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Boeing planeja construir no metaverso

Boeing planeja construir no metaverso
Aposta da empresa é construir e conectar réplicas virtuais tridimensionais do jato e sistema de produção | Crédito: Randall Hill/Reuters

Seattle/Paris – Na fábrica do futuro da Boeing, projetos imersivos de engenharia 3D serão combinados com robôs que se comunicam, enquanto mecânicos serão conectados em todo o mundo por headsets HoloLens de US$ 3.500 fabricados pela Microsoft.

Tudo isso faz parte da nova estratégia ambiciosa da fabricante de aeronaves para unificar as amplas operações de design, produção e serviços aéreos em um único ecossistema digital – em apenas dois anos.

A empresa entra em 2022 lutando para reafirmar seu domínio na engenharia, após a crise do 737 MAX, enquanto lança bases para um futuro programa de aeronaves. Também visa a prevenir futuros problemas de fabricação, como as falhas estruturais que cercaram seu 787 Dreamliner no ano passado.

“É sobre reforçar a engenharia”, disse o chefe de engenharia da Boeing, Greg Hyslop, à Reuters em sua primeira entrevista em quase dois anos. “Nós estamos conversando sobre mudar o jeito que trabalhamos por toda a companhia”.

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Empresas como a Ford e a Meta, dona do Facebook, estão aderindo a um mundo virtual imersivo algumas vezes chamado de metaverso – um espaço digital compartilhado que muitas vezes usa realidade virtual ou realidade aumentada e é acessível através da internet.

Como a Airbus, a aposta da Boeing para sua próxima nova aeronave é construir e conectar réplicas virtuais tridimensionais do jato e um sistema de produção capaz de executar simulações.

A revisão de práticas pode trazer mudanças poderosas. Mais de 70% dos problemas de qualidade na Boeing remontam a algum tipo de problema de design, disse Hyslop. A Boeing acredita que essas ferramentas digitais serão essenciais para trazer uma nova aeronave, do zero ao mercado, em apenas quatro ou cinco anos.

Ainda assim, o plano enfrenta enormes desafios. Alguns críticos apontam para problemas técnicos no minijumbo 777X da Boeing e no jato de treinamento militar T-7A RedHawk, que foram desenvolvidos usando ferramentas digitais.

A Boeing também deu muita ênfase aos retornos para os acionistas às custas de um domínio na engenharia e continua a cortar gastos com pesquisa e desenvolvimento, disse o analista do Teal Group, Richard Aboulafia.

A própria Boeing começou a entender que tecnologia digital sozinha não vai resolver todos os problemas, e que ela precisa vir em conjunto com mudanças organizacionais e de cultura por toda a companhia, disseram fontes da indústria.

A empresa recentemente contratou a engenheira Linda Hapgood para supervisionar a “transformação digital”.

A Boeing “construiu” os primeiros jatos T-7A em simulação, seguindo um projeto modelo. O T-7A foi lançado no mercado em apenas 36 meses. Mesmo assim, o programa está lutando contra a escassez de peças, atrasos no projeto e requerimentos de testes adicionais.

“Este é um jogo longo”, disse o engenheiro-chefe da Boeing, Greg Hyslop. “Cada um desses esforços estava resolvendo parte do problema. Mas agora o que queremos é fazer de ponta a ponta”.

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