PGR é contra policiais dentro da casa de Bolsonaro, mas defende ‘incremento’ na segurança

– O procurador-geral da República, Paulo Gonet, se posicionou nesta sexta-feira (29) contrariamente à sugestão feita pelo chefe da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, de colocar policiais dentro da casa do ex-presidente Jair Bolsonaro, mas defendeu o “incremento” nas ações de segurança.
Em manifestação enviada ao Supremo Tribunal Federal (STF), Gonet reconhece que as circunstâncias recomendam precauções contra iniciativas de fuga, destacando que o caso fica “ainda mais acentuado” diante do julgamento por tentativa de golpe de Estado — com Bolsonaro como o principal réu — que se inicia daqui a alguns dias.
Mas o procurador-geral disse que, no momento, não precisaria haver o ingresso de agentes dentro da casa do ex-presidente, citando também questões de privacidade. Ainda assim, apoia uma vigilância maior na área externa, como uma maior presença na rua do condomínio onde se encontra a casa e também na saída do condomínio.
“Quanto à parte da área descoberta da propriedade, que apresenta maior exposição ao risco referido pela autoridade policial, a Procuradoria-Geral da República não objeta a que receba atenção de vigilância, diferente da presença física continuada de agentes de segurança. Esses agentes, porém, devem ter o seu acesso a essas áreas livre de obstrução, em caso de pressentida necessidade”, disse Gonet.
“O monitoramento visual não presencial, em tempo real e sem gravação, dessa área externa à casa contida no terreno cercado, também se apresenta como alternativa de cautela, segundo um prudente critério da polícia, num juízo sobre a sua indispensabilidade”, ressaltou.
O reforço na segurança feita a Bolsonaro foi determinado após o líder do PT na Câmara, deputado Lindbergh Farias (RJ), afirmar à Polícia Federal que havia risco de fuga de Bolsonaro, que está em prisão domiciliar e na semana que vem começará a ser julgado pela acusação de tentativa de golpe.
A PF havia pedido ao ministro do STF Alexandre de Moraes que autorizasse a presença de policiais dentro da casa de Bolsonaro para evitar risco de fuga do ex-presidente. A proposta havia sido feita pouco depois de Bolsonaro e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho dele, terem sido indiciados por ataques à soberania e tentativa de interferir no julgamento do processo por tentativa de golpe.
Caberá a Moraes decidir se aceita os pedidos de reforço da vigilância do ex-presidente. Bolsonaro está desde o dia 4 de agosto em prisão domiciliar após descumprimento de medidas cautelares.
Conteúdo distribuído Reuters
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