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Sem ajuste fiscal, dívida dos EUA pode atingir nível insustentável, alerta estudo

Levantamento foi publicado às margens do tradicional simpósio de Jackson Hole, promovido pelo Federal Reserve de Kansas City
Sem ajuste fiscal, dívida dos EUA pode atingir nível insustentável, alerta estudo
Foto: Chris Wattie / File Photo / Reuters

Se o ajuste fiscal dos Estados Unidos for adiado, a dívida pública da maior economia do mundo pode se tornar “insustentável”. O alerta é de um estudo publicado às margens do tradicional simpósio de Jackson Hole, promovido pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano) de Kansas City.

Os economistas Adrien Auclert, Hannes Malmberg, Matthew Rognlie e Ludwig Straub calculam que, em 2100, os EUA poderiam sustentar uma relação dívida versus o Produto Interno Bruto (PIB) de 250% com as mesmas taxas de juros de hoje. Isso significa mais do que dobrar a proporção atual, de cerca de 120%.

No entanto, para isso, os EUA precisam fazer um ajuste fiscal da ordem de 10% do PIB ou mais, dizem os autores do estudo, apresentado em Jackson Hole, neste sábado. “Quanto mais esse ajuste for adiado, mais a oferta de dívida governamental supera sua demanda, eventualmente tornando a dívida governamental insustentável”, alertam os autores, no documento.

Os economistas introduziram uma abordagem de oferta e demanda de ativos no intuito de analisar as implicações da mudança demográfica para a sustentabilidade fiscal. O estudo se baseou em dados entre os anos de 1950 até o momento.

“Por um lado, uma população envelhecida aumenta os gastos do governo com saúde e pagamentos de seguridade social. Por outro lado, uma população mais velha demanda mais dívida governamental Isso implica que há espaço para o governo financiar seus gastos adicionais aumentando sua dívida”, avaliam os autores.

Para o futuro, eles acreditam que o envelhecimento populacional continuará a aumentar a demanda por ativos, mas nos níveis atuais de impostos e benefícios, isso impulsiona ampliações ainda maiores na dívida pública americana devido aos custos crescentes de benefícios sociais. “Tornar a dívida sustentável requer uma consolidação fiscal de pelo menos 10% do PIB, mas a dívida poderia atingir 250% do PIB sem elevar as taxas de juros”, concluem.

Reportagem distribuída pela Estadão Conteúdo

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