Legislação

Estádios poderão ser penalizados caso não ofereçam acessibilidade

Texto de advogado será apresentado à Câmara Municipal de BH para exigir fiscalização diante do descumprimento de regras legislativas
Estádios poderão ser penalizados caso não ofereçam acessibilidade
Segundo advogado, Arena Independência, no bairro Horto, na zona Leste de Belo Horizonte descumpre regras de acessibilidade | Crédito: Arena Independencia/Reprodução Facebook

A falta de acessibilidade para pessoas com deficiência física ainda é uma realidade em arenas e estádios de futebol pelo Brasil. Em Belo Horizonte, um exemplo recente é o da Arena Independência, no bairro Horto, na zona Leste de Belo Horizonte, cuja infraestrutura não está adaptada. Foi lá também que um torcedor cruzeirense e tetraplégico, Hélio Marcolino de Abreu, morador da Capital, enfrentou dificuldades de locomoção para acompanhar uma partida de futebol.

Apesar de já existirem normas e legislação que ditam regras de acessibilidade nos estádios, elas não são devidamente cumpridas e não possuem penalidade civil, conforme explica o advogado Paulo Henrique Meira.

Meira defende que é preciso urgência na fiscalização dos equipamentos esportivos, além de se fazer necessária a promoção de mudanças nas leis e regulamentos que regem a acessibilidade. “A falta de fiscalização e a brandura das leis vigentes têm colocado em risco a dignidade e o bem-estar dos torcedores PCD (Pessoa com Deficiência)”, diz.

O advogado, aliás, elaborou uma lista com algumas medidas necessárias e cabíveis para que os parlamentares possam votar um projeto de lei que estabeleça medidas efetivas e fiscalização rigorosa. “Na Arena Independência, onde os torcedores PCDs deveriam encontrar acessibilidade, eles têm vivenciado situações de dificuldade e exclusão. O incidente no Independência é apenas um exemplo alarmante que ilustra a urgência de ações concretas para reverter a falta de preparo e acessibilidade dos estádios”, aponta.

Intensão não é apenas de evitar situações lamentáveis, diz advogado

Na Legislação Municipal, conforme apurado pelo DIÁRIO DO COMÉRCIO, existe a Lei 11.416, instituída pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), em 2022. Denominada de Lei Municipal de Inclusão da Pessoa com Deficiência e da Pessoa com Mobilidade Reduzida, o regulamento prevê a obrigatoriedade de sinalizações, piso tátil, rampas, vagas de estacionamento, inclusão em postos de trabalho e de estágio em estádios, arenas, lojas e escolas. No entanto, o advogado Paulo Henrique Meira propõe uma série de medidas, bem como a imposição de penalidades civis significativas para aqueles que descumprirem as regras estabelecidas.

Dentre as propostas do projeto de lei está, segundo Meira, a necessidade de “uma fiscalização mais rigorosa com o estabelecimento de um órgão público dedicado à fiscalização da acessibilidade nos estádios, com autoridade para impor sanções e exigir a conformidade com as normas”, diz e de “penalidades significativas com uma imposição civil com multa a partir de 30 salários mínimos para qualquer estádio que descumprir as regras de acessibilidade”, sugere.

Segundo o advogado, a intenção é de entregar um documento com as sugestões para projeto de lei para os parlamentares da Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH) até o fim do mês de outubro.

Arena Indenpendência

Em março de 2022, o governo de Minas, por meio da Secretaria de Estado de Infraestrutura e Mobilidade (Seinfra), publicou um decreto de caducidade do contrato de concessão do Estádio Independência, firmado com a empresa Luarenas. O motivo da rescisão unilateral, até então, foi o não pagamento ao poder público, desde 2015, dos valores devidos pelo uso do estádio, que já somam R$ 36 milhões.

No anúncio de recisão do contrato, o governo do Estado afirmou ter realizado “uma completa modernização da estrutura nas áreas esportivas, vestiários, centro médico e sala de imprensa”, mas sem menções à acessibilidade na arena. No local, também foi estruturada a distribuição de bares, lojas e elevadores ao longo dos corredores, salas administrativas e operacionais, além de automação predial. Situação bastante diferente do antigo estádio Independência assumido à época pelo governo estadual. Antes, o local possuía uma estrutura precária e foi transformado em uma arena multiuso com capacidade para aproximadamente 23 mil pessoas, tendo em vista a realização de megaeventos de futebol.

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