Igreja da Boa Viagem é oficialmente o ‘marco zero’ de Belo Horizonte; entenda

A Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) reconheceu, nesta quarta-feira (24), a Igreja Nossa Senhora da Boa Viagem como o “marco zero” de Belo Horizonte. Isso significa que a localização geográfica da igreja foi oficializada como o ponto de origem do povoado de Curral Del Rei, arraial que deu início à capital mineira.

O projeto que foi aprovado por unanimidade em segundo turno na Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH) no mês de junho recebeu a sanção do prefeito Fuad Noman (PSD) nessa terça-feira (23), sendo publicado na forma da Lei 11.724 nesta quarta.

Na justificativa da proposta que originou o lei, o vereador Sergio Fernando Pinho Tavares (PL) diz que “o local onde se encontra edificada a Igreja de Nossa Senhora da Boa Viagem […] representa um museu vivo da história da cidade”.

Nas redes sociais, o vereador comemorou a novidade. “Estou muito feliz em dizer que, hoje, o nosso ponto de origem, que expressa o valor de onde nasceu o município, foi reconhecido. Aqui, em Belo Horizonte, estudos apontam que esse ponto de origem é onde fica a Igreja Nossa Senhora de Boa Viagem, cujo complexo arquitetônico faz parte do patrimônio cultural e artístico de Belo Horizonte”, disse.

Ele também ressalta que o reconhecimento vai além de uma oficialização: “É uma reparação histórica aos primeiros habitantes da capital mineira. Uma forma de valorizar a nossa riqueza cultural, religiosa e arquitetônica”, conclui.

Igreja celebra conquista e relembra origem do templo

Nas redes sociais, a Igreja de Nossa Senhora da Boa Viagem que, por décadas, foi a catedral da cidade – título agora atribuído à nova Catedral Cristo Rei – comemorou a sanção da lei.

“Foi em torno do adro da antiga igrejinha de pau a pique construída por Francisco Homem, no século XVIII – para abrigar a imagem de Nossa Senhora da Boa Viagem, por ele trazida de Portugal – que os tropeiros, migrantes e viajantes se reuniam, escoando o ouro das Minas, tocando gado até o Curral de El Rey”, diz a publicação.

Segundo a igreja, os viajantes tinham o costume de trazer suprimentos para as fazendas e faziam da região um local para descanso e moradia. “Do encontro da fartura da cozinha das fazendas – na qual um pouco mais de água no ensopado permitia acolher à mesa mais um inesperado conviva – com o feijão, a farinha, o charque e o torresmo, trazidos secos nos alforjes dos tropeiros, se formou a culinária mineira, já reconhecida por muitos como patrimônio imaterial do Estado e do País e que hoje atrai inúmeros turistas à nossa Capital”.

Relembre a história da Igreja Nossa Senhora da Boa Viagem

Segundo os registros do Museu Histórico Abílio Barreto (MHAB) e do Arquivo Público da Cidade de Belo Horizonte (APCBH), o povoado foi renomeado para Belo Horizonte em 1890, no entanto, sua origem é de 1709 quando foi erguida a freguesia de Nossa Senhora da Boa Viagem do Curral Del Rey.

“A foto mais antiga que se tem registro do templo dedicado à Nossa Senhora da Boa Viagem é de 1894. Naquela época, foram surgindo fazendas no entorno da capela e, com o passar dos anos, foram abertas ruas e avenidas. A construção original da igreja foi demolida ainda na década seguinte, não restando nenhum vestígio”, explica o historiador e geólogo Mauro Luiz Kubitschek.

Após isso, segundo ele, uma segunda igreja foi erguida. “Ela teve a sua pedra fundamental enterrada em frente à construção atual no ano de 1910. Já o nome da santa se dá ao fato de que ela, ao ser trazida para o Brasil, abençoou os viajantes durante a travessia pelo oceano Atlântico até chegar ao arraial”, reconta.