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Geração Z é a mais desafiadora para lideranças; veja como driblar conflitos

Geração tem enfrentado desafios quando a realidade de práticas empresariais não atendem critérios como autonomia, flexibilidade e sustentabilidade
Geração Z é a mais desafiadora para lideranças; veja como driblar conflitos
Crédito: Freepik

Qual é a geração mais desafiadora no ambiente de trabalho? Se você respondeu “Geração Z“, ou seja, aquela formada por jovens de 14 a 29 anos, saiba que não está só em sua percepção.

Segundo o relatório “Tendências – Gestão de Pessoas 2024”, divulgado recentemente pelo Great Place To Work (GPTW), esta é a geração que tem gerado mais dificuldade para as lideranças, tendo sido apontada como um desafio por 68,1% dos entrevistados.

Para se ter uma ideia, em segundo lugar na lista das gerações mais desafiadoras aparecem os Baby Boomers (profissionais com 60 a 79 anos), mas eles só foram citados por 11,4% do mercado.

“Percebe-se que a Geração Z liderou essa questão com bastante folga para a segunda colocada. Isso nos mostra como as necessidades de mudanças propostas pela juventude têm proporcionado dificuldade na adaptação das pessoas gestoras”, destaca o relatório do GPTW.

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Por isso, cada vez mais, a chegada dessa geração às empresas acende uma alerta sobre a necessidade de moldagem do mercado de trabalho para novas necessidades, assim como a reavaliação das práticas de liderança nas empresas dos setores público e privado.

Quais os principais desafios da Geração Z?

Segundo a psicóloga, palestrante e especialista em Carreira e Saúde Mental no Trabalho Janaina Fidelis, os desafios enfrentados pela Geração Z no mercado de trabalho são multifacetados, refletindo as rápidas mudanças tecnológicas e as transformações sociais que caracterizam o período em que cresceram. Ela aponta os seguintes como sendo os principais:

  • Adaptação às expectativas tradicionais de trabalho;
  • Busca simultânea de estabilidade e inovação;
  • Impacto das tecnologias e inteligência artificial;
  • Busca por propósito e alinhamento de valores.

“Muitos jovens da Geração Z encontram dificuldades em se adaptar às normas e expectativas tradicionais dos ambientes corporativos, que frequentemente contrastam com seus valores de flexibilidade e equilíbrio entre vida pessoal e profissional”, diz a especialista.

“Eles valorizam ainda a autonomia e a capacidade de trabalhar de forma remota ou com horários flexíveis, além de lugares que façam a diferença no mundo. Esse último pode ser um desafio quando enfrentam a realidade de práticas empresariais que não atendem a esses critérios”, comenta.

Para a psicóloga, embora desejem estabilidade, os membros da Geração Z também são altamente inovadores e buscam empregos que permitam que contribuam criativamente. Isso pode levar, segundo ela, a frustrações em ambientes que não incentivam a inovação ou a participação ativa na tomada de decisões.

Há uma característica que, para Janaina Fidelis, favorece o desenvolvimento e desempenho da Geração Z no mercado de trabalho: “Como cresceu na era digital, a Geração Z é altamente adepta das tecnologias. No entanto, isso também traz o desafio de manter as habilidades atualizadas em um mercado que está constantemente evoluindo, especialmente com a automação e a inteligência artificial mudando a natureza de muitos empregos”.

Como as empresas e lideranças podem se adaptar à Geração Z?

O relatório do GPTW ressalta que o mesmo tipo de crítica que a Geração Z sofre hoje já foi sentido pela geração anterior, anos atrás, indicando que esse é um comportamento cíclico dos gestores em relação aos mais jovens:

“A GenZ tem sido responsabilizada pelas outras gerações pela falta de comprometimento e impaciência na carreira. Esse estranhamento de gerações não é, porém, uma novidade. (…) Em meados dos anos 2000, o mesmo discurso foi utilizado para caracterizar os Millennials, mostrando que esse cenário é cíclico”.

Diante desse cenário, as organizações estão sendo compelidas a reconsiderar suas abordagens, visando não apenas a integração harmônica entre as gerações, mas também a criação de um ambiente de trabalho cada vez mais tecnológico e que ressoe com os valores e expectativas da Geração Z.

Este processo de adaptação não se trata apenas de uma questão de gestão de pessoas, mas de uma evolução necessária para assegurar a sustentabilidade e a resiliência das empresas em um mercado cada vez mais dinâmico e diversificado.

Para o estudo do GPTW, o primeiro movimento passa por driblar as críticas e estereotipações da juventude: “Um olhar mais positivo para os jovens impulsiona o diálogo. Ao olharmos para o futuro, vale espiarmos o passado e perceber que as mudanças provocadas pela chegada de novos profissionais fizeram as organizações evoluírem”.

O relatório complementa: “Compreender a juventude e trazer um espaço mais harmônico para um ambiente de trabalho que contempla até quatro diferentes gerações é a melhor maneira para evitar conflitos”. E conclui: “Este é o momento de aprendermos com a Geração Z”.

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