Evento apresenta estratégias de gestão inspiradoras

O 9º Ciclo do Programa de Desenvolvimento da Gestão das Cooperativas – PDGC 2021 foi lançado na quarta-feira (24), em um evento on-line promovido pelo Sistema Ocemg [formado pelo Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado de Minas Gerais (Ocemg) e o Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo de Minas Gerais (Sescoop-MG)].
O objetivo era apresentar modelos inspiradores de estratégias de gestão e governança, considerando principalmente o contexto de inovação tecnológica e a necessidade das instituições se adaptarem ao novo acelerado pela pandemia.
Logo na abertura, o presidente do Sistema Ocemg, Ronaldo Scucato, destacou os resultados das cooperativas durante a crise causada pela pandemia de Covid-19 ao longo de 2020 e a importância do modelo para a recuperação econômica do País, inclusive, no que diz respeito à pressão para a construção de uma política pública responsável e eficiente de vacinação e combate à doença.
“Neste momento, precisamos ainda mais de gestão e governança nas cooperativas. O País parou em 2020 e o cooperativismo andou com eficiência. O agro não parou. As cooperativas de transporte de carga entregaram, abasteceram o País. As cooperativas de crédito atenderam às micro, pequenas e médias empresas de forma mais eficiente do que o mercado financeiro tradicional, com juros menores e facilidade na liberação de recursos. Na saúde, as cooperativas médicas, de enfermeiros, fisioterapeutas e outros profissionais se mantiveram na frente do risco. Agora, os cooperativistas autênticos têm que empunhar a bandeira da indignação contra a autoridade constituída do País, temos que exigir a vacinação. Precisamos nos indignar. É preciso valorizar e respeitar a vida”, conclamou Scucato.
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A adesão das cooperativas mineiras ao PDGC – cerca de um terço do total de participantes – ao longo dos anos foi saudada pelo presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), Márcio Lopes de Freitas.
“Queremos que o PDGC seja uma trilha de aprendizagem que não acaba nunca. É um processo muito complexo. O PDGC foi desenvolvido para tratar com gente. O cooperativismo é feito por gente, pessoas que mudam. Minas é um resumo do Brasil. Quando Minas dá o exemplo isso se propaga para o Brasil todo”, pontuou Freitas.
Como não poderia deixar de ser, a pandemia permeou as discussões do evento. Impactadas de maneira inédita, muitas empresas ao longo de 2020 tiveram muitas dificuldades com a tomada de decisões. Os dois primeiros palestrantes trataram do tema.
Determinação
De acordo com o ex-presidente da Cooperativa da Construção Civil do Estado do Ceará (CooperconCE), João Lima, a pior decisão é não tomar nenhuma decisão nos momentos críticos.
O empresário cearense fez uma volta ao mundo de veleiro e enfrentou uma grande tempestade na costa da Austrália, que colocou em risco sua esposa e duas filhas. Eles enfrentaram ventos de 130k/h e ondas com mais de cinco metros de altura por 24 horas.
“Quando vem o imprevisto, vem a dúvida. Imagine o quanto há de dúvida nesse momento de pandemia. Não sabemos quando vai acabar, se vamos ser contaminados, qual será a próxima mutação do vírus. Continuamos todos em risco. Aceitar a dor foi importante para mim durante a tempestade. Por que sobrevivi? O meu preparo, onde escolhi fazer o curso de navegação com os melhores profissionais. Foi esse preparo que me condicionou a tomar as decisões corretas. Eu já estava há cinco anos no mar, conhecia o barco intimamente. O profissionalismo das equipes de socorro da Austrália. Tudo isso além do controle emocional e da fé. E, claro, vontade viver. A decisão que me fez viver foi morrer lutando”, exemplificou Lima.
Cultura Ágil
O ex-gerente-geral da Cabify, Cláudio Azevedo, falou sobre a necessidade da construção de uma cultura ágil pelas empresas que pretendem continuar competitivas em um mundo impactado pela pandemia, em que o todo o tempo disponível deve ser bem utilizado para a geração de valor para o consumidor.
“Quando pensamos em gestão temos a tendência de tentar encaixar a realidade na nossa forma de fazer. Devemos perguntar se as metodologias que rodamos ainda estão aptas a lidar com essa nova realidade. O mundo que temos hoje é de incertezas. Não sabemos o que vai acontecer amanhã. Muitos processos que rodamos são um conjunto de controles que se parecem muito com a era industrial, mas estamos na era digital. O mundo é muito menos controlado e controlável que antes. Os dados são muito mais aptos a nos dizer o caminho correto do que a experiência de uma só pessoa. As empresas que não estão trabalhando assim já estão defasadas”, defendeu Azevedo.

Na segunda parte do evento, o técnico de voleibol Bernardo Rezende – o Bernardinho – falou sobre o papel da liderança para a construção de times vencedores nas quadras e no mundo dos negócios. Segundo o campeão olímpico, todo líder precisa saber motivar seu time e para que isso aconteça é importante conhecer os membros da equipe. Sabendo disso, dois pilares suportam a motivação: a paixão e a necessidade.
“Empreender é um esporte coletivo. Há uma interdependência diária. A minha indústria – o vôlei – é desenvolver gente. Quanto mais capacitadas forem as pessoas, melhores as condições de resultados positivos. Quando jovem eu achava que seria capaz de motivar a todos. Mas a motivação vem de dentro. Os pilares, para mim, são a paixão pelo que se faz. Ela nos torna mais perseverantes. E a necessidade. Ela gera a liderança pelo exemplo. E o líder é o guardião dos valores, aquilo que não é negociável”, completou Bernardinho.
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