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Estados Unidos e UE suspendem viagens a países do Sul da África

Estados Unidos e UE  suspendem viagens a países do Sul da África
Ursula von der Leyen disse que fabricantes de vacinas são obrigadas a adaptar imunizantes | Crédito: REUTERS/Johanna Geron

Bruxelas e Washington – Países da União Europeia (UE) e os Estados Unidos anunciaram na sexta-feira (26) a suspensão de viagens ao sul da África após a detecção de uma nova variante do vírus da Covid-19 na região.

A nova variante, detectada primeiramente na África do Sul, já foi identificada em pacientes de Hong Kong, Israel e Bélgica (membro da UE), o que causou alarme mundial, enquanto pesquisadores tentam determinar se a linhagem é ou não resistente às vacinas.

Na quinta-feira, o Reino Unido já havia anunciado a suspensão de voos. Nessa sexta-feira, a Organização Mundial da Saúde (OMS) designou a nova variante com um amplo número de mutações, como de “preocupação”. É a quinta variante a receber essa designação. A OMS disse em comunicado que atribuiu à variante B.1.1.529 a letra grega Omicron.

Pouco se sabe sobre a variante, mas cientistas disseram que ela tem uma combinação atípica de mutações, podendo ser capaz de evitar respostas imunológicas e ser mais transmissível.

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Após a divulgação das informações sobre o caso de uma mulher na Bélgica, um comitê de especialistas de saúde de todos os 27 Estados-membros da União Europeia “concordou sobre a necessidade de ativar o freio de emergência e impor uma restrição temporária a todas as viagens da UE para o sul da África”.

As restrições do bloco se aplicarão a Botsuana, Suazilândia, Lesoto, Moçambique, Namíbia, África do Sul e Zimbábue, tuitou o porta-voz da Comissão Europeia, Eric Mamer.

Uma autoridade da UE disse que também se solicitou que os governos do bloco desestimulem viagens a estes países. Cada um dos 27 países da UE tem liberdade para aplicar as novas medidas quando preferir. Alguns já estão adotando restrições.

Autoridades da UE disseram que ainda não se tomou nenhuma decisão sobre outros países em outras partes do mundo onde casos da nova variante foram detectados, o que inclui Hong Kong, Israel e Bélgica, afirmou uma integrante do bloco.

 A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse nessa sexta-feira que as fabricantes de vacinas são obrigadas a adaptar seus imunizantes assim que surgem novas variantes. Ela discursou em meio a notícias da nova variante detectada na África do Sul, que abalaram os mercados internacionais.

“Agora é importante que todos nós na Europa ajamos com muita rapidez, decisão e união”, disse ela, em um pedido para que os cidadãos da UE se vacinem e melhorem sua proteção com doses de reforço. “Todas as viagens aéreas para esses países devem ser suspensas até que tenhamos um entendimento mais claro sobre o perigo representado por esta nova variante”, disse.

Oito nações Já os Estados Unidos irão restringir as viagens para o país oriundas de oito países do sul da África a partir desta segunda-feira, também por preocupação sobre uma nova variante da Covid-19, disse um alto funcionário do governo norte-americano nessa sexta-feira.

O funcionário afirmou que as restrições dos EUA se aplicarão a África do Sul, Botsuana, Zimbábue, Namíbia, Lesoto, Suazilândia, Moçambique e Malaui, e serão “implementadas com muita cautela à luz de uma nova variante da Covid-19 que circula na África Meridional”.

A medida não se aplica a cidadãos norte-americanos e residentes permanentes legais, disse a autoridade.

Phaahla disse que país está agindo com transparência e que proibições vão contra regras da OMS | Crédito: REUTERS/Siphiwe Sibeko

África do Sul afirma que proibição é injustificada

Johanesburgo – A África do Sul disse na sexta-feira (26) que impor restrições aos viajantes do país por causa de uma variante da Covid-19 recém-identificada é uma decisão injustificada, após a proibição britânica de voos da África do Sul e países vizinhos, seguida por outras nações.

O ministro da Saúde, Joe Phaahla, afirmou em coletiva de imprensa que a África do Sul está agindo com transparência e que as proibições de viagens vão contra as normas e padrões da Organização Mundial da Saúde (OMS), que realizou uma reunião de emergência sobre a variante chamada ômicron.

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, e o presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, conversaram na tarde dessa sexta-feira e discutiram maneiras de retomar as viagens internacionais, disse um porta-voz de Downing Street.

“Nossa preocupação imediata é o dano que esta decisão causará tanto ao setor de turismo quanto aos negócios de ambos os países”, disse a ministra das Relações Exteriores da África do Sul, Naledi Pandor, em um comunicado.

Ramaphosa reunirá um conselho consultivo no domingo para considerar as evidências sobre a variante.

OMS quer um acordo internacional

Genebra – A OMS está se aproximando de um consenso para negociar um acordo internacional para evitar pandemias futuras, mas, por enquanto, os Estados Unidos relutam em tornar o pacto legalmente obrigatório, de acordo com diplomatas ocidentais.

Ministros da Saúde dos 194 países-membros da OMS iniciam uma assembleia especial de três dias na segunda-feira para tentar firmar um acordo com o objetivo de fortalecer a capacidade da agência para enfrentar pandemias, depois que a forma como ela lida com a Covid-19 foi criticada.

Os EUA demarcam um limite por ainda não quererem se comprometer com um tratado de cumprimento obrigatório, mas apoiam a ideia de um acordo, e têm o apoio de Brasil e Índia, segundo diplomatas.

A União Europeia está pressionando muito por um tratado que estabeleça obrigações firmes com o aval de 70 países, segundo um diplomata europeu.

“Estamos negociando, existe uma espécie de consenso crescente sobre o texto, mas ainda há debates acontecendo. O que quer que façamos, precisamos de um comprometimento contínuo no nível político mais alto no futuro e criar um sistema que permita o envolvimento e a prontidão no nível mais alto de uma maneira muito mais bem estruturada”.

A China participa das conversas e não se opõe a um tratado, disse o diplomata europeu.

Mais de 5,4 milhões de pessoas já morreram desde que o vírus Sars-CoV2 surgiu no centro da China em dezembro de 2019. A OMS diz que a China ainda não compartilhou parte de seus dados iniciais que podem ajudar a precisar a origem do vírus.

Acredita-se que um acordo global contemplará questões como o compartilhamento de dados e sequenciamento genômico de vírus emergentes, mas até agora as conversas não se concentraram em seu conteúdo.

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