Irã e órgão de vigilância nuclear da ONU chegam a acordo de cooperação

O Irã e a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), órgão de fiscalização nuclear da ONU, chegaram a um entendimento para a retomada da cooperação, disse nesta terça-feira (9) o ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araqchi, em um comunicado.
O ministro também alertou que a implementação das sanções da ONU contra o Irã implicaria no fim das “medidas práticas” descritas no acordo.
A Agência Internacional de Energia Atômica não tem acesso às principais instalações nucleares do Irã desde que os Estados Unidos e Israel as bombardearam em junho. Após os ataques, o Irã aprovou uma lei suspendendo a cooperação com a AIEA e determinando que qualquer inspeção deve ser aprovada pelo Conselho Supremo de Segurança Nacional.
“Realizei a última rodada de negociações para finalizar um entendimento sobre como implementar as obrigações de salvaguardas do Irã à luz dos desenvolvimentos resultantes de ações ilegais contra as instalações nucleares do Irã, e conseguimos finalizá-lo”, disse Araqchi na declaração, divulgada pela mídia estatal.
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O chefe do órgão de vigilância nuclear da ONU, Rafael Grossi, descreveu o acordo como “um passo importante na direção certa”, em um post no X nesta terça-feira.
“Hoje, no Cairo, concordamos com o ministro das Relações Exteriores do Irã (…) sobre as modalidades práticas para retomar as atividades de inspeção no Irã”, disse Grossi em seu post.
O ministro das Relações Exteriores do Irã disse que o acordo assinado no Cairo nesta terça-feira está em total conformidade com a lei aprovada pelo Parlamento do Irã após os ataques dos EUA e de Israel.
Segundo Araqchi, o acordo estabelece um mecanismo prático de cooperação que reflete tanto as “circunstâncias excepcionais de segurança” do Irã quanto as exigências técnicas da agência.
As conversas ocorrem em um contexto em que as três principais potências da Europa iniciaram, em 28 de agosto, um processo de 30 dias para retomar sanções ao Irã. As restrições foram suspensas em um acordo nuclear de 2015 entre o Irã e as principais potências, desfeito após o presidente Donald Trump retirar os Estados Unidos do acordo, em 2018.
Conhecidas como E3, essas três potências — França, Reino Unido e Alemanha — afirmaram que continuarão retomando as sanções de acordo com o chamado processo “snapback”, a menos que as inspeções da AIEA sejam totalmente restauradas no Irã, e que Teerã preste contas de seu grande estoque de urânio de grau próximo ao de armas, além de voltar às negociações nucleares com os Estados Unidos.
Conteúdo distribuído por Reuters
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