Organizadores da Stock Car em BH questionam corte de 5 mil árvores na área da UFMG

Os organizadores do BH Stock Festival acionaram o Ministério Público Federal (MPF) e o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) na última segunda-feira (8), contra a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Os responsáveis pela realização da etapa da Stock Car Pro Series em Belo Horizonte alegam que cerca de 5 mil árvores foram cortadas na área da universidade nos últimos 22 anos.
Em nota enviada ao Diário do Comércio, o CEO da Speed Seven – uma das empresas responsáveis pelo evento –, Sérgio Sette Câmara, explica que a ação ocorreu após eles notarem algumas diferenças entre as fotografias aéreas do local tiradas em 2002 e aquelas feitas em 2024. Por isso, os organizadores contrataram uma empresa para verificar o ocorrido e se houve autorizações para as supressões.
“Diante da análise realizada, concluíram que, de 2002 para cá, houve a supressão de aproximadamente 5 mil árvores. No período da reitora atual, foram suprimidas cerca de 968 árvores, sem comprovação de compensação”, relata.
Após a conclusão da análise, os organizadores entregaram o laudo aos órgãos responsáveis. O documento foi feito por nove peritos, dentre eles engenheiros florestais, engenheiros ambientais, engenheiros agrônomos, biólogos e advogados ambientais.
“O laudo foi entregue ao Ministério Público Estadual e ao Ministério Público Federal para que possam apurar e, se realmente ocorreu esse tipo de supressão sem compensação, tomem as providências cabíveis contra os responsáveis”, completa.
Entenda o caso
Esta é mais uma fase do imbróglio envolvendo a UFMG e os organizadores a respeito da realização da corrida na capital mineira. O evento está previsto para acontecer entre os dias 15 e 18 de agosto. Toda a etapa de Belo Horizonte deverá ocorrer durante os próximos cinco anos, conforme previsto em contrato.
A denúncia dos organizadores seria uma reposta às investidas da universidade contra a realização do evento no entorno do Mineirão, que incluíram, também, o endosso à mobilização em torno do corte de árvores na região. Na última semana, a UFMG, por meio da Advocacia Geral da União (AGU), entrou com uma ação civil pública na Justiça Federal, alegando que o evento, marcado para acontecer entre os dias 15 e 18 de agosto, afetaria diretamente as atividades de ensino, pesquisa e extensão, com destaque para o Hospital Veterinário.
O que diz a UFMG
Em nota enviada à imprensa, a UFMG ressalta que não foi comunicada oficialmente a respeito de qualquer procedimento do tipo, portanto, não responde sobre o suposto corte de árvores. No entanto, a universidade aponta para o fato de a ação dos organizadores da Stock Car BH ocorrer logo após a instituição entrar com a ação civil pública contra possíveis ilegalidades, irregularidades e não conformidades da corrida na Capital.
Veja a nota, na íntegra:
“A respeito da suposta denúncia dos organizadores da Stock Car BH contra a Universidade Federal de Minas Gerais e sua Reitora, a UFMG esclarece que ainda não foi comunicada oficialmente sobre a instalação de qualquer procedimento. Como instituição pública que cumpre com suas obrigações e tem forte compromisso social, permanece à disposição para prestar os esclarecimentos sobre suas ações, sempre que solicitados pelas autoridades competentes.
No entanto, chama a atenção o fato de que, logo após a propositura de ações pela Advocacia Geral da União e pelo Ministério Público Federal contra as ilegalidades, irregularidades e não conformidades da corrida em Belo Horizonte, a Universidade tenha recebido, por meio da imprensa, a notícia de ter sido dirigido ao Ministério Público um pedido de apuração contra a UFMG e sua Reitora.
O requerimento desvela a índole de seus artífices e denota uma tentativa de intimidação, característica daqueles que não sabem lidar com divergências e frequentemente não medem os meios para atingir os fins. Cortinas de fumaça não dispersarão o debate legítimo sobre a inconveniência da realização da prova nas imediações do Campus da Universidade. Na iminência da celebração do centenário da UFMG, a Instituição é mais uma vez chamada a defender seus valores e, nesse sentido, seguirá altiva sem temer supostas coações, ainda que travestidas de peça com verniz jurídico”.
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