Gestão

Média gestão tem mais dificuldades de adaptação

Média gestão tem mais dificuldades de adaptação
Crédito: Reprodução

A alta e média gestão das empresas estão sendo as mais afetadas em processos de integração profissional. É o que revela levantamento inédito da Michael Page, consultoria especializada no recrutamento de alta e média gerência, parte do PageGroup. De acordo com a pesquisa Onboarding, realizada em julho deste ano com cerca de 500 profissionais de todos os níveis em todo o País, os executivos que ocupam cargos na escala intermediária de uma organização são os que encontram mais dificuldades de adaptação. Especialistas, coordenadores e supervisores que se identificaram com essa situação somaram 33%, enquanto gerentes representaram 25% desse quadro. Mais abaixo vieram assistentes e analistas (16%), estagiários e trainees (15%), diretores (9%) e conselheiros e alto escalão (2%).

A pesquisa identificou quais são as piores práticas adotadas em um processo de onboarding. Não esclarecer o escopo da função foi a líder da lista, com 19% de respondentes, seguida por perto de concentrar todo o conteúdo em um só treinamento e não preparar o espaço do colaborador ao recebê-lo, com 18%, cada. Em seguida aparecem não concluir o processo corretamente (16%), burocratizar o processo (15%), desconsiderar o perfil pessoal do ingressante (11%) e outros (3%).

“O processo de onboarding ajuda os recém-contratados no aprendizado de conhecimentos, habilidades e comportamentos necessários para se ter sucesso na organização. É com ele que esses profissionais fazem a transição de ser um completo forasteiro dentro da empresa para se tornarem um membro integrado à cultura e ao grupo de funcionários existentes da companhia. Estudos mostram que o processo de socialização é importante porque afeta a adaptação dos novos empregados em relação à efetividade, satisfação no emprego, comprometimento organizacional, turnover e absenteísmo. Por outro lado, a socialização ineficaz é um dos principais motivos para um recém-contratado pedir demissão de seu emprego ou ter um potencial impacto negativo na produtividade”, explica o diretor geral da Michael Page e Page Personnel, Ricardo Basaglia.

De acordo com o especialista, um grande esforço e altos investimentos vêm sendo feitos pelas empresas na atração de talentos. “Elas podem utilizar recursos como employer branding, mapeamento de competências-chave, cases situacionais, testes comportamentais, de valores, de fit cultural, análise de dados com people analytics e contratação de empresas de recrutamento ou montagem de equipes próprias de talent acquisition. É um grande leque de possibilidades que podem ajudar na retenção dos profissionais contratados, mas tudo disso pode ficar sem sentido se não houver um processo eficiente de onboarding”, alerta.

O conteúdo continua após o "Você pode gostar".


Para quem está começando um novo ciclo profissional, desafios é que não faltam. Adaptar-se rapidamente à cultura e processos pode facilitar esse período de descobertas. De acordo com a pesquisa, entre os fatores que ajudam nessa nova adaptação aparecem identificação com a cultura da empresa (31%), gestão acessível (30%), equipe receptiva (22%), acompanhamento do RH (10%) e treinamentos (7%).

Há outros aspectos que pesam, e muito, para os profissionais que passam por um processo de integração. Para 32% dos respondentes, conversas pontuais com a gestão para o acompanhamento de seu desenvolvimento. Em seguida, ter um canal de diálogo aberto (26%). Plano de treinamentos específicos e ter um profissional dedicado à contratação e acompanhamento da rotina de novos colaboradores vieram logo depois, com 20% e 12%, respectivamente. O conhecimento prévio do perfil aparece por último, com 10%.

Se o processo de onboarding não é bem conduzido ou simplesmente não faz parte da política de uma empresa, as chances de um profissional sair precocemente da companhia aumentam. A pesquisa revelou os principais motivos que levam um profissional a deixar uma empresa no primeiro ano de trabalho. Na liderança aparece informações obtidas no processo de recrutamento que não correspondem à realidade da empresa, com 38%. Em seguida, falta de compatibilidade com a cultura da organização (29%). Os demais aspectos que aparecem na lista são problemas de relacionamento com a gestão (20%), falta de feedbacks sobre minhas responsabilidades e comportamento (11%), poucas mudanças nas funções ou projetos e poucas amizades no ambiente de trabalho, com 1%, cada.

“Esse processo de adaptação à nova posição e empresa configuram-se em eventos geradores de estresse, insegurança e ansiedade para o recém-contratado. Durante o processo de socialização organizacional, ainda lidam com múltiplas incertezas da nova posição e as nuances para terem um bom desempenho na nova posição”, analisa Basaglia.

“Para se ter sucesso no novo emprego, é necessário desenvolver conhecimentos, habilidades e atitudes, entender regras e relações de poder e especificidades da cultura da empresa. Organizações capazes de acelerar esse processo de transição dos recém-contratados forasteiros para adaptados às novas posições têm um diferencial competitivo, pois conseguem começar a se beneficiar antes dos resultados em termos do desempenho entregue pelos novos contratados. Quando existe uma falha no processo, um dos principais itens que causam saídas voluntárias desses profissionais é a percepção de falta de aderência à cultura da empresa”, completa.

Outro aspecto avaliado no levantamento foi entender quais seriam os diferenciais ao iniciar as atividades em uma nova oportunidade. Para 39%, ter um plano de desenvolvimento claro e saber o que esperam de mim, acompanhado por gestão participativa e presente (23%). Com 16% das respostas, aparece equipe receptiva e com conhecimento técnico. A liberdade de atuação foi um diferencial em 12% das respostas enquanto 6% apontaram ambiente agradável e, por último, material de trabalho disponível (4%).

Maior parte das empresas adota onboardingMais da metade dos respondentes (57%) informaram que a empresa onde atuam adota um plano ou ações de onboarding, Daquelas que não possuem essa prática (43%), pouco mais da metade (51%) pretende adotar um plano de onboarding em breve.

Entre aqueles que participaram do levantamento, também foi verificado que há ganhos em um processo de integração bem estruturado. O principal ganho apontado foi a integração com a cultura da empresa (31%), acompanhado pela aceleração da curva de aprendizado e performance (27%). Outros aspectos, como redução do turnover, permanência dos potenciais talentos e socialização dos colaboradores, apareceram em percentuais menores.

O estudo detectou quais são as ações mais efetivas nesse processo de integração. No topo das respostas aparecem materiais estruturados – políticas, organogramas, procedimentos, normas etc, com 28%. Logo em seguida, apresentação de área e do contexto da posição, com 26%. Mentor dedicado foi a escolha de 17% dos respondentes e, treinamentos, de 15%. Com 12%, um primeiro dia especial e, por último, dinâmica de grupo (2%).

“O sucesso de uma estratégia de onboarding deve ser medido sempre pela percepção dos profissionais recém-contratados, não pelas práticas que estão sendo empregadas, por mais complexas e completas que possam parecer”, finaliza o executivo. (Da Redação)

Rádio Itatiaia

Ouça a rádio de Minas