Salário emocional vai além do dinheiro

Ao mesmo tempo que enfrenta índices de desemprego ainda alarmantes – cerca de 9,3% da população, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), para o segundo trimestre de 2022 -, o Brasil encara uma disputa muitas vezes insana por mão de obra qualificada, especialmente no setor de tecnologia, e o fenômeno da grande resignação, quando as pessoas deixam seus empregos de forma voluntária, mesmo sem ter outro em vista.
Diante de tal complexidade, resta aos empregadores se esforçar para conquistar e reter talentos. Diminuir o turnover e, com isso, reduzir os custos com recrutamento, seleção e treinamento, estão na cartilha de quem quer e precisa aumentar a produtividade e garantir competitividade.
Uma das estratégias é investir no chamado “salário emocional”. Ele é composto por benefícios que vão além da remuneração financeira e abordam fatores intangíveis, tais como reconhecimento, autonomia, flexibilidade, treinamento para desenvolvimento e ações que transmitam segurança aos colaboradores da empresa.
De acordo com a CFO e Head de Operações da Trilha Carreira, Eva Bastante Sanches, muitas empresas já têm cestas de benefícios mais sofisticadas, indo além do básico vale-refeição e vale-transporte, porém ainda são poucas as que levam em consideração as emoções dos profissionais que trabalham para ela.
“Os valores da sociedade mudam lentamente, mas mudam. Agora, como profissionais, também temos valores ligados à felicidade e à sustentabilidade, por exemplo. O foco econômico já não nos realiza plenamente. A pandemia acelerou esses movimentos por mostrar a fragilidade da vida. Pesquisas mostram que não existe nada mais improdutivo que um colaborador infeliz”, explica Eva Sanches.
Constituir uma cesta de benefícios emocionais, porém, não é tarefa fácil. É necessário conhecer bem as equipes e trabalhar em cima de dados. Alguns valores são comuns a toda sociedade, mas as emoções são individuais e precisam ser levadas em consideração.
“Para as empresas menores, que não têm processos automatizados de seleção e acompanhamento da mão de obra, uma pesquisa de satisfação pode ser um bom caminho. Depois, é escolher dois ou três itens apurados para atuar sobre eles. Pode ser que para uma equipe a flexibilidade de horários seja o principal pedido, para outra pode ser treinamento para o desenvolvimento profissional. É preciso saber também que essas necessidades mudam ao longo do tempo e que jamais o salário emocional vai substituir a remuneração financeira. Ele é um complemento que ajuda as equipes a serem mais produtivas, a diminuir o turnover e melhorar a reputação da empresa”, alerta a CFO e Head de Operações da Trilha Carreira.
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