Gestão

Em evolução, futebol feminino ainda sofre com falta de gestão profissional

Negociações de direitos de imagens dos jogos com as emissoras de televisão ainda é um desafio
Em evolução, futebol feminino ainda sofre com falta de gestão profissional
Foto: Diário do Comércio/Leonardo Leão

O futebol feminino está passando por um processo de profissionalização na gestão das equipes e dos campeonatos no Brasil. Apesar desse avanço, a modalidade ainda enfrenta alguns desafios para se tornar viável financeiramente. Um dos pontos críticos para alavancar a categoria são as negociações de direitos de imagens dos jogos com as emissoras de televisão. O tema foi discutido durante a 3ª edição do Fórum SAF, que acontece nesta quinta-feira (16), em Belo Horizonte.

O diretor da divisão de futebol feminino da Sociedade Esportiva Palmeiras, Alberto Simão, afirmou que o futebol feminino pode ser rentável e obter muito sucesso se a gestão for feita da forma correta. Segundo ele, os dirigentes ainda não estão sabendo “vender o nosso produto”.

A modalidade registrou um avanço nos valores de premiação dos torneios disputados tanto no âmbito nacional quanto internacional. O dirigente pontua que o valor pago na Copa do Brasil de Futebol Feminino é de aproximadamente R$ 1 milhão, no Campeonato Brasileiro são R$ 2 milhões e a premiação da Copa Libertadores é de cerca de R$ 10 milhões.

Apesar de ainda serem valores abaixo dos praticados no futebol masculino, Simão ressalta que isso pode ser visto como uma evolução da categoria, assim como a ampliação do calendário oficial de jogos. Segundo ele, os investimentos também estão avançando nos últimos anos.

Uma das principais fontes de renda no futebol feminino, assim como no masculino, é a venda de atletas, principalmente, para o exterior. O diretor lembra que o Palmeiras realizou recentemente a maior negociação da história do futebol feminino no Brasil com a venda de 80% dos direitos econômicos da jogadora Amanda Guedes por US$ 1,1 bilhão para o Boston Legacy dos EUA.

“O futebol feminino não é custo, ele é investimento. Se for bem trabalhado, souber investir e fazer o trabalho bem feito, ele dará lucro”, garante.

Foto: Diário do Comércio/Leonardo Leão

Desafios a serem superados

Para o dirigente, a maioria dos clubes investe no futebol feminino por obrigação e não por convicção. Isso porque, entidades como a Comembol implementaram ferramentas que obrigam as equipes que tem pretensões de participar de suas competições a criarem divisões voltadas para a modalidade feminina.

Alberto Simão relata que os investimentos na categoria não ultrapassam 5% do orçamento anual dos times. Para o dirigente, eventos como o Fórum SAF 2025 podem contribuir para divulgar informações importantes a respeito do futebol feminino no País. “Que possamos fazer com que essas informações nos ajudem a melhorar e fazer esse projeto crescer”, declara.

Simão ressalta que um dos grandes desafios para a categoria é a forma como os dirigentes tratam as negociações dos direitos de transmissão dos times. Para ele, esse é o grande diferencial entre as categorias masculina e feminina. “Nós negociamos com até sete emissoras mas os clubes não recebem praticamente nada. A diferença orçamentária está exatamente nos direitos de TV”, diz.

Apesar dos obstáculos, o gestor ressalta que uma das principais contribuições que o futebol feminino pode fazer para a sociedade é a geração de oportunidades para mulheres que sonham em se tornar uma jogadora de futebol e mudar a vida de sua família. Para Simão, a palavra que define este propósito é “acolhimento”.

Para tratar essa proposta de acolhimento, o Fórum SAF 2025 é um dos apoiadores da campanha Cartão Vermelho ao Feminicídio do Ministério Público do Estado de Minas Gerais (MPMG).

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