Gestão

Escassez de talentos e IA devem impactar contratações em 2026

Estudo da Robert Half identifica pressão por especialistas técnicos em um mercado marcado por pleno emprego em Minas Gerais
Escassez de talentos e IA devem impactar contratações em 2026
Crédito: Reprodução

Dados do Guia Salarial 2026 da Robert Half revelam que, em Minas Gerais, as áreas de Projetos, Suprimentos, Processos e Comercial devem liderar as contratações no próximo ano, acompanhadas por forte demanda em Recursos Humanos, especialmente em Recrutamento e Seleção e Desenvolvimento Humano e Organizacional (DHO).

De acordo com o gerente de recrutamento da Robert Half, Alexandre Mendonça, com uma taxa de desemprego de apenas 3%, entre profissionais com qualificação, o desafio das empresas mineiras é reter talentos em um cenário de pleno emprego. A área tributária (TAX) também ganha relevância, impulsionada pela Reforma Tributária, que estimula a contratação de especialistas fiscais, controllers e analistas financeiros com domínio de sistemas de gestão em 2026.

Alexandre Mendonça
A tecnologia emerge como vetor de inovação e diversificação da economia estadual, explica Mendonça | Foto: Divulgação Robert Half

“O Estado mantém sua força em mineração e agronegócio, setores tradicionais que continuam a atrair grandes investimentos e movimentar cadeias produtivas em todo o território mineiro. A construção civil e a infraestrutura também seguem em alta, sustentadas por projetos de rodovias, ferrovias, saneamento e obras urbanas de grande porte. Ao mesmo tempo, a tecnologia emerge como vetor de inovação e diversificação da economia estadual”, explica Mendonça.

Profissionais que devem ser mais demandados em 2026:

  • Analistas e Cientistas de Dados;
  • Especialistas em Inteligência Artificial;
  • Engenheiros e Engenheiras e Especialistas em Energias Renováveis e Eficiência Energética;
  • Diretores e Gerentes de Engenharia, Construção e Operações (COO);
  • Chief Data Officers (CDOs) e líderes de Analytics.

Para a gerente regional da Robert Half, Erika Moraes, o Guia também mostra que os conhecimentos em inteligência artificial (IA) já deixaram de ser um diferencial para se tornar uma obrigação. É o uso criterioso dessa ferramenta que vai dizer quais profissionais permanecerão no mercado e quais serão engolidos pela tecnologia.

Erika Moraes
Quanto maior a interação humana, menor a chance de o colaborador ser substituído pela IA, afirma Erika Moraes | Foto: Divulgação Robert Half

“A IA não é o fim, ela é um processo, um catalisador. Quanto maior a interação humana, menor a chance de o colaborador ser substituído pela IA. O profissional diferenciado sabe usar a IA para melhorar o seu trabalho. O pensamento crítico é necessário para usar a IA como ferramenta de apoio e ganhar eficiência nos processos. As posições com mais possibilidade de contratações em 2026 estão na área de dados. Minas é um berço de startups, criptomoedas, bets, muito pela pauta de tecnologia. Setores como bancos e mineração têm, inclusive, perdido executivos para esses mercados”, pontua Erika Moraes.

Habilidades mais valorizadas

Em um cenário de transformação digital e escassez de mão de obra, ganham destaque profissionais com:

  • Domínio em Inteligência Artificial e automação de processos;
  • Inglês fluente e visão internacional;
  • Relacionamento interpessoal, comunicação assertiva e liderança regenerativa (habilidades humanas que equilibram o avanço tecnológico).

Se a escassez de profissionais é um problema global e espalhado por praticamente todos os setores, Minas Gerais tem um ponto a seu favor para atrair e reter talentos. A qualidade de vida, especialmente nos quesitos segurança e qualidade da educação, tem sido capaz de ajudar as empresas instaladas no Estado a competirem por mão de obra qualificada.

“Executivos têm vindo para Minas pela qualidade de vida. Conseguimos ser atrativos com boas escolas que, muitas vezes, têm seus alunos contratados mesmo antes da formatura. Ao mesmo tempo, as empresas têm investido em qualificação interna e treinamentos. Não existirá mais profissional pronto, pela velocidade de mudança do mundo. O mercado é cada vez mais competitivo e, muitas vezes, tem utilizado a contraproposta como ferramenta de retenção, mas normalmente é a pior forma. É insustentável. Profissionais qualificados e comprometidos têm oportunidades, mas é preciso estar disposto a esperar e fazer o passo a passo. Aprender a reaprender e ter um espírito curioso para a aprendizagem. Hoje, o maior ativo são as pessoas e são elas que vão buscar as ferramentas”, alerta a gerente regional da Robert Half.

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