Apatia organizacional: mineiros estão menos engajados no trabalho, aponta FGV
O engajamento profissional dos mineiros está abaixo da média nacional e reflete uma tendência preocupante no mercado de trabalho: a apatia organizacional. De acordo com o levantamento, apenas 37,7% dos trabalhadores de Minas Gerais estão engajados em suas empresas, contra 39% no Brasil.
Outros 56,2% são considerados desengajados, pessoas que cumprem suas funções, mas sem entusiasmo, e 6,1% estão ativamente desengajados, grupo mais difícil de reconquistar. É o que mostra a 3ª edição do Engaja S/A, estudo nacional sobre motivação e clima corporativo realizado pela Flash em parceria com a Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV EAESP).
Na Região Sudeste, o cenário é ainda mais crítico: o índice de engajados é o menor do País (36%) e o de ativamente desengajados chega a 8%.
“O peso dos desengajados silenciosos é mais alto em Minas. Isso indica profissionais que não se declaram insatisfeitos, mas também não se sentem motivados. É um retrato de apatia emocional nas empresas”, aponta o estudo.
Onde os mineiros ainda estão engajados
Apesar do quadro desafiador, os trabalhadores mineiros demonstram maior envolvimento em áreas ligadas à liderança, boas práticas de gestão e ambiente de trabalho positivo:
- Confiança na Liderança (49,6%)
- Boas Práticas de Gestão (49%)
- Ambiente de Trabalho Positivo (48,8%)
Essas dimensões envolvem aspectos como transparência, senso de propósito, valorização do colaborador, cultura de feedback e equilíbrio entre vida pessoal e profissional.
Por outro lado, os pontos críticos estão em Crescimento e Desenvolvimento e Remuneração e Benefícios, com 15,4% de profissionais ativamente desengajados, acima da média nacional (13%).
Abismo entre chefes e funcionários

A pesquisa também revela uma grande desigualdade de engajamento conforme o nível hierárquico. Em Minas Gerais:
- Executivos (64,7%)
- Média gerência: (52,4%)
- Colaboradores de base (25,1%)
- Estagiários e aprendizes (42,9%)
A diferença de quase 40 pontos percentuais entre líderes e operacionais espelha o cenário nacional (65% x 29%) e é ainda mais acentuada no Sudeste. Para os pesquisadores, trata-se de um “abismo emocional” entre quem decide e quem executa, que afeta diretamente a produtividade e a inovação nas empresas.
Saúde mental e fadiga emocional
O levantamento também confirma a forte relação entre saúde mental e engajamento. Em Minas, apenas 7% dos engajados relatam fadiga diária, contra 17% entre os desengajados e 40% entre os ativamente desengajados.
A solidão também aparece como alerta: 18% dos desengajados mineiros afirmam sentir-se sozinhos frequentemente, número alto para um Estado conhecido pela cultura de comunidade e acolhimento.
No Brasil, 20% dos trabalhadores convivem diariamente com ansiedade, 18% com insônia e 14% com depressão. Entre os desengajados, esses índices sobem drasticamente, chegando a 48% com ansiedade diária.
Desengajamento custa caro
No cenário nacional, o desengajamento dos trabalhadores tem impacto bilionário. O Engaja S/A estima que as empresas brasileiras percam R$ 77 bilhões por ano com rotatividade e improdutividade, o equivalente a 0,66% do Produto Interno Bruto (PIB).
Metade dos profissionais desengajados admite perder até duas horas de trabalho por dia por falta de motivação. Já entre os engajados, apenas 8% dizem pensar frequentemente em deixar o emprego, contra 60% entre os ativamente desengajados.
“Remuneração é importante, mas não compensa falhas no clima organizacional. O que engaja é confiança, desenvolvimento e ambiente saudável”, afirma o professor da FGV EAESP e coautor do estudo, Renato Souza.
O que mais engaja hoje
O estudo também revelou as práticas que mais influenciam positivamente o engajamento dos brasileiros e que vêm sendo valorizadas pelos mineiros:
- Modelos de trabalho remoto ou híbrido
- Day off de aniversário
- Benefícios flexíveis
Apesar da alta aprovação, o levantamento mostra que poucas empresas adotam essas medidas, preferindo investir em treinamentos e reuniões, ações que, segundo o estudo, têm baixo impacto sobre a motivação.
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