Comércio entre Brasil e Reino Unido deve crescer

Mercado de extrema relevância para o Brasil, o Reino Unido é a 5ª maior economia do mundo, mas apenas o 20º maior parceiro comercial brasileiro, em relação a fluxo comercial. As relações entre o Brasil e países do Reino Unido tendem a crescer, mas conforme afirmou o subsecretário adjunto de negociações internacionais da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério da Economia, Alex Meger de Amorim, é preciso um acordo de livre comércio para destravar esse potencial.
Segundo o especialista, existem grandes possibilidades a serem exploradas em ambas as partes e as discussões entre os governos nas agendas de cooperação apontam para a “pavimentação de um caminho para um acordo de livre comércio”.
A sugestão foi apresentada ontem, no primeiro dia do Congresso Britcham – Relações Bilaterais Brasil-Reino Unido, organizado pelo Comitê de Comércio e Investimentos Internacionais e Comitê Legal, Tributário e Regulatório da Câmara Britânica de Comércio e Indústria no Brasil.
O evento segue hoje com novas discussões. Neste primeiro dia do evento, o tema principal foi “Facilitação do Comércio na Agenda Bilateral”, debatido por grandes nomes no cenário.
Durante o encontro, Fábio Dias, chefe da Divisão de Acesso a Mercados do Itamaraty, reforçou que, na ausência de um acordo de livre comércio, o principal marco legal do relacionamento comercial é o arcabouço de acordos da Organização Mundial do Comércio (OMC).
“A entrada em vigor do Brexit em 1º de janeiro deste ano representou uma mudança fundamental na presença e na participação do Reino Unido na OMC, já que antes as negociações e discussões eram a partir da União Europeia”.
O subsecretário, por sua vez, salientou que as evoluções das negociações após a saída do Reino Unido da União Europeia foram rápidas e diversas discussões sobre temas tarifários e não tarifários têm acontecido constantemente. “Temos tido diversas reuniões acerca dos temas e os governos têm discutido como aprofundar mais essas negociações, especialmente em áreas chave para ambos os países”, pontuou Amorim.
Barreiras econômicas – Em 2020, os produtos agrícolas representaram metade da nossa pauta de exportação para o Reino Unido. Letícia Frazão Leme, chefe do Setor de Política Comercial e Agrícola da Embaixada do Brasil em Londres, explicou que apesar da enorme presença, o setor enfrenta elevadas tarifas e um número grande de barreiras. “Esses são pontos que a gente só vai resolver no âmbito de um acordo comercial”.
Segundo Leme, enquanto o acordo não chega, existem outros caminhos que podem ser seguidos para facilitar o comércio e reduzir barreiras. O Brasil já removeu, nos últimos dois anos, uma série de obstáculos para importação de produtos britânicos. Além disso, algumas barreiras para exportação também estão em discussão, como o fim do controle reforçado para exportação de carnes bovinas e de frango e a retomada do pre-listing de estabelecimentos exportadores.
Isso tem a ver com os critérios para entrada de produtos, quando todos os carregamentos brasileiros são sujeitos a inspeção física e 20% deles são testados uma segunda vez. “Em outros países, isso é feito por amostragem, quando 1% a 2% dos carregamentos são testados ou inspecionados. Para os brasileiros, são 20%. Isso acaba impondo um custo grande para o exportador”, revelou a conselheira, mencionando, ainda, que um acordo de livre comércio poderia melhorar a relação entre os países e a imagem dos produtos brasileiros.
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