Empresas testam expediente de 4 dias por semana e têm ganhos; veja resultados

O modelo de semana de trabalho com quatro dias de expediente, que está sendo testado por várias empresas ao redor do globo, revela-se promissor também no Brasil. Um estudo conduzido por duas organizações não governamentais, que defendem a redução da jornada laboral, aponta que os colaboradores apresentaram mais energia e menos estresse, ansiedade e insônia ao longo da semana.
Ao todo, 22 empresas participaram da pesquisa, mas uma delas decidiu parar com o teste piloto após um mês de monitoramento da experiência. Desta forma, entre as 21 companhias que seguiram com a experiência, a maioria dos colaboradores reportou, após três meses de implementação, alguns avanços. Veja os principais:
- para 82,4%, a nova rotina resultou em mais energia para o trabalho;
- para 62,7% houve reduções em estresse;
- 62,7% dos colaboradores disseram que sentiram menos ansiedade;
- já para 50% deles, a experiência trouxe menos insônia no decorrer da semana.
A iniciativa é liderada pela 4 Day Week, uma organização sem fins lucrativos focada na promoção da semana laboral reduzida, em colaboração com a Reconnect Happiness at Work, entidade brasileira. Os resultados iniciais foram compartilhados após análise conjunta com a Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV-EAESP) e o Boston College, instituição norte-americana responsável pela metodologia do estudo.
Mais criatividade e capacidade para cumprir prazos
As empresas que aderiram ao teste adotaram o modelo 100-80-100: manutenção do salário integral e redução da jornada para 80% do tempo habitual, para preservar 100% da produtividade anterior.
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Segundo o estudo, a mudança trouxe impactos positivos na rotina de trabalho dos colaboradores e, consequentemente, na rotina da empresa. Veja quais foram:
- 44,4% de melhoria na capacidade de cumprir prazos;
- 61,5% de melhoria na execução de projetos;
- 58,5% de melhoria na criatividade e inovação;
- 33,3% de melhoria na capacidade de atrair novos clientes.

Na pesquisa, foi identificado que, das 21 empresas participantes, 40,2% adotam o modelo de trabalho presencial. Outras 34,4% têm regime de trabalho remoto e, 25,4%, híbrido. Na grande maioria delas (60,2% das participantes), a escolha foi por oferecer folgas às sextas-feiras. Outras, 22,1% oferecem o dia extra de descanso na segunda-feira e, 12,2%, na quarta-feira.
Mudança estrutural
Para a CEO e fundadora da Thanks for Sharing, produtora paulista especializada em vídeos motion design e participante do piloto, Simone Cyrineu, a experiência foi uma decisão coletiva. “Eu tinha esse interesse pessoal, porque faz parte dos nossos valores e posicionamento de mercado construir um negócio lucrativo, sustentável e alinhado às demandas do futuro”, relata.
“Mas é uma mudança estrutural, o papo é menos sobre o dia de folga e mais sobre as mudanças na economia. É sobre: será que não dá para girar essa roda de forma diferente? Era algo que impactaria a vida de todos, então levei para todos. Até porque ia tomar tempo de todos, e tinha um investimento financeiro a ser feito”, completa.
Aumento de salário ou rotina de quatro dias?
A pesquisa também revela que 36,8% dos participantes consideraria retornar à jornada de cinco dias por semana caso recebessem um aumento salarial superior a 50%.
Por outro lado, 28,6% dos entrevistados expressaram que não fariam essa mudança sob nenhuma circunstância, mesmo diante da possibilidade de um salário maior, indicando que 71,4% dos entrevistados estariam abertos a negociar o retorno ao esquema anterior por algum tipo de incremento salarial.
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