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Inflação bate recorde na zona do euro em novembro

Inflação bate recorde na zona do euro em novembro
Crédito: Divulgação

Frankfurt e Berlim – A inflação da zona do euro disparou a maior taxa já registrada em novembro devido ao aumento dos custos de energia, provavelmente atingindo um pico antes de uma lenta desaceleração que vai mantê-la alta por grande parte do próximo ano, mostraram ontem dados da Eurostat.

A alta dos preços ao consumidor nos 19 países que usam o euro acelerou a 4,9% em novembro sobre o ano anterior, de longe o nível mais alto nos 25 anos da série histórica, de 4,1% um mês antes e acima da expectativa de 4,5%.

Os preços da energia dispararam 27% em comparação com o mesmo período do ano anterior, refletindo a alta dos custos do petróleo, mas a inflação de serviços e produtos industriais não relacionados a energia, um peso nos últimos anos, ficou acima de 2%, sugerindo rápido aumento nas pressões de preços.

Embora a inflação esteja agora em mais do que o dobro da meta de taxa de 2% do Banco Central Europeu (BCE), isso não deve provocar qualquer ação de política monetária, mesmo que os dados possam desencadear pressão política sobre o BCE para que contenha o aumento dos preços.

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Há tempos o BCE argumenta que o salto da inflação é temporário, causado por uma série de fatores pontuais, e que vai enfraquecer com o tempo. Portanto, uma ação de política monetária agora seria contraprodutiva, já que prejudicaria o crescimento econômico bem quando a inflação começa a diminuir por si só.

Alemanha – O futuro ministro das Finanças da Alemanha, Christian Lindner, prometeu ontem defender finanças públicas sólidas e a redução dos níveis da dívida em toda a zona do euro para que o BCE possa combater a inflação sem hesitação, caso necessário.

Os comentários de Lindner, publicados no Twitter, vieram depois que dados mostraram, anteontem, que a inflação dos preços ao consumidor na Alemanha acelerou ainda mais em novembro, atingindo seu patamar mais alto em quase três décadas.

“A inflação dá margem a preocupações legítimas. No caso da desvalorização da moeda, observaremos como ela se desenvolve após a pandemia”, escreveu Lindner em seus tuítes.

Lindner, cujo Partido Liberal Democrata (FDP) – favorável ​​aos interesses comerciais – deve ser o menor parceiro júnior em uma coalizão tripla com o Partido Social-Democrata (SPD), de centro-esquerda, e os Verdes, disse que o novo governo não pressionará mais os preços.

“Portanto, não haverá aumento de impostos”, disse Lindner, acrescentando que as três partes concordaram em reduzir os preços da eletricidade, abolindo uma sobretaxa especial introduzida para financiar a expansão de energias renováveis.

Risco de alta aumentou nos EUA, diz Powell

Washington – Os preços mais altos vistos hoje estão geralmente relacionados à pandemia, mas alguns aumentos também estão sendo vistos de forma mais ampla e o risco de uma inflação mais alta aumentou, disse ontem o chair do Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano), Jerome Powell.

“De forma geral, os preços mais altos que vemos estão relacionados a desequilíbrios entre oferta e demanda que podem ser atribuídos diretamente à pandemia e à reabertura da economia”, disse Powell durante audiência perante o Comitê Bancário do Senado dos EUA.

“Mas também é o caso de que os aumentos de preços se espalharam muito mais amplamente… e acho que o risco de uma inflação mais alta aumentou”.

Jerome Powell, disse ainda que o banco central dos Estados Unidos provavelmente discutirá a aceleração da redução de suas compras de títulos em sua próxima reunião de política monetária, em meio à força da economia e a expectativas de que a inflação elevada persistirá até meados do próximo ano.

“Neste ponto a economia está muito forte e as pressões inflacionárias estão altas e, portanto, é apropriado, a meu ver, considerar encerrar a redução das nossas compras de ativos – que de fato anunciamos na reunião de novembro – talvez alguns meses mais cedo, e espero discutir isso em nossa próxima reunião, dentro de duas semanas”, disse Powell em audiência ao Comitê Bancário do Senado dos EUA.

O Fed começou a reduzir seu apoio à economia neste mês e atualmente está em vias de encerrar totalmente seus US$ 120 bilhões em compras mensais de treasuries e títulos lastreados em hipotecas até junho do ano que vem. O programa foi introduzido no início de 2020 para ajudar a proteger a economia durante a pandemia de Covid-19.

Várias autoridades do Fed já haviam defendido que o banco central acelerasse o ritmo de corte de estímulo para encerrá-lo em algum momento da primavera (no Hemisfério Norte), de forma a permitir um início mais cedo dos aumentos de juros nos EUA, caso isso seja necessário para controlar a inflação.

As observações de Powell parecem sugerir que ele está pronto para se juntar a esses colegas em favor de uma redução mais rápida das compras de ativos.

Mercados – Sua fala vem em meio à turbulência nos mercados financeiros devido ao surgimento de uma nova variante do coronavírus, que poderia ser resistente às vacinas. Nos últimos dias, essas notícias levaram os mercados a adiarem suas expectativas para o momento do início dos aumentos de juros pelo banco central norte-americano.

Mas os comentários de Powell sobre ritmo de redução de estímulos potencialmente mais rápido e de que a inflação não deve mais ser considerada um fenômeno “transitório” reverteram parte dessas apostas, elevando os rendimentos dos títulos.

O Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), responsável pela definição da política monetária, realizará sua próxima reunião em 14 e 15 de dezembro.

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