Arquitetas Nômades: empreendedora mineira aposta em moradia digna

Atender a uma causa social, melhorando a vida das pessoas e, ainda assim, ser um negócio rentável é o grande desafio dos negócios de impacto. A moradia digna é a causa da arquiteta e empresária Amanda Carvalho, fundadora do Arquitetas Nômades, em São João del-Rei, no Campo das Vertentes, voltada para a arquitetura social.
Criada em 2017, a empresa busca inovação, transformação social e desempenho financeiro, adotando estratégias diversas de captação de recursos, como rifas, financiamento coletivo e subsídios, para promover a construção e reforma de casas de famílias em situação de vulnerabilidade social.
“Venho de uma família de comerciantes e estava sempre envolvida nos negócios desde muito nova. Com isso, aprendi a importância de ter o meu próprio dinheiro. Na época do vestibular, me encantei com a arquitetura e, ao longo do curso, não pensava em empreender. Foi a partir de uma premiação que me levou ao Vale do Silício que a ideia do Arquitetas Nômades surgiu”, relembra Amanda Carvalho.
A virada de chave levou a arquiteta por uma longa trilha de conhecimento, com capacitações e participação em programas de aceleração dentro e fora do Brasil. Isso contribuiu para a construção do atual modelo de negócio, dividido em duas vertentes:
- B2C (business to consumer): voltado para famílias com alguma capacidade de financiamento.
- B2B (business to business): voltado para empresas com interesse em financiar projetos de alcance social.
“Ainda precisamos explicar que um negócio social não é filantropia. No interior, precisamos provar que a demanda existe para conquistar parceiros. Isso só começou a acontecer a partir de 2021. No início, eram rifas e financiamentos coletivos para levar o projeto adiante.”
Recentemente, a empreendedora venceu as etapas Minas e Sudeste do Prêmio Mulheres de Negócios do Sebrae, na categoria Pequenos Negócios. Em outubro, participará da etapa nacional, em Florianópolis (SC).
A maior parte das famílias atendidas pelo Arquitetas Nômades é chefiada por mulheres. A empresa já desenvolveu mais de 30 projetos de arquitetura social em cidades como Barão de Cocais, Ouro Branco, Ouro Preto e João Monlevade, na região Central; Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH); além do Morro do Papagaio, na Capital, e em São João del-Rei.
A arquitetura social atende de forma direta, pelo menos, a três Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) previstos pela Organização das Nações Unidas (ONU) desde 2015:
- Objetivo 3. Saúde e bem-estar: assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todas e todos, em todas as idades;
- Objetivo 10. Redução das desigualdades: reduzir a desigualdade dentro dos países e entre eles; e
- Objetivo 11. Cidades e comunidades sustentáveis: tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis.
Nesse último ODS, a ligação é explícita já no primeiro subitem: “Até 2030, garantir o acesso de todos à habitação segura, adequada e a preço acessível, e aos serviços básicos, e urbanizar as favelas.”
Nesse sentido, o Arquitetas Nômades está alinhado ao Movimento Minas 2032 – pela transformação global. Liderado pelo Diário do Comércio, o MM2032 propõe uma discussão sobre um modelo de produção duradouro e inclusivo, capaz de ser sustentável, e o estabelecimento de um padrão de consumo igualmente responsável, com base nos ODS.
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