Fed indica três altas nos juros para 2022

Washington – O Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano), sinalizando que sua meta de inflação foi cumprida, disse ontem que encerrará em março suas compras de títulos adotadas durante a pandemia, pavimentando o caminho para três aumentos de 0,25 ponto percentual nas taxas de juros até o fim de 2022, conforme encerra as políticas monetárias implementadas no início da crise sanitária.
Em novas projeções econômicas divulgadas após o término da reunião de política monetária de dois dias, as autoridades previram que a inflação ficará em 2,6% no próximo ano, em comparação com a taxa de 2,2% projetada em setembro. Além disso, a taxa de desemprego cairia para 3,5%.
Como resultado, a mediana das projeções dos integrantes do Fed mostra que a taxa de juros de um dia de referência do Fed precisaria ser elevada de seu nível atual, próximo de zero, para 0,90% até o fim de 2022, com aumentos contínuos em 2023 (para 1,6%) e 2024 (para 2,1%) para levar a inflação de volta à meta de 2% do banco central.
Eventuais aumentos nas taxas de juros, disse o Fed, agora dependeriam exclusivamente da trajetória do mercado de trabalho.
O conteúdo continua após o "Você pode gostar".
“Com a inflação ultrapassando 2% por algum tempo, o Comitê acredita que será apropriado manter” as atuais taxas de juros próximas de zero até que os mercados de trabalho voltem ao pleno emprego, disse o Fed em comunicado que começou a definir mais detalhadamente a “normalização” da política monetária do banco central após quase dois anos de esforços extraordinários para cuidar da economia em meio às consequências da pandemia.
Isso ainda está em andamento, com a nova variante do coronavírus, a Ômicron, aumentando a incerteza sobre o curso da economia.
Mas o Fed, a esta altura, disse que o crescimento econômico deve ser de 4,0% no próximo ano, acima da taxa de 3,8% projetada em setembro.
Fim de apoio – O chair do Fed (banco central norte-americano), Jerome Powell, disse que a economia dos Estados Unidos está melhorando rapidamente e não precisa mais do “apoio crescente” fornecido por suas compras de ativos, o que torna apropriado concluir o programa antes do anteriormente projetado.
“A economia não precisa mais de quantidades crescentes de apoio da política monetária”, afirmou ele.
Os comentários de Powell em entrevista coletiva ocorreram depois que o banco central dobrou o ritmo de redução de suas compras de títulos em sua mais recente reunião de política monetária, concluída ontem.
Congresso aprova maior limite para dívida
Washington – O Congresso dos Estados Unidos aprovou na terça-feira elevar o limite da dívida do governo federal em US$ 2,5 trilhões, o que o aproxima de US$ 31,4 trilhões, enviando o projeto de lei para o presidente Joe Biden sancionar e evitar um calote inédito.
A aprovação vem na esteira de meses de impasse entre democratas e republicanos, que tentaram forçar o partido de Biden a elevar o limite da dívida, atualmente em US$ 28,9 trilhões, por conta própria para obter munição para anúncios agressivos durante as eleições congressuais de 2022.
Um acordo da semana passada entre o líder da maioria democrata, Chuck Schumer, e seu equivalente republicano, Mitch McConnell, criou o cenário para a votação de terça-feira, driblando regras do Senado que exigem que ao menos 60 dos 100 membros da Casa concordem em impulsionar a maior parte da legislação. O Senado aprovou o projeto de lei na manhã de terça-feira em uma votação por 50 a 49.
Comandada pelos democratas, a Câmara dos Deputados endossou o projeto de lei com uma votação de 221 a 209.
Schumer disse que o aumento cobrirá as necessidades do governo até 2023, o que inclui as eleições de meio de mandato de 8 de novembro que determinarão o controle do Congresso.
A secretária do Tesouro, Janet Yellen, havia pedido ao Congresso que elevasse o limite da dívida antes de ontem.
Conforme o acordo incomum acertado por Schumer e McConnell e aprovado pelas duas casas na semana passada, uma legislação para elevar o teto da dívida poderia ser aprovada desta vez no Senado por uma maioria simples, o que significa que os democratas poderiam fazê-la avançar por conta própria.
Na Câmara, o deputado republicano Jodey Arrington disse ao Comitê de Regras que ficou decepcionado por McConnell ter concordado com o acordo. O nível da dívida do país é o mais elevado desde a Segunda Guerra Mundial e “não estamos em guerra”, disse Arrington.
Presidente do comitê, o democrata Jim McGovern respondeu: “Normalmente, não tenho muitas coisas boas a dizer sobre Mitch McConnell, mas realmente acho que ele entende que… não permitir que isto vá adiante seria arrasador para nossa economia”. Depois o comitê decidiu encaminhar a legislação ao plenário da Câmara por 9 votos a 4.
O aumento é necessário, em parte, para cobrir a dívida gerada durante o mandato do republicano Donald Trump, quando ela aumentou cerca de US$ 7,85 trilhões, parcialmente por causa de isenções fiscais amplas e gastos para combater a pandemia de Covid-19.
Os republicanos, que se opõem à elevação do limite da dívida e controlam metade das 100 cadeiras do Senado, tentam ligar a votação ao projeto de lei “Reconstruir Melhor” de US$ 1,75 trilhão de Biden, que almeja reforçar a rede de proteção social e combater a mudança climática. (Reuters)
Ouça a rádio de Minas