No Brasil, 40% das mulheres já perderam oportunidades por conta da aparência

Uma pesquisa divulgada recentemente aponta que 40% das mulheres no Brasil já perderam oportunidades de trabalho por conta da aparência. O índice reforça que a cobrança por uma aparência perfeita também impacta diretamente na carreira profissional e na seleção de vagas pelo País.
O monitoramento foi realizado pela marca inglesa de cosméticos The Body Shop em parceria com o Instituto Plano de Menina, instituição brasileira que capacita e conecta mulheres de periferias a vagas de emprego em empresas nacionais e multinacionais.
O estudo também analisa as respostas do público feminino diante dos seguintes aspectos:
- a influência dos padrões de beleza na carreira das mulheres;
- a autoestima e as pressões por uma determinada aparência;
- a interação entre os responsáveis pelo recrutamento;
- as táticas empregadas pelas mulheres para superação desses desafios.
Os resultados apontam que 69% das mulheres brasileiras já sentiram algum tipo de pressão estética no mercado de trabalho. Ao serem questionadas sobre como se sentiram após sofrerem pressão estética, 56% relataram que seu rendimento profissional caiu de forma significativa.
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Essa pressão pode ter influência tanto dos colegas de trabalho (50%) quanto de comparações internas, em que as próprias entrevistadas se comparam a outras mulheres na empresa (31%).
Uma grande maioria (81%) ainda manifestou desconforto em recorrer aos mecanismos de apoio oferecidos pelas suas organizações nesses casos.
Diante dese cenário, a pesquisa ainda aponta que 45% das mulheres entrevistadas já alteraram sua aparência. As pressões mais comuns estão relacionadas:
- ao peso corporal (68%),
- à ausência de maquiagem (58%),
- ao estilo de cabelo (32%) e
- ao vestuário (40%).
Barreira para progressão das mulheres no mercado de trabalho
A psicóloga social e pesquisadora em Dinâmicas de Gênero no Trabalho Ana Ferreira de Mattos comenta que essa realidade é uma situação comum, embora as motivações para a não seleção das candidatas não sejam explicitadas nos processos de recrutamento.
“A pressão estética no ambiente corporativo não é apenas uma questão de percepção individual. Ela tem raízes profundas em normas sociais e expectativas de gênero que são historicamente construídas e institucionalizadas“, diz.
Este fenômeno, segundo a especialista, não apenas mina a autoestima das mulheres, mas também impõe barreiras reais à sua progressão e reconhecimento profissionais.
“A constante avaliação baseada na aparência distrai do que deveria ser o foco principal no ambiente de trabalho: a competência, a eficácia e a contribuição individual. É crucial que as organizações reconheçam e abordem essa dinâmica, promovendo um ambiente mais inclusivo e igualitário, onde a diversidade em todas as suas formas é valorizada”, conclui a psicóloga.
Diversidade corporativa
Outro aspecto apontado pelo estudo é a escassez de diversidade nos postos de liderança empresarial. Entre as mulheres ouvidas pelo levantamento, cerca de 60% reportaram falta de diversidade racial e estética nesses cargos.
Segundo elas, indivíduos que se enquadram nos padrões de beleza definidos socialmente possuem maiores chances de ascender profissionalmente, já que a aparência é considerada um critério de seleção, informou a pesquisa.
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