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Autoridades criticam Biden, mas suspeito afegão de tiroteio recebeu asilo no governo Trump

Nenhum dos funcionários forneceu qualquer evidência para apoiar as afirmações
Autoridades criticam Biden, mas suspeito afegão de tiroteio recebeu asilo no governo Trump
Fotos dos membros da Guarda Nacional baleados Andrew Wolfe e Sarah Beckstrom, ao lado da foto do suspeito do tiroteio, o cidadão afegão Rahmanullah Lakanwal em Washington, EUA 27 de novembro de 2025 REUTERS/Nathan Howard

O governo Trump apontou nesta quinta-feira (27) falhas de verificação da época de Biden que teriam permitido a admissão de um imigrante afegão suspeito de atirar em dois membros da Guarda Nacional em Washington, mas o suposto atirador recebeu asilo neste ano, sob a gestão do presidente Donald Trump, mostrou arquivo do governo dos EUA visto pela Reuters.

Rahmanullah Lakanwal, um cidadão afegão de 29 anos, entrou nos EUA em 8 de setembro de 2021, sob a Operação Allies Welcome, algo como Boas-vindas a Aliados. O programa de reassentamento foi criado pelo ex-presidente democrata Joe Biden após a retirada militar dos EUA do Afeganistão em agosto de 2021, que levou ao rápido colapso do governo afegão e à tomada do país pelo Talibã.

O diretor do FBI, Kash Patel, e Jeanine Pirro, procuradora dos EUA para o Distrito de Columbia, ambos nomeados por Trump, disseram durante coletiva de imprensa nesta quinta-feira que o governo Biden não conseguiu realizar verificações de antecedentes adequadas ou fazer a triagem de Lakanwal antes de permitir que ele entrasse nos EUA em 2021.

Nenhum dos funcionários forneceu qualquer evidência para apoiar as afirmações.

Patel disse que Lakanwal, que havia trabalhado com as forças do governo dos EUA durante a guerra dos EUA no Afeganistão, foi autorizado indevidamente a entrar nos EUA porque “o governo anterior tomou a decisão de permitir que milhares de pessoas entrassem neste país sem fazer uma única verificação de antecedentes ou triagem”.

O programa, que permitiu a entrada de mais de 70.000 cidadãos afegãos nos EUA, de acordo com um relatório do Congresso, foi projetado com procedimentos de verificação, inclusive por agências de inteligência e antiterrorismo dos EUA. Mas a natureza apressada e em grande escala das evacuações levou críticos a dizer que as verificações de antecedentes eram ineficientes.

Suspeito trabalhou com a CIA

De acordo com o programa Operation Allies Welcome, os afegãos que entraram nos EUA recebiam uma “liberdade condicional” de dois anos que lhes permitia viver e trabalhar legalmente e depois solicitar um status mais permanente.

O documento analisado pela Reuters diz que Lakanwal solicitou asilo em dezembro de 2024 e foi aprovado em 23 de abril deste ano, três meses após a posse de Trump. Lakanwal, que residia no Estado de Washington, não tinha histórico criminal conhecido.

O arquivo do governo sobre Lakanwal diz que ele foi examinado pelos EUA por causa de seu trabalho com parceiros do governo norte-americano durante a guerra no Afeganistão, e nenhuma informação potencialmente desqualificante havia sido encontrada.

“Esse animal nunca teria estado aqui se não fosse pelas políticas perigosas de Joe Biden, que permitiram que inúmeros criminosos não avaliados invadissem nosso país e prejudicassem o povo norte-americano”, disse Abigail Jackson, porta-voz da Casa Branca.

O diretor da CIA, John Ratcliffe, disse em um comunicado que Lakanwal havia trabalhado com unidades locais apoiadas pela CIA no Afeganistão.

“O governo Biden justificou trazer o suposto atirador para os Estados Unidos em setembro de 2021 devido ao seu trabalho anterior com o governo dos EUA, incluindo a CIA, como membro de uma força parceira em Kandahar, que terminou logo após a retirada caótica”, disse Ratcliffe. “Esse indivíduo — e tantos outros — nunca deveria ter sido autorizado a vir para cá.”

O tiroteio contra tropas dos EUA em solo norte-americano por um imigrante provavelmente repercutirá no cenário político. Trump já ordenou o envio de mais 500 soldados para Washington.

Embora Lakanwal estivesse no país legalmente, o incidente se encaixa diretamente na narrativa de Trump sobre imigração. Ele fez da repressão à imigração legal e ilegal um ponto central de seu mandato, e esse caso pode dar margem para ampliar o debate além da legalidade e incluir um exame mais minucioso da verificação de imigrantes.

Em uma mensagem de vídeo publicada pela Casa Branca na quarta-feira, Trump chamou Lakanwal de “animal” e os tiroteios de “um ato de terror”.

Trump pediu um novo exame de todos os cidadãos afegãos que entraram nos EUA durante o governo Biden. Todos os pedidos de imigração de cidadãos afegãos foram suspensos pelo governo Trump na noite de quarta-feira.

A porta-voz do Departamento de Segurança Interna dos EUA, Tricia McLaughlin, disse em comunicado que o governo Trump deve revisar todos os casos de asilo da era Biden, expandindo uma revisão dos refugiados da era Biden relatada pela Reuters no início desta semana.

Uma fonte familiarizada com o assunto disse que a suspensão inclui pedidos de afegãos que trabalharam com a CIA.

O ataque também ressuscitou críticas do governo Trump à caótica retirada dos EUA do Afeganistão em 2021.

A retirada levou a um colapso do governo afegão muito mais rápido do que o esperado. A retirada de milhares de afegãos alimentou as preocupações dos republicanos de que terroristas em potencial poderiam se infiltrar nos EUA.

Conteúdo distribuído por Reuters

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