Gestão de dívidas: como elaborar um plano de reestruturação

Apesar de fundamental, a saúde financeira de um empreendimento nem sempre é missão simples para as empresas, principalmente quando há instabilidades econômicas ou falhas de gestão. A situação pode se tornar ainda mais complicada em momentos de crise.
Dados do Serasa Experian mostram que as empresas em Minas Gerais começaram 2025 com alta na taxa de inadimplência. Em janeiro deste ano, 26,3% dos negócios mineiros estavam com as contas negativadas, de acordo com o Indicador de Inadimplência das Empresas. A taxa de inadimplência dos negócios do Estado voltou a subir em relação ao mês anterior (26%). Entretanto, é menor do que a registrada em janeiro do ano passado (26,7%) e está abaixo da média nacional, de 31,4% do total de companhias existentes.
Em todo o País, eram 7,1 milhões de empresas que estavam com as contas no vermelho em janeiro de 2025. O resultado é 5,9% superior ao registrado no mesmo período de 2024. O atual cenário da economia, com expectativa de elevação da taxa básica de juros (Selic) e desaceleração econômica, gera uma dificuldade para as empresas tentarem se refinanciar, já que os CNPJs têm a estrutura de custos prejudicada.
Segundo o consultor em Gestão Financeira Empresarial Robson Evangelista a reorganização dos compromissos financeiros da empresa, com foco em melhores condições com credores, a redução de juros e prazos mais longos para pagamento, estão entre as atitudes a serem tomadas. Assim, é possível aliviar a pressão sobre o caixa, evitar a inadimplência e restaurar a capacidade de geração de receita.
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“A crise, quando bem gerida, pode ser um ponto de virada para o negócio. O mais importante é não adiar as decisões e buscar apoio especializado sempre que necessário”, explica.
Veja os principais pontos para um plano de reestruturação
Diagnóstico financeiro: o primeiro passo
Mapear a situação financeira de forma completa e detalhada é um bom ponto de partida. “É importante identificar todos os débitos existentes, analisar credores, prazos de vencimento, encargos e valores acumulados. Essa etapa permite ter clareza sobre o cenário atual e planejar com mais segurança os próximos movimentos”, destaca Evangelista.
Renegociação e reorganização de prazos
Com as informações em mãos, é possível estabelecer um diálogo transparente com fornecedores, instituições financeiras e demais credores para garantir condições mais favoráveis. O foco deve ser na redução de juros, buscar períodos de carência e extensão de prazos para que a empresa possa respirar um pouco. “Uma renegociação bem conduzida evita desgastes e processos judiciais desnecessários. Com clareza e planejamento, é possível construir acordos viáveis para todos os lados”, completa.
Defina prioridades
O especialista alerta que nem todas as dívidas precisam ser quitadas de imediato. Por isso, é essencial definir as prioridades na execução do plano. “Avalie os compromissos mais urgentes, com menor margem de negociação. Fornecedores estratégicos ou pendências trabalhistas, por exemplo, podem estar entre os que exigem atenção especial”, avalia.
Reestruturação como oportunidade de crescimento
Robson Evangelista destaca ainda que o processo de reestruturação de dívidas deve ser encarado como uma oportunidade de reorganizar o negócio e voltar a crescer com segurança. Com o equilíbrio financeiro restabelecido, a empresa ganha fôlego para investir, inovar e competir com mais solidez no mercado.
Colaborador
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