Gol é alvo de ação por acidente com idosa

São Paulo – A Gol está no meio de uma batalha judicial com a família de uma idosa de 86 anos que se acidentou durante o desembarque de um voo da companhia aérea no aeroporto de Congonhas, em São Paulo. O caso aconteceu no fim de junho, quando a aposentada Lucy Abreu Campos voltava de Recife (PE), onde passara dez dias com parentes em ocasião do enterro da irmã mais velha.
Segundo o processo, ao comprar os bilhetes, a filha da idosa, Andrea Campos, contratou o serviço de acompanhamento da companhia para a passageira, na ida e na volta.
No último trecho da viagem, no entanto, o serviço não teria sido prestado. No processo, a Gol afirma que a idosa não aguardou um funcionário para auxiliar no desembarque, o que teria sido a causa do acidente.
Ao sair da aeronave sem acompanhante e descer a escada móvel, Lucy perdeu o equilíbrio e caiu na pista, sofrendo traumatismo cranioencefálico e lesões no rosto e no corpo.
A família alega negligência da empresa e move uma ação judicial na qual pede que a companhia ressarça despesas médicas resultantes do agravamento do estado de saúde da idosa desde o incidente, que deixou sequelas irreversíveis, como perda da fala e redução das capacidades motoras.
Os familiares de Lucy pedem ainda uma indenização por danos morais de ao menos R$ 200 mil.
De acordo com os autos, a senhora foi socorrida no ato do acidente pelo atendimento médico da Infraero e, em seguida, encaminhada a um hospital municipal no bairro do Jabaquara (zona sul de São Paulo), onde passou 125 dias internada, incluindo o total de dois meses na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI).
A filha da idosa disse que a Gol entrou em contato, por e-mail, três dias após a queda e ofereceu R$ 15 mil como compensação pelo acidente, com a condição da família não se manifestar mais sobre o assunto, proposta que foi recusada.
Segundo relatórios médicos anexados ao processo, a idosa estaria apta a receber alta no início de setembro, sob a condição de continuidade do tratamento em home care (assistência domiciliar de saúde).
“(A idosa) perdeu de forma irreversível sua consciência plena, estando em estado de total dependência de cuidados básicos e especiais de terceiros, recebendo alimentação de sonda, sem mobilidade, em situação de total vulnerabilidade, e não conseguirá sobreviver sem cuidados e estrutura específicos para suas condições”, diz um dos boletins.
Foi quando a família entrou na Justiça. A Gol recorreu, mas a juíza Rosana Moreno Santiso, da 3ª Vara Cível do Fórum Regional de Pinheiros, determinou em liminar que a empresa cubra os gastos de cerca de R$ 52 mil referentes a um mês de home care, enquanto o recurso estiver sendo julgado.
O valor só foi depositado em juízo em meados de outubro, período em que a idosa já tinha tido nova piora, com o desenvolvimento de pneumonia e infecção hospitalar, o que impossibilitaria a transferência para o home care já montado em casa.
Assim, permaneceu internada até a última sexta-feira (25), quando foi transferida para um hospital particular, conveniado da empresa de home care. A família diz que não sabe se a idosa chegará a receber alta, devido à complexidade do seu estado de saúde.
Contestação – A Gol afirma, no processo, que a idosa não aguardou o auxílio para o desembarque, o que teria sido a causa do acidente. A companhia diz que a representante legal da idosa “tenta a todo custo enriquecer-se às custas da Gol”.
“A empresa espera que os pedidos sejam julgados improcedentes, extinguindo o processo com julgamento de mérito”, diz a defesa.
Procurada pela reportagem, a Gol não comentou o caso. Para o advogado Washington Fonseca, sócio do escritório NHMF, a juíza concedeu a liminar para impedir que um eventual direito da paciente fosse lesado. “A decisão definitiva, de mérito, ainda não foi dada. Vai depender de qual das versões(a da família da paciente ou a da companhia) ficar comprovada”, diz. (Folhapress)
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