Legislação

PF prende militares que teriam planejado golpe e assassinato de Lula e Alckmin; veja quem são

O plano também incluía a execução de um ministro do Supremo, que era monitorado continuamente, caso o golpe fosse consumado
Atualizado em 19 de novembro de 2024 • 10:20
PF prende militares que teriam planejado golpe e assassinato de Lula e Alckmin; veja quem são
Luiz Inácio Lula da Silva ao lado de Geraldo Alckmin e Alexandre de Moraes na cerimônia de diplomação de Lula e Alckmin como presidente e vice-presidente eleitos em dezembro de 2022 | Crédito: REUTERS/ Ueslei Marcelino

A Polícia Federal prendeu nesta terça-feira (19), um general reformado, ex-integrante do governo Jair Bolsonaro, e três “kids pretos” (integrantes das Forças Especiais do Exército Brasileiro) por supostamente planejarem um golpe de Estado para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e “restringir o livre exercício do Poder Judiciário”.

As diligências fazem parte da Operação Contragolpe, que identificou um “detalhado planejamento operacional” chamado “Punhal Verde e Amarelo”, previsto para ser executado em 15 de dezembro de 2022, com o assassinato de Lula e do vice-presidente da República, Geraldo Alckmin.

O plano também incluía a execução do ministro do Supremo, Alexandre de Moraes, que era monitorado continuamente, caso o golpe fosse consumado.

Foram presos:

  • Hélio Ferreira Lima – militar com formação em Forças Especiais, os ‘kids pretos’;
  • Mário Fernandes – general reformado que foi secretário executivo da Presidência da República no governo Bolsonaro e hoje é assessor do ex-ministro e deputado federal Eduardo Pazuello;
  • Rafael Martins de Oliveira – militar com formação em Forças Especiais, os ‘kids pretos’;
  • Rodrigo Bezerra de Azevedo – militar com formação em Forças Especiais, os ‘kids pretos’;
  • Wladimir Matos Soares – policial federal.

O Estadão busca contato com os investigados e seus advogados e deixou espaço aberto para manifestações.

Operação investiga golpe de Estado

Os agentes ainda vasculharam três endereços e deram cumprimento a 15 medidas cautelares diversas da prisão – proibição de manter contato com os demais investigados; proibição de se ausentar do país, com entrega de passaportes no prazo de 24 horas; e a suspensão do exercício de funções públicas.

As diligências foram realizadas no Rio de Janeiro, Goiás, Amazonas e Distrito Federal.

A Operação investiga supostos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, Golpe de Estado e organização criminosa. O Exército acompanhou as diligências em razão da participação de militares na quadrilha sob investigação.

A Polícia Federal identificou que a quadrilha sob suspeita – formada, em sua maioria, por militares com formação em Forças Especiais – “se utilizou de elevado nível de conhecimento técnico militar para planejar, coordenar e executar ações ilícitas nos meses de novembro e dezembro de 2022”.

“O planejamento elaborado pelos investigados detalhava os recursos humanos e bélicos necessários para o desencadeamento das ações, com uso de técnicas operacionais militares avançadas, além de posterior instituição de um “Gabinete Institucional de Gestão de Crise”, a ser integrado pelos próprios investigados para o gerenciamento de conflitos institucionais originados em decorrência das ações”, indicou a PF.

Operação traz peças sobre participação de núcleo de Bolsonaro em golpe

* Por Sofia Aguiar (enviada especial) e Gabriel Vasconcelos

O ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Paulo Pimenta, afirmou que a Operação Contragolpe da Polícia Federal desta terça-feira (19), traz elementos “extremamente graves” sobre a participação de pessoas do núcleo do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro na tentativa de golpe contra o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva.

Na avaliação do ministro, o episódio do 8 de janeiro de 2023 não tratava de pessoas que estavam protestando de forma democrática.

“Nós consideramos que essa investigação da Polícia Federal traz elementos novos sobre a questão do golpe, da tentativa de golpe que aconteceu no País”, disse Pimenta a jornalistas nesta terça-feira durante reuniões que acontecem por conta da cúpula de líderes das 20 maiores economias do globo (G20), no Rio de Janeiro.

Para o ministro, a operação mostra que há “elementos bastante concretos” de que havia um plano para atingir diretamente Lula, o agora vice-presidente Geraldo Alckmin e o então presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes.

“Isso acaba colocando por terra qualquer discurso de que as pessoas estavam lá no dia 8 de janeiro, de forma democrática, protestando”, comentou Pimenta. “Nós estamos falando de uma ação concreta, objetiva, que traz elementos novos, extremamente graves, sobre a participação de pessoas do núcleo de poder do governo Bolsonaro no golpe que tentaram executar no Brasil, impedindo a posse do presidente e vice-presidente eleito”, acrescentou.

Pimenta, então, cobrou seriedade na investigação. “Essa investigação precisa ser levada às últimas consequências para que realmente todos aqueles que atentam contra a democracia sejam identificados e paguem por esse crime, porque a sociedade precisa definitivamente compreender que o crime contra a democracia é algo que não pode ser tolerado”, exigiu. “Por isso que a gente não pode falar em anistia e não pode falar em impunidade.”

Ele citou episódios violentos e alegou uma ligação entre eles, tais como o suposto plano, o acampamento em quartéis antes da posse presidencial de Lula, os ataques de 8 de janeiro de 2023 e atos radicais que aconteceram em Brasília em 12 de dezembro de 2022.

“Esses fatos são fatos que se relacionam entre si. Os personagens são os mesmos. Os mesmos personagens que financiaram a presença dos acampados na frente dos quartéis estão envolvidos também nesses episódios”, disse o ministro. “Há uma relação entre os financiadores, os que programaram, os que planejaram as ações criminosas e eles precisam responder por isso e essa operação da Polícia Federal hoje é muito importante”, comentou.

* Reportagem distribuída pelo Estadão Conteúdo

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