Lula e Trump discutem suspensão de tarifas dos EUA sobre Brasil em encontro na Malásia
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, discutiram “de forma franca e construtiva” a agenda comercial e econômica entre os dois países durante reunião bilateral na Malásia, e as partes vão iniciar ainda neste domingo um processo de negociação visando a retirada das tarifas comerciais impostas pelos EUA ao Brasil, afirmou Lula em publicação nas redes sociais.
“Tive uma ótima reunião com o presidente Trump na tarde deste domingo, na Malásia. Discutimos de forma franca e construtiva a agenda comercial e econômica bilateral. Acertamos que nossas equipes vão se reunir imediatamente para avançar na busca de soluções para as tarifas e as sanções contra as autoridades brasileiras”, escreveu.
Lula pediu ao presidente norte-americano que a taxação seja suspensa durante o processo de negociação, segundo relato do ministro de Relações Exteriores, Mauro Vieira, que participou da reunião realizada em meio à cúpula da Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean).
Falando à imprensa em Kuala Lumpur após o encontro, o chanceler disse que será estabelecido um cronograma de negociações entre os dois lados ainda neste domingo e que uma conclusão pode ser alcançada “em semanas”. Lula também pediu a Trump a suspensão de sanções por meio da Lei Magnitsky a autoridades brasileiras.
“Foram 45 minutos de conversa, muito positiva, muito produtiva, os presidentes trataram de todos os assuntos. O presidente Lula começou dizendo que não havia assunto proibido e renovou o pedido brasileiro de suspensão das tarifas impostas à exportação brasileira durante um período de negociação, da mesma forma que da aplicação em curso da Lei Magnitsky e disse que estava pronto, portanto, a conversar”, disse Vieira a jornalistas.
Segundo o chanceler, também estavam presentes no encontro, pelo lado dos EUA, os secretários do Tesouro, Scott Bessent, e de Estado, Marco Rubio, além do representante comercial, Jamieson Greer.
“A conclusão final é que a reunião foi muito positiva e nós esperamos agora em pouco tempo, em algumas semanas, concluir uma negociação bilateral que trate de cada um dos setores da atual tributação americana ao Brasil”, afirmou Vieira.
“O primeiro passo desse processo negociador será hoje ainda. Nós teremos um encontro com os três membros da delegação americana que estavam lá — o USTR, o secretário do Tesouro e o secretário de Estado — e vamos estabelecer um cronograma de negociação, estabelecer os setores que vamos conversar para que se possa avançar.”
Mais cedo, no início do encontro, Lula e Trump falaram com jornalistas e o presidente norte-americano afirmou que avalia que ambos os líderes podem fazer bons acordos. “Acho que devemos ser capazes de fazer alguns bons negócios para ambos os países”, disse.
Lula, por sua vez, disse estar otimista quanto ao avanço das relações entre o Brasil e os Estados Unidos durante sua reunião com Trump. “Não há nenhuma razão para que haja qualquer desavença entre Brasil e Estados Unidos”, afirmou.
Trump impôs uma tarifa de 50% sobre várias exportações brasileiras para os Estados Unidos e o governo norte-americano aplicou sanções a autoridades brasileiras, entre elas punições financeiras ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), acusado por Washington de violar direitos humanos por meio da Lei Magnitsky.
Moraes é o relator no STF do processo em que o ex-presidente Jair Bolsonaro foi condenado a mais de 27 anos de prisão por tentativa de golpe de Estado. Trump classificou os processos judiciais contra Bolsonaro de “caça às bruxas”.
Também presente na coletiva após o encontro, o secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Márcio Rosa, disse que a questão envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro não foi mencionada no encontro.
Reportagem distribuída pela Reuters
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