar e me apaixonei pela engenharia mecânica”, disse a engenheira.

Desde que se formou, em 2022, ela conta que já enfrentou preconceito, inclusive vindo de colegas de profissão no próprio ambiente de trabalho.

“Já sofri, sim, esse preconceito, e na hora me senti desmotivada, mas isso foi superado. Eu vejo que quem gosta da área tem que encarar e é um desafio. Quando você vê que superou esse desafio, você se sente muito melhor”, acrescenta Margareth Martins.

Nas salas de aula, maioria esmagadora de homens

Embora a presença feminina esteja crescendo, ainda é bem maior a presença de alunos homens nos cursos de engenharia das universidades do País.

De acordo com o Resumo Técnico do Censo da Educação Superior, elaborado pelo Ministério da Educação, a Engenharia Civil é o segundo curso com maior participação masculina, sendo composto por 70,6% de homens e 29,4% de mulheres, ficando atrás apenas de Sistemas de Informação, que possui 83% de homens e 17% de mulheres.

Em Divinópolis, diversidade e inclusão foi essencial para a valorização profissional

Recém-formada em engenharia de produção pela Universidade Estadual de Minas Gerais (Uemg), Eduarda Luisa Teixeira Maia sentiu o impacto disso em um estágio que fez em uma empresa composta majoritariamente por homens.

“Lá eu sentia que havia uma percepção de que nós mulheres éramos frágeis. Por essa diferença de tratamento, justamente por ser mulher e por ser muito nova, quis até desistir da área. Por ser um setor que não tem tantas mulheres a gente se sente como um peixinho fora d’água”, relembra.

Eduarda Maia atua com engenharia de produção em Divinópolis | Foto: Divulgação Farmax

Na reta final de sua graduação, Eduarda estagiou na Farmax, companhia sediada em Divinópolis, na região Centro-Oeste de Minas Gerais, e uma das maiores plataformas de cosméticos e produtos de higiene pessoal do País. Após se formar, ela foi contratada na mesma empresa e, hoje, atua como engenheira de produção na área de projetos.

Segundo ela, a empresa a ajudou a se sentir mais profissional. “Na Farmax, há o viés de diversidade e inclusão. Estes são temas que têm valor para a empresa. Aqui eu me sinto necessária e não tenho aquela fragilidade de quando as pessoas pensavam de mim. É um ambiente onde as pessoas me tratam como a Eduarda, engenheira”, afirma.

Sempre haverá oportunidades, diz engenheira que hoje é CEO

Antes de fundar e ser CEO da Horizonte Energia, com sede no Vila da Serra, em Nova Lima, na RMBH, Sheyla Rodrigues Santiago atuava com engenharia eletrônica. Ela conta que, desde 2016, percebia que o setor de engenharia demandava bem o mercado de energia fotovoltaica. Foi quando ela realizou alguns cursos pela PUC Minas.

“Vi um mercado em crescimento e, em 2017, decidi definitivamente abrir a minha empresa. É uma área em ascensão, de tecnologia, e fala sobre sustentabilidade”, diz. Atualmente, a empresa de Sheyla Santiago opera com a construção de usinas para a captação de energia solar.

Ela não considera que o mercado seja um ambiente marcado por falta de oportunidades, mas entende que é preciso força e persistência enquanto mulher e profissional.

Sheyla Rodrigues Santiago é CEO da Horizonte Energia com sede Nova Lima, na RMBH |Foto: Divulgação Horizonte Energia

“Mulheres no setor de engenharia serão sempre menosprezadas por conta de força física. Os homens, muitas vezes, não nos veem como executoras, mas como projetistas para modelos de negócios. Porém, temos capacidade física de executar tarefas braçais assim como eles. Isso ocorre muito com clientes com mais idade, pois são de outras épocas, onde os pensamentos não são similares aos de clientes mais novos”, pontua.

Já no mercado, segundo a empresária, profissionais engenheiros se respeitam, independentemente de idade ou de gênero. “Eles entendem que as mulheres estão em ascendência no mercado, pois temos a capacidade de fazer várias coisas ao mesmo tempo, perspicácia maior do que os homens, inclusive, no que diz respeito à força física”. pontua.

Ela relata uma experiência em que, ao chegar para fazer uma obra, percebeu que era vista de forma diferente do que seus colegas do sexo masculino.

“Para eles, nós mulheres vamos precisar de mais pausas, mais descanso, vamos ter dificuldades maiores que os homens, mas são serviços que todas as mulheres podem executar. Eu vou pegar a obra é por mérito. Essas são situações reais que já aconteceram e que acontecem com muitas mulheres que estão em campo. É preciso não deixar se levar por isso. Sempre haverá oportunidades para boas engenheiras”, conclui.

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