Líderes e equipes precisam ser flexíveis

Acostumados ao esquema de “comando e controle” – ainda que essa mentalidade estivesse em decadência – a urgência de uma mudança de comportamento em relação à gestão de pessoas nos últimos dois anos levou e continua levando os líderes a uma revisão de estratégias e táticas. Pela primeira vez, eles também não tinham respostas para tudo.
A Nespresso Professional, segmento da companhia responsável por soluções para escritórios, hotéis, restaurantes e cafeterias, divulgou a “Pesquisa Nespresso Professional: O Futuro do Ambiente de Trabalho no Cenário Pós-Pandemia”, que buscou compreender as tendências sobre o futuro do ambiente de trabalho neste momento de volta para os escritórios.
Segundo o documento, ainda existe um descompasso entre o que os líderes e empresas entendem e propõem sobre esse novo momento pós-pandemia e o que chega efetivamente na ponta e é percebido pelas equipes.
Se, por um lado, os gestores acreditam que o home office pode melhorar o bem-estar dos colaboradores e permitir o equilíbrio entre vida profissional e pessoal, a pandemia intensificou problemas relacionados à saúde mental. A maioria dos gestores sabe que é um tema que precisa ser discutido, mas nem sempre conseguem ou estão dispostos a ouvir seus colaboradores, o que coloca em risco a assertividade das ações.
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Entre os gestores, 99% acreditam que há necessidade de investir em ações de bem-estar pensando no trabalho presencial. Ao mesmo tempo, 47% dos funcionários consideram que a empresa na qual trabalham não têm investido em ações que contribuem com a saúde mental dos colaboradores, 43% afirmam que as ações são superficiais e 62% afirmam que são mais teóricas e menos práticas. E pior, 42% dos funcionários afirmam que não se sentem tão à vontade para conversar abertamente com sua gestão sobre as dificuldades que vêm sentindo durante esse período.
Para a head de Recursos Humanos da Nespresso no Brasil, Bianca Carmignani, a palavra do momento para líderes e equipes é flexibilidade.
“O principal ponto é admitir que tudo isso é um aprendizado, não tivemos o trabalho remoto na pandemia, tivemos o que deu pra fazer. É hora de ressignificar o escritório, com um olhar para as pessoas e os relacionamentos. Não existe uma fórmula para todas as áreas da companhia. Cada time tem a sua melhor configuração. As lideranças precisam acelerar a diversidade nas equipes. Isso ajuda a alavancar práticas mais contemporâneas. E muito reforço no treinamento”, explica Bianca Carmignani.
A importância do papel do escritório é relatada pelos funcionários de forma clara, ainda que o trabalho em casa tenha trazido uma maior flexibilidade e mais tempo para ficar com a família. Os problemas citados foram: diminuição de oportunidades de convivência com a equipe (72%); dificuldade de comunicação (31%) e relacionamento mais impessoal (13%).
Isso mostra que, nessa retomada híbrida, que intercala o modelo presencial e remoto, os funcionários buscarão mais oportunidades de descontração e conversa com os colegas quando estiverem presencialmente no escritório, deixando as tarefas individuais para os dias que estiverem trabalhando de casa. Mas nesse ponto fica o alerta: “híbrido não quer dizer dias fixos, com horários engessados, para estar no escritório e outros em casa”.
A pesquisa também mostra que as desvantagens ligadas ao trabalho remoto estão, na verdade, muito mais relacionadas às circunstâncias da pandemia, e não podemos tomar a experiência de home office dos últimos meses como um modelo de como é, ou deveria ser, o ideal.
Algumas das vantagens do trabalho em casa citadas pelos colaboradores são: não pegar trânsito no deslocamento (66%); poder passar mais tempo com a família (58%) e ter horários mais flexíveis (38%).
Enquanto a obrigação do home office quebrou o mito do receio da falta de produtividade ao deixar funcionários em suas casas, outros problemas vieram à tona nas discussões sobre o trabalho. 42% dos entrevistados reclamam da falta de interação com os colegas; 31% da dificuldade de comunicação; e 29% sentem dificuldade de conciliar as agendas.
E em meio a tantas mudanças e às notícias sobre a maior crise sanitária global dos últimos 100 anos, ceifando vidas aos milhares por dia, o tema da saúde mental abriu espaço nas agendas. Mas o que também ficou nítido foi a diferença entre as boas intenções das ações de bem-estar e o efetivo cuidado com a saúde mental de todos que compõem as companhias.
As empresas passaram a olhar mais para o colaborador e oferecer auxílio nesse momento para resolver esses problemas. Entre o que eles mais esperam das empresas está: atendimento psicológico 24 horas gratuito/coberto pelo plano (51%); atividades para bem-estar/descompressão (45%); mais espaços para socialização/descontração (37%).
“As atitudes de bem-estar não garantem saúde mental. O importante é capacitar a liderança para a leitura de sinais. Na Nespresso, fizemos uma pesquisa interna com nossos colaboradores e quase 80% deles pediram mais ações voltadas à saúde mental. Com isso, passamos a promover rodas de conversa com uma consultoria externa especializada com psicólogos, além de palestras voltadas a esse pilar”, exemplifica a head de Recursos Humanos da Nespresso no Brasil.
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