No Brasil, uma a cada três pessoas têm burnout; veja os principais sintomas

Agilidade, flexibilidade e eficiência são algumas palavras-chave que podem descrever as principais demandas do mercado de trabalho. Muitas vezes, no entanto, somam-se a elas a pressão, o assédio e a sobrecarga. Neste contexto, mais de 288 mil licenças de saúde foram concedidas em 2023 a trabalhadores no Brasil devido a transtornos mentais, como o burnout. Os dados são do Ministério da Previdência Social e representam um aumento de 38% em relação ao ano anterior.
De acordo com a presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH) Eliane Ramos, o Brasil é o quinto País mais “deprimido” do mundo, e um a cada três brasileiros têm a síndrome de burnout.
O quadro foi piorado após a pandemia da Covid-19. É o que mostra o estudo global “Anatomy of Work Special Report“, da plataforma de gerenciamento de trabalho móvel e na web Asana, que aponta que sete em cada 10 trabalhadores no mundo sofreram de burnout ou síndrome do impostor após a pandemia, com 42% dos entrevistados tendo experimentado as duas condições.
Este cenário reverbera no mundo corporativo. Profissionais competentes muitas vezes adoecem diante da quantidade de tarefas exigidas e de situações que exigem mais do que podem aguentar.
A pressão por sucesso e crescimento impacta diretamente o estado de saúde dos trabalhadores. Segundo estudo da corretora de planos de saúde Pipo Saúde, aproximadamente 48% dos profissionais brasileiros apresentam risco de desenvolver doenças mentais, e 44% sofrem de insônia.
Trabalho em excesso é ‘romantizado’ no mercado de trabalho
Um dado assustador, no entanto, revela uma tendência global em aceitar a rotina extenuante de trabalho como parte do jogo. O estudo já citado “Anatomy of Work Special Report” mostra que 40% dos profissionais no mundo acham que o burnout é inevitável para o sucesso. Da mesma plataforma, a pesquisa global “Anatomy of Work Index 2023” ainda aponta que o trabalho em excesso faz parte da rotina de 44% destes profissionais.
De acordo com este último estudo, os colaboradores mencionam que seus dias não têm horário claro para começar ou terminar, e que vivem com a frequente necessidade de trabalhar fora do expediente, monitorando mensagens à noite, durante as férias ou nos fins de semana.

O que é o esgotamento profissional
A síndrome de burnout, que significa “esgotamento profissional”, se caracteriza pela exaustão emocional causada por estresse no trabalho.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) caracterizou, em 2019, a síndrome como uma doença ocupacional, mas o documento que coloca o burnout entre as doenças relacionadas ao trabalho só entrou em vigor no dia 1º de janeiro de 2022, há dois anos.
Desde então, a doença é caracterizada como uma patologia que tem relação direta com o ambiente laboral. Segundo definição da OMS, o burnout é resultado de um estresse crônico proveniente do ambiente de trabalho que não foi tratado adequadamente. “Se refere especificamente ao fenômeno do contexto ocupacional e não deveria ser aplicado para descrever experiências em outras áreas da vida”, destaca, em nota.
Os sintomas da doença podem surgir em níveis psíquicos, físicos ou comportamentais.
Conheça os principais sintomas do burnout, segundo a OMS
Físicos:
- crescimento da fadiga constante;
- distúrbios de sono;
- dores musculares;
- dores de cabeça e enxaquecas;
- problemas gastrointestinais, respiratórios e cardiovasculares;
- em mulheres, alterações no ciclo menstrual.
Psíquicos
- dificuldade de concentração;
- lentificação ou alteração do pensamento;
- sentimentos negativos sobre viver, trabalhar e ser;
- impaciência;
- irritabilidade;
- baixa autoestima;
- desconfiança;
- depressão.
Comportamentais
- negligência ou perfeccionismo;
- agressividade nas relações cotidianas;
- perda da flexibilidade emocional, da capacidade de relaxar e planejar;
- tendência ao isolamento, à perda de interesse pelo trabalho e outras atividades.
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