FGV Social lança pesquisa sobre bem-estar trabalhista

Pouco mais de um ano depois de a pandemia de Covid-19 chegar ao País, o que houve com a desigualdade e a prosperidade trabalhistas desde então? E os indicadores subjetivos de bem-estar como felicidade e emoções cotidianas? Como o Brasil se compara com o resto do mundo?
O Topo da Desigualdade – A pandemia adiciona mais três centésimos ao índice de Gini trabalhista levando até 0.674 em 2021 (1º trimestre), nosso recorde na série histórica. A literatura considera este movimento um grande salto de desigualdade.
Prosperidade – No trimestre de janeiro a março de 2020, a renda média alcança o maior ponto da série R$ 1.122 e em menos de um ano cai 11,3% e vai para o ponto mais baixo da série histórica de R$ 995, primeira vez abaixo de um mil reais mensais. Queda de 11,3%.
Bem-Estar Social – Integramos a evolução da média com a desigualdade como componentes da medição do bem-estar geral da nação. O bem-estar trabalhista estava em empate técnico do nível em 2020T1 com o do início da série histórica em 2012, ou seja, não houve progresso social líquido nesta década. No ano seguinte da pandemia o bem-estar cai 19,4%, que representa o novo piso da série.
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Pobres perderam mais – A média das rendas individuais do trabalho na população de idade incluindo os sem trabalho caiu 10,89% na pandemia, a queda de renda da metade mais pobre foi 20,81% queda quase duas vezes maior que a da média.
Felicidade foi embora – Indo a medidas subjetivas de bem-estar, resultado de respostas diretas das pessoas sobre a sua vida. Começamos com medida geral de felicidade dada por uma nota de avaliação de satisfação com a vida numa escala 0 a 10. O Brasil tem uma queda de 0,4 ponto em 2020, chegando a 6,1 o menor ponto da série histórica desde 2006.
Mais desigualdade de felicidade – A queda da felicidade se dá nos 40% mais pobres (-0,8%) e no grupo do meio (-0.2) situados entre 40% a 60% da renda. Já os grupos mais abastados mantiveram a satisfação com a vida. Ou seja, há aumento da desigualdade de felicidade na pandemia. A diferença de satisfação com a vida entre os extremos de renda era de 7,9% em 2019 sobe para 25,5%.
Comparações internacionais – A pandemia do Covid-19 afeta de maneira marcada o dia a dia das pessoas ao redor do globo terrestre. Usamos como quase experimento a comparação do Brasil com 40 outros países pesquisados que cobrem da Áustria, passando pela China chegando a Zimbawe. A nota média de satisfação da vida presente do brasileiro, caiu de 6,5 em 2019 para 6,1 em 2020. No resto do mundo a nota tinha ficado parada durante a pandemia em torno de 6,0. Ou seja, há marcada perda relativa de felicidade no Brasil durante a pandemia.
Emoções cotidianas – Há também medidas pontuais de bem-estar que pergunta emoções sentidas em quantidades relevantes na véspera da pesquisa. Nos referimos ao sentimento de raiva, preocupação, estresse, tristeza e divertimento. A sensação de raiva sobe de 19% em 2019 para 24% em 2020 dos brasileiros, uma mudança de 5 pontos de porcentagem. No mundo este avanço foi de 0,8% pontos percentuais. Ou seja, a raiva aumenta 4,2 pontos percentuais a mais no Brasil durante a pandemia que no resto do mundo. Similarmente: preocupação, stress e tristeza sobem, respectivamente 3,6, 2,9 e 2,2 pontos percentuais a mais no Brasil do que no resto do mundo. Todos indicadores subjetivos de bem-estar considerados pioraram mais no Brasil na pandemia que a média dos 40 demais países.
Em geral, indicadores objetivos e subjetivos mostram na pandemia piora das desigualdades dentro do Brasil e uma perda maior gerada para o país do que para o conjunto de 40 nações.
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